Na direção dos rituais de cuidados com a pele que prezam por alternativas menos industrializadas, as argilas ganharam destaque entre as criadoras de conteúdo de beleza. E, se antes eram encontradas majoritariamente em lojas de produtos naturais, hoje são adquiridas com facilidade em farmácias e comércios locais.
Apesar da atual fama repentina, as máscaras de argila são consideradas as preparações mais antigas empregadas em tratamentos estéticos. Cleópatra, por exemplo, utilizava-as para conservar e destacar a pele do rosto. No entanto, por existirem poucos estudos sistemáticos que embasam seus efeitos terapêuticos, há quem duvide da eficácia. Afinal, esses compostos são, de fato, benéficos à pele?
Segundo a dermatologista Luanna Portela, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, sim! Isso porque as argilas são ricas em minerais que auxiliam na limpeza profunda da cútis. Entre os benefícios terapêuticos, é possível citar as ações antisséptica, analgésica, bactericida, desintoxicante, mineralizante, equilibradora térmica e energética, anti-inflamatória e cicatrizante.
No mercado, existem formulações prontas para serem aplicadas na pele, mas, para quem prioriza as receitas caseiras, nada de prepará-las de qualquer jeito. Lilian Mendes, dermatologista na Viva! Dermatologia, recomenda os seguintes passos: misture 2 colheres de sopa de argila com água mineral, hidrolato ou água filtrada para formar uma pasta; aplique na pele limpa até formar uma camada uniforme; deixe o produto agir por 15 minutos; utilize uma esponja ou gaze embebida em água fria para remover e, por fim, aplique um hidratante.
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Ademais, opte por recipientes não metálicos para fazer a mistura e evite regiões sensíveis como lábios e área dos olhos. Por seu efeito adstringente, pode ser usada em peles mais oleosas até duas vezes por semana e, para potencializar o resultado, pode-se borrifar água termal na face durante o processo. Nas demais partes do corpo, a argiloterapia têm funções semelhantes — calmante, antioxidante, clareadora —, não devendo ser aplicada sobre lesões e zonas sensíveis.
Nos cabelos, sua utilização também é válida, mas é preciso precaução. Conforme explica a tricologista Denise Braga, as argilas podem ser benéficas somente se empregadas no couro cabeludo; no comprimento dos fios, são capazes de causar danos, ressecando-os. Na prática, é necessário que a máscara seja colocada sobre as madeixas sujas, dado que terá o papel de retirar as moléculas de gordura do local, assim como fazer a quelação de metais pesados (em indivíduos que tomam medicamentos, o couro cabeludo pode tornar-se um reservatório das substâncias remanescentes).
Sempre após o uso, é preciso fazer uma hidratação para restaurar parte da oleosidade que foi removida. "Não é todo mundo que pode optar pela argiloterapia nos cabelos, já que nem toda raíz é receptiva a essa abordagem. Quem tem psoríase ou lesões semelhantes não pode, de forma alguma, fazer uso. Além disso, antes de escolher o composto ideal, é importante passar pela análise de um profissional", alerta Denise.
Para cada cor, uma função
Segundo a dermatologista Lilian Mendes, o uso da argila é indicado conforme a sua coloração. Então, está em dúvida sobre qual composto escolher para as necessidades da sua pele? Veja este guia e prepare-se para o seu ritual de skincare!
- Verde: possui ação adstringente, cicatrizante e oxigenante. É indicada para peles oleosas, pois promove a desintoxicação e regula a produção sebácea.
- Branca: tem propriedade clareadora, hidratante e cicatrizante, além de absorver a oleosidade e trazer um aspecto mais saudável. Por ser a mais leve das argilas, é também a mais usada para fins estéticos. Pode ser utilizada pura ou com as argilas verde e vermelha.
- Rosa: mistura entre a branca e a vermelha, é menos absorvente e mais suave do que a argila verde. Com efeito antioxidante e calmante, é recomendada para peles secas e sensíveis.
- Vermelha: é a argila mais rica em óxido de ferro, resultando em propriedades tensoras. Por ter ação redutora do fluxo sanguíneo, é muito indicada para peles sensíveis, com alergia ou rosácea.
- Cinza: tem ação anti-inflamatória e ativa a circulação sanguínea.
- Preta: também possui ação anti-inflamatória e anti-tumoral. Auxilia na saúde da pele do rosto e do corpo.
- Amarela: rica em silício e potássio, é remineralizante de colágeno da pele.
- Roxa: ajuda na produção de colágeno por ser rica em magnésio.
Leveza no autocuidado
Quando a publicitária Fernanda Feitoza desejou dar mais atenção à sua pele, em 2018, iniciou uma rotina de cuidados e recebeu a indicação certeira da prima: "confia nas argilas". Começou na verde, a fim de controlar a oleosidade, e não parou mais. Em suas misturas quinzenais, gosta de incluir soro fisiológico gelado, para ajudar a fechar os poros e, na aplicação, utiliza o pincel língua de gato. Hoje, intercala os rituais entre a argila verde e a branca, recomendação da mãe, com o objetivo de clarear manchas. Para ela, esse momento de autocuidado lhe traz leveza e conexão consigo mesma.
Já para a maquiadora profissional e criadora de conteúdo Cris Flores, a experiência com a argiloterapia aconteceu de maneira orgânica, quando recebeu de uma marca todos os tipos do composto, para testar e dar seu feedback. Na época, surpreendeu-se com os resultados da argila amarela, mas a que caiu no seu gosto foi a rosa. Rica em silício, cobre, óxido de ferro e alumínio, a máscara amenizou as manchas de melasma, resultantes da gestação, e uniformizou sua pele.
*Estagiária sob a supervisão de Ailim Cabral
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