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Conheça as melhores raças de cães e gatos para pessoas alérgicas

Ser alérgico não é sentença impeditiva para os tutores terem animais de estimação. Com uma seleção cuidadosa, é possível conviver com os peludos

Alergias são comuns, acometem 40% da população mundial, segundo dados da Organização Mundial de Alergia (WAO). Em vários casos, pode ser um impedimento para preparos com alguns ingredientes e pode gerar dificuldades no dia a dia. No entanto, o mais sacrificante, para quem gosta de animais, é ficar longe dos peludos. Mas, diferentemente do que se pensa, o alérgico pode, sim, adotar, um amigo de quatro patos. Basta escolher uma raça hipoalergênica, ou seja, com menor potencial para gerar reações.

O médico alergista do Hospital Brasília Alexandre Ayres explica que não é somente a pelagem de cães e gatos que causam alergia e que a reação é particular de cada indivíduo. O que pode desencadear uma resposta do corpo são descamação do couro, saliva, contato com a urina e outros líquidos corpóreos do pet. Por isso, antes de assumir se a alergia é ou não causada por algum fator, é essencial uma consulta com um médico especialista para avaliação adequada.

As diferenças de características entre as raças podem ser aliadas na escolha por um animal. A médica veterinária Ana Soares explica que, justamente pelos diferentes hábitos e organismos, algumas raças podem predispor mais ou menos a causar o incômodo nas pessoas. No caso dos cães, os que menos causam alergia são o bichon frisé, poodle, border terrier e cão de crista chinês, mas a profissional afirma que outros também podem ter essas características.

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Como representantes dos felinos, a raça de gatos sphynx, o gato pelado canadense e o siamês, incluindo alguns de seus descendentes mestiços, são as mais indicadas, segundo Ana, por terem características fisiológicas que favorecem, como menor frequência de lambedura e baixa produção de algumas proteínas na saliva comumente associadas a alergias.

Alérgico, Higor de Lima se casou com Júlia Rocha, apaixonada por gatos. O sonho de Júlia sempre foi ter o animal em casa, mas sabia que seria difícil, devido ao impedimento do marido. Após muitas pesquisas, descobriu que era possível ter um felino em casa, desde que tomando certos cuidados e selecionando um animal hipoalergênico. Comentando com amigos sobre o desejo de adotar um bichano hipoalergênico, descobriu um siamês que vivia na rua e decidiu dar um lar para o pequeno.

No começo, por precaução, o casal mantinha a porta do quarto onde dormiam fechada para ter um espaço "livre de alergia". Com o tempo, porém, perceberam que Linus Pauling, como foi nomeado pelo casal de químicos, não causava tanta reação em Higor. "Reparei que os sinais alérgicos eram menores com Linus do que com outros gatos de amigos", conta Júlia. Nos primeiros dias, os espirros eram frequentes, mas, atualmente, o organismo do marido está melhor acostumado e não costuma ter reações, o que os levou a, inclusive, permitir o acesso do bichano ao quarto.

Arquivo pessoal - Linus Pauling, gato siamês com baixo potencial alergênico adotado pelo casal Júlia Rocha e Higor de Lima.

O alergista Alexandre Ayres informa que não ocorrerá desse modo com todos os alérgicos, mas que há alguns fatores que podem auxiliar. Ele explica que existem algumas pesquisas que trazem boas perspectivas, como uma exposição precoce ser importante para um menor risco de sensibilidade. O médico reforça, porém que tudo é relativo e depende de cada paciente.

Apesar de existirem particularidades, animais com pelos mais longos devem ser evitados, pois são os com maior propensão a desencadear reações alérgicas. A veterinária dermatologista Gláucia Pereira cita como exemplos dessas raças shih-tzu, yorkshire, maltês, lhasa apso e os gatos persas. Também recomenda que, nesses casos, exista um maior cuidado com a limpeza do ambiente, para não acumular pelos, e a higiene desses animais, diminuindo a presença de outros alérgenos.

Um alerta importante feito pela profissional é relacionado aos gatos persas. Além de estarem no topo do pódio dos que causam mais alergias, são portadores assintomáticos da infecção fúngica dermatofitose, que é uma antropozoonose, ou seja, pode ser transmitida para humanos. "Qualquer alteração imunológica pode predispor o aparecimento de fungos nessa raça específica e nos exóticos, que são descendentes deles", afirma. Para evitar essas alterações, recomenda os cuidados básicos para uma boa imunidade, pois, assim, não deve ocorrer o aparecimento oportunista do fungo.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

Arquivo pessoal - Linus Pauling, gato siamês com baixo potencial alergênico adotado pelo casal Júlia Rocha e Higor de Lima.
Arquivo pessoal - Linus Pauling, gato siamês com baixo potencial alergênico adotado pelo casal Júlia Rocha e Higor de Lima.