A doença de Parkinson, condição neurológica degenerativa que afeta preferencialmente os idosos, acomete, por ano, cerca de 20 indivíduos a cada 100 mil. É uma das mais comuns doenças neurológicas e o número de pessoas acometidas deve aumentar ainda mais com o atual processo de envelhecimento da população.
Nos últimos anos, a ciência tem entendido como nunca que a doença de Parkinson vai muito além dos conhecidos sintomas motores classicamente associados à enfermidade, como tremor, rigidez e lentidão dos movimentos e instabilidade postural. Quando um indivíduo chega a apresentar esses sintomas motores, o cérebro, na verdade, já apresenta um estado avançado de alterações neuropatológicas. Alguns sintomas têm sido identificados vários anos antes dessa fase motora: redução do olfato, constipação e sintomas gástricos, disfagia, urgência urinária, disfunção sexual, transtornos do sono, depressão e outros transtornos neuropsiquiátricos.
Já podemos contar com medicações que são capazes de melhorar os sintomas e a qualidade de vida de portadores de doenças degenerativas do cérebro, como é o caso da doença de Parkinson. Entretanto, essas doenças são progressivas e, infelizmente, ainda não existem terapias capazes de mudar o curso natural do processo degenerativo. Muito tem se investido para o desenvolvimento de diagnósticos cada vez mais precoces para que, quando dispusermos de terapias que efetivamente consigam frear a evolução da doença, possamos atuar antes que muitos neurônios já tenham sido perdidos. Enquanto isso não acontece, diagnóstico precoce significa tratamento precoce e melhor qualidade de vida para quem sofre da doença.
Calcula-se que, já na próxima década, um quarto das mortes e casos de incapacidade nos países industrializados será causado por doenças neurológicas. Iniciativas de educação à comunidade leiga de como reconhecer essas doenças e de quando vale a pena procurar o médico são muito importantes. Jornalistas e profissionais da saúde, nem todos eles, evitam usar o termo mal de Parkinson, já que o uso da palavra “mal” está na contramão da desestigmatização de doenças como Parkinson e Alzheimer.
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília