Encontro com o chef

Sabores inusitados e casquinha de biscoito belga são combinação de sucesso

Depois de desenvolver a receita de um biscoito, jovem faz curso de sorveteiro e passa a criar gelados de sabores inusitados

Por Sibele Negromonte
postado em 17/07/2022 08:00
 (crédito: Panna Fredda/Divulgação)
(crédito: Panna Fredda/Divulgação)

Quando Eduardo Lago e a mulher, Giovanna Maia, provaram um biscoito belga, desses comprados em supermercado, logo chegaram à conclusão de que ele ficaria ótimo como casquinha de sorvete. Como gostam de comer e provar novos pratos, decidiram tentar reproduzi-lo em casa. Foram três meses de experimentos e tentativas até chegarem à receita que consideraram perfeita.

E, agora, que tinham a "casquinha perfeita", era preciso produzir um sorvete à altura. Com isso em mente, ele viajou a São Paulo para fazer um curso de sorveteiro, queria aprender todas as técnicas possíveis para desenvolver as próprias receitas. "Eu sempre tive esse desejo de abrir um negócio, só não sabia exatamente o que seria. Aquela poderia ser uma ótima oportunidade", conta Eduardo.

Quando concluiu as aulas, o agora, nascido no Rio Grande Norte e formado em filosofia, voltou para Brasília disposto a encontrar um bom ponto comercial e abrir uma sorveteria. Mas não poderia ser qualquer uma. "Em Brasília, há excelentes sorveterias, portanto, precisávamos de um diferencial para que o negócio fosse um sucesso", explica.

As casquinhas, ele sabia, seriam o ponto de partida da Panna Fredda, sorveteria aberta, em janeiro de 2020, na 216 Sul. O outro diferencial? Investir em sabores inusitados. Assim, surgiram os gelados de Coca-cola; de pimenta-jalapenho; de bacon; de leite-de-coco, coentro e azeite de dendê; de uva com manjericão… Os experimentos são muitos, e a criatividade também. "Acho que já fiz mais de 100 sabores de sorvete", calcula.

"Sempre que como algo, eu penso: será que daria para transformar em sorvete? As pessoas se esquecem que o sorvete é, antes de tudo, um alimento." Eduardo conta que nem sempre dá certo, mas é preciso tentar. "Uma picanha pode ser transformada em gelado? Pode. Afinal, qualquer coisa que você come pode virar sorvete. Mas será que vai ser gostoso? É bom pensar que a picanha se come quente e o sorvete é gelado. Pode ser que não combine tanto", exemplifica.

Revista - Encontro com o chef - Eduardo Lago, sorveteiro da Panna Fredda
Revista - Encontro com o chef - Eduardo Lago, sorveteiro da Panna Fredda (foto: Fotos: Panna Fredda/Divulgação)

Produção artesanal

Os gelados da Panna Fredda são feitos de forma artesanal. A única pessoa que põe a mão na massa é Eduardo, que mantém uma produção diária, que varia de acordo com a demanda. "Nossa vitrine tem capacidade para 18 sabores, sempre oferecemos uma média de 16, e alguns são fixos no cardápio. Outros surgem periodicamente."

Como ocorreu recentemente. Em junho, Eduardo lançou um sorvete em alusão ao Mês do Orgulho LGBTQIA, que foi um sucesso absoluto de vendas. Na mesma casquinha, vinham seis sabores especiais e coloridos para representar a bandeira do movimento — frutas vermelhas, laranja com cenoura, maracujá, limão com manjericão, melão azul e uva. Vinte por cento de tudo o que foi comercializado com esse sorvete foi doado à Casa Rosa, que atende pessoas LGBTQIA em situação de vulnerabilidade social.

Durante as festas juninas, rolaram sabores como pipoca, milho verde e paçoca. Já no Dia dos Namorados, houve até cardápio especial, com vários sabores, a exemplo de espumante, rosas, chocolate com Cointreau e casca de laranja, chocolate com pimenta, chocolate branco com avelã.

As casquinhas também têm produção diária e artesanal, e são feitas por Giovanna. São oferecidas em duas versões: a tradicional, que é amanteigada, e Speculoos, tradicional biscoito belga feito com especiarias e cuja receita o casal compartilha com os leitores da coluna. Aliás, o sorvete Speculoos, criado na abertura da casa, é o carro-chefe da Panna Fredda até hoje, juntamente com o de chocolate com brownie, frutas vermelhas, nozes e macadâmia, e cajá. "No Nordeste, o picolé e o sorvete de cajá são muito populares. Em Brasília, nem tanto, mas é um sabor que tem feito muito sucesso aqui na sorveteria."

Outro diferencial, segundo Eduardo, é que nenhum dos gelados leva corante artificial. "Só usamos insumos de qualidade." Ele também mantém no cardápio algumas opções veganas. "Só não dá para o vegano comer na casquinha, porque ela leva manteiga", diz. Mas é possível comer no copinho.

Para o futuro, Eduardo pretende continuar a criar mais sabores, alguns, inclusive, inusitados. E que venham mais 100!

Biscoito Speculoos

Ingredientes
• 100g de manteiga em temperatura ambiente
• 100g de açúcar mascavo
• 30g de açúcar refinado
• 1 pitada de sal
• 1 colher de sopa de mistura de especiarias speculoos*
• 1 gema de ovo
• 1 colher de sopa de leite
• 200g de farinha de trigo peneirada
• 1 colher do sopa de fermento

*Especiarias speculoos
• 7 colheres de café de canela em pó
• 1 colher de café de cravo em pó
• 1 colher de café de gengibre em pó
• 1 colher de café de cardamomo em pó
• 1 colher de café de noz moscada em pó
• 1 colher de café de pimenta do reino em pó

Modo de fazer
• Preaqueça o forno a 180º, ao iniciar o processo, e unte uma assadeira com manteiga e farinha de trigo.
• Coloque na batedeira o açúcar mascavo, o açúcar refinado, a manteiga, o sal e as especiarias e bata por cerca de 2 minutos.
• Acrescente a gema e o leite. Bata novamente.
• Acrescente a farinha e o fermento. Bata na velocidade baixa até a mistura ficar uniforme.
• Retire da batedeira e amasse bem com as mãos até formar uma massa lisa.
• Coloque a massa entre duas folhas de papel manteiga e abra com o rolo de massa.
• Corte com uma faca ou, caso tenha disponível, um aro do tamanho desejado.
• Coloque os biscoitos na assadeira deixando cerca de 1cm de distância entre eles e leve ao forno por aproximadamente 20 minutos, até ficar dourado.

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