Com as diversas mudanças impostas pela pandemia que atingiu o mundo, a vida foi readaptada para as telas. No entanto, até pouco tempo, o atendimento veterinário na modalidade remota ainda não havia sido permitido. Com a resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), de junho deste ano, agora determinadas formas de apoio e cuidados veterinários podem ser feitos on-line. Somada a essa nova possibilidade de atendimento, os veterinários em domicílio já estão bem consolidados, com diversas vantagens.
A veterinária Rebecca Terra conta que, apesar da nova regulamentação de modalidade de atendimento, ainda não atende por meio da telemedicina veterinária. Como principais dificuldades, relata que, como o paciente animal não fala, é complicado dar um diagnóstico preciso sem uma avaliação mais próxima, como exames de toque. Mas pontua que, com o avanço das tecnologias, o cenário pode mudar.
A profissional, porém, atende no modelo domiciliar há 15 anos e aponta como principais vantagens, além da comodidade para o tutor e de estressar menos o paciente, "conseguir relacionar problemas físicos da saúde ou doenças com fatores ambientais". Ou seja, é possível avaliar a saúde do animal de perto e, ao mesmo tempo, conhecer o local onde ele está inserido e avaliar o que pode estar causando determinados problemas. Além, é claro, de pontuar o que pode ser melhorado na casa para garantir maior qualidade de vida para os peludos.
Para não ter que deslocar os animais para o consultório, Rodrigo Vale, tutor dos cães idosos Ludwig e Wolfgang, passou a utilizar o serviço domiciliar. "Todas as minhas experiências foram bastante positivas", relembra. O que começou com consultas pontuais para vacinar os animais de porte grande migrou para consultas de clínica geral e até exames de ultrassom em casa, já que percebeu os cachorros mais calmos no lar.
A flexibilidade de horário para agendamento e o ganho de tempo na ausência de locomoção também foram pontos que Rodrigo viu como positivos quando começou a receber a veterinária em casa. Com vantagens para os dois lados, a veterinária Rebecca conta que, nesses momentos, é possível observar pontos da rotina que o tutor já naturalizou, como tipos de piso, altura do sofá, onde está a comida, em quais condições é armazenada, entre outros detalhes.
Atenção particular
Além de percepções que corroboram com a entrevista clínica guiada pelo profissional, a anamnese, com esse contato mais íntimo, é possível criar mais laços com animais e tutores. "É um serviço em que a gente consegue ter um tato maior com o cliente, até desenvolver uma amizade, o que é muito benéfico", conta a veterinária Thalita Ramos. Isso porque, na maior parte dos casos, as pessoas estão mais abertas para partilhar o histórico do animal, já que estão em suas próprias casas.
Brutus, um vira-lata de 10 anos, tem medo de pessoas, segundo a tutora Nathalia Oliveira. O cão, que sofre de cinomose, sempre ficou muito estressado e ansioso no ambiente hospitalar, mas, com o cuidado atencioso da veterinária, esteve muito mais tranquilo quando examinado, o que leva até a uma avaliação mais completa e precisa.
Nathalia não descarta a ida a uma emergência para situações em que houver necessidade real, mas se apoia no acompanhamento regular domiciliar pelos diversos benefícios para Brutus. A veterinária Thalita afirma que a única coisa que é vedada ao profissional fora da clínica é internação e cirurgia. Checapes, consultas preventivas, vacinas, diagnósticos por imagem e acompanhamento neonatal, porém, podem ser feitos em casa sem prejuízos.
Para os atendimentos, Thalita conta que leva uma mesa portátil e uma maleta. Dentro, carrega seringa, agulhas, termômetros e equipamentos diversos para atender cada particularidade. Também dispõe de um ipad para registros automatizados e, se for preciso, marcação de cirurgias, que ela realiza em um centro cirúrgico. Nesses casos, ela busca o animal em casa, leva para o local e devolve, fazendo também os cuidados e direcionamentos após o procedimento.
Para os felinos, as vantagens são ainda maiores, já que são muito apegados ao ambiente que residem. Porém, justamente por estarem muito familiarizados com o espaço, podem fugir por rotas conhecidas. Para evitar uma situação desagradável de perseguição, a principal recomendação é mover o gato para um cômodo restrito, onde não seja possível o esconderijo.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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