Atriz com vasto currículo, Ana Flávia Cavalcanti parece ter se encontrado no streaming. A artista, que está no elenco da atual temporada de Sob pressão, também se prepara para o lançamento da original Star , Santo maldito, uma série sobre o universo da fé e os caminhos que ela leva.
Seja com Diana em Sob Pressão, Maria Clara em Santo maldito, ou em qualquer outro papel que teve na carreira, o que importa é atuar. Ana briga pelo espaço como artista no país e faz duras críticas à forma como a arte tem sido tratada.
Em entrevista à Revista, a atriz fala sobre a carreira, o Brasil e o streaming que "não supre, mas completa" a vida dela como artista. "As narrativas são muitas e precisamos de espaço para nós as expormos com mais recurso e autoridade", pontua Cavalcanti.
Qual a importância de estar em
uma produção de um streaming
do calibre da Star ?
Eu amo todos os trabalhos que realizei até o momento. Tenho muito orgulho e sei o privilégio que é viver como atriz em um país que a cada dia que passa ignora mais seus artistas. Participar de uma série da Star me traz ainda mais satisfação, pois trabalhei com atores incríveis e uma equipe muito profissional e atenta a todos os detalhes, foi realmente maravilhoso.
A sua série vai ser mais uma produção brasileira com muito investimento no streaming. Como você vê a produção audiovisual
do país recentemente?
A produção audiovisual está nos mantendo de pé. Tivemos um super avanço durante os governos de Lula e Dilma nos investimentos para a produção do cinema nacional, e isso nos projetou muito fortemente em festivais internacionais pelo mundo todo. Já o atual presidente não apenas aniquilou o Ministério da Cultura, como também desconsidera a existência desse mercado tão ativo, que gera tanto emprego, como o audiovisual. Se não fossem os produtos de streaming, estaríamos ainda mais abandonados.
Mesmo tendo destaque em plataformas, o Brasil passa por um processo de sucateamento na cultura. Por que há uma distância tão grande na forma como o Brasil é visto e se trata?
Eu sinto que, sobretudo, há um desinteresse do governo federal. É muito triste observar que construímos uma carreira muito potente e brilhante nos últimos 15, 20 anos nas produções audiovisuais e que, agora, corremos o risco de, por exemplo, não estarmos em muitos desses festivais internacionais e nacionais e, consequentemente, menos ainda em salas de cinema, por falta de produção de recurso e de investimento em arte e cultura. Já vivemos isso no passado, por isso, este ano de eleição presidencial é um momento-chave. São nas urnas que podemos mudar esse triste cenário.
Com o espaço para os artistas sempre na área privada, existe, para você, um afastamento do público maior com o trabalho dos atores?
Não acho que o público se afastou, não. Acho o público sempre ávido, interessado, e os modelos são mutáveis mesmo, isso faz parte do momento do mundo em que estamos inseridos. Agora, por exemplo, temos uma forte produção de conteúdo pessoal para as plataformas de redes sociais e isso também gera renda, trabalho, prazer e comunicabilidade. O que eu considero um prejuízo é termos poucas opções, pois, nesses momentos escassos, é quando o cerco fecha. É importante mantermos políticas públicas que contemplem narrativas dissidentes, corpos não binários, relações não normativas, pois esse leque aberto é muito mais potente e vibrante.