Bate-papo

Uma conversa sobre moda e carreira com a modelo Ana Carolina Jorge

Descoberta no Menina Fantástica, a top vem se destacando em trabalhos nacionais e no exterior. Nesta entrevista, conta como anda a rotina de trabalhos, os estudos e sua marca de roupas

O talento da modelo Ana Carolina Jorge foi revelado em 2008 no concurso Menina Fantástica, apresentado pelo programa Fantástico, da Rede Globo. Desde então, ela vem construindo uma carreira sólida. Nos 10 anos que passou no exterior, foi a cara de marcas como Guess, Swarovski e Bloomingdales. Estudou fashion design em Milão e, atualmente, está à frente da loja de roupas Anacondawho.

Hoje, aos 30 anos, faz um balanço do voo da carreira: de Minas Gerais para o mundo. A dedicação como modelo e o interesse por moda e negócios faz Ana Carolina se destacar na frente das câmeras e atrás delas. Uma das mensagens que quer deixar é que modelar não é sinônimo de futilidade! Os profissionais do meio merecem ser reconhecidos pelo trabalho, conhecimento e esforços diários. Confira a entrevista.

Já são anos como modelo e uma carreira internacional consolidada. Como você contaria o começo dessa história para a Ana Carolina de mais de uma década atrás?

Fui descoberta no meu estado natal, Minas Gerais. Lembro que estava no terceiro ano do ensino médio quando o ônibus do concurso Menina Fantástica passou pela minha cidade. Quando isso aconteceu, conheci um scouter que me disse que eu tinha potencial para vencer o concurso, o que me levou a me inscrever. Logo de cara, fui uma das cinco finalistas do meu estado e assinei contrato com uma das maiores agências de modelo do Brasil!

Antes disso, eu pensava em seguir os passos do meu pai e me tornar médica, mas isso seria apenas para conquistar estabilidade financeira, já que a minha vontade sempre foi de viajar, trabalhar com pessoas criativas, aprender outras línguas, exercitar a minha criatividade… E foi esse caminho que escolhi quando me tornei modelo.

Aliás, fico muito triste quando algumas pessoas se intitulam modelos para se referirem a outros tipos de atividades que não têm nada a ver com o que, de fato, é a profissão. Ser modelo é viver de moda, beleza e criatividade. É ouvir muitos nãos e alguns sins — e saber que os sins compensarão os nãos. É entender sobre luz, maquiagem, é saber mover-se em frente à câmera, desfilar seguindo um determinado estilo ou respeitando a proposta de uma marca. Ah, por último, mas não menos importante, também significa nunca se iludir com o glamour que nos é concedido esporadicamente.

Junto a conteúdos de lifestyle e saúde, você vem compartilhando seu lado fashion no Instagram. O interesse em estudar moda e gerar conteúdo do tipo veio por causa do trabalho como modelo?

O Instagram é uma ferramenta de trabalho muito eficiente, ainda que, antes, eu costumasse pensar nele apenas como uma forma de manter contato com os meus amigos e família. De início, postava como se fosse um álbum de fotos mesmo. Quando entrei para o curso de design de moda na Accademia del Lusso, em Milão, comecei a compartilhar o conteúdo que recebia nas aulas. Achei interessante o quanto isso despertava a curiosidade dos meus seguidores.

Um tempo depois, decidi renovar meu visto de trabalho e voltar a morar em Nova York. Lá, o mercado de moda é muito competitivo. Precisei trabalhar meu físico e malhar diariamente para atender ao padrão de beleza que a minha agência e as marcas nos Estados Unidos exigiam de mim. Passei, então, a gravar também meus treinos e postar de vez em quando a minha rotina de exercícios e hábitos alimentares. Mesmo assim, acho importante ter responsabilidade e ser autêntica e não ensinar ou indicar nada que não tenha sido válido para mim, sabe?

E quais são seus projetos na área?

Tenho trabalhado cada vez mais com marcas no Instagram. A criação de conteúdo digital já faz parte da minha rotina e é provável que continue assim. Além disso, eu penso em investir na minha loja on-line e explorar algumas habilidades que adquiri em cursos no Brasil e no exterior. O mais recente foi um de consultoria de imagem pessoal e corporativa no Belas Artes.

 

Divulgação - Para a modelo, no guarda-roupa, qualidade é durabilidade

Muito se fala sobre uma moda mais sustentável. Parece ser, inclusive, um dos assuntos que você mais tem afinidade. Que dicas daria para exercer essa filosofia na prática?

O mercado de segunda mão tem crescido muito, com destaque para a revenda de artigos de luxo, como bolsas e sapatos. Isso é interessante. Como consumidora, eu procuro investir em peças atemporais e de qualidade. As peças do slow fashion são aparentemente caras, mas, a longo prazo, essa diferença é compensada porque as peças têm, muitas vezes, maior qualidade e, consequentemente, maior durabilidade do que as peças do fast fashion.

E, para mim, desapegar faz mais sentido do que ficar entulhando peças no guarda-roupa. Por esse motivo, sempre que eu percebo que não vou mais usar uma roupa, já separo para fazer doação ou para vender em sites de artigos de segunda mão.

Como profissional que transita na frente das câmeras e nos bastidores do mundo fashion, como entende o que será do futuro da moda?

Parece que as pessoas estão mais conscientes da necessidade de tornar a indústria da moda mais sustentável. Acredito que o mercado de segunda mão deve continuar crescendo, o fast fashion se tornará impopular e as lojas que alugam looks serão mais bem aceitas pelos consumidores. No mais, a moda continuará cíclica. E continuará sendo arte para alguns e, para outros, futilidade.

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