Beleza

Círculo cromático pode ser usado na escolha de uma nova cor para os cabelos

Com a a ajuda do círculo cromático, é possível chegar a misturas de cores que podem ser aplicadas aos fios sem necessariamente descolori-los

Cabelos coloridos são a escolha da vez para quem quer mudar a imagem e impor um estilo pessoal. O processo de descoloração, porém, muitas vezes necessário para se chegar ao tom desejado, é agressivo com os fios. Mas é possível mudar a pigmentação sem recorrer ao procedimento. Basta utilizar o círculo cromático para combinar cores e chegar a um terceiro tom.

O círculo cromático é uma representação para classificar as cores e estudá-las. Formado por 12 cores, possui uma divisão entre primárias, secundárias e terciárias, em que cada grupo forma um triângulo entre si, que serve de base para realizar as combinações. É um instrumento muito utilizado nas artes para combinar cores e chegar em determinados resultados na pintura e no desenho. Além disso, é muito útil na hora de realizar a mudança capilar, principalmente para ajudar a chegar a tonalidades únicas.

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A cabeleireira e especialista em cabelos coloridos Suelen Braga, da Kamaleão Color, explica que essa disposição é importante para o profissional ter referências de cores que são contrastantes, opostas e complementares umas às outras. Ela completa que compreender e saber usar a roda cromática pode ajudar a destacar características físicas do cliente, por meio da seleção de cores que tenham bom contraste com determinados atributos, como a cor dos olhos, e neutralizar um tom indesejado.

Suelen cita exemplos: "Uma pessoa de olhos azuis que queira ter o cabelo colorido destacando o olhar pode super apostar no laranja, já que é a cor oposta ao azul no círculo cromático. Outro exemplo é o verde desbotado, mais claro. Em vez de descolorir, podemos usar a cor oposta, o rosa, e neutralizar esse tom. Podemos, também, ver que cor ficaria melhor para fazer um degradê partindo do rosa, por exemplo. Nesse caso, é só olhar as cores ao lado do tom desejado e seguir a ordem".

Variedade

Usar o método a seu favor pode trazer diversos benefícios. Como muitos, durante o ano de 2020, Camila Simões começou a colorir os fios. "Percebi que era mais fácil, seguro e saudável trocar de cor sem descolorir, somente seguindo o círculo cromático. Tive 12 cores de cabelo durante a pandemia, praticamente um por mês", relembra a analista de parcerias da Kamaleão Collor. Por já ter feito as tinturas algumas vezes, ela conta que chegou a atingir resultados fora do esperado, mas que fizeram parte do processo, pois nem sempre se atinge o tom ideal na primeira tentativa.

Apesar de parecer simples, usar o círculo cromático demanda estudo e análise, segundo Sabrina Lavalle, cabeleireira especializada em colorações e proprietária do Salão Lavalle. A profissional relata que, apesar de ser um conhecimento básico para qualquer cabeleireiro que realiza colorações, não são todos que estão capacitados. "Tive clientes que chegaram no salão com cabelo esverdeado devido ao desconhecimento de outros profissionais, que, ao perceberem que o descolorido estava amarelado, inseriram cinza em cima", indigna-se.

O exemplo citado por Sabrina ocorre porque a combinação de amarelo com cinza leva ao verde. É justamente por esse motivo que o xampu recomendado para cabelos grisalhos é aquele de coloração violeta, pois é essa cor que neutraliza o amarelo e chega à tonalidade desejada. "Não é só técnica, é uma matemática. Existe um fundamento", justifica. A cabeleireira e recomenda que o procedimento seja feito com profissionais qualificados, para evitar resultados inesperados.

O conhecimento alinhado com a técnica é essencial para resultados de todos os tipos. Néria Castro, que tinha um cabelo preto, conta que, há nove anos, começaram a aparecer fios brancos na raiz, que a incomodavam. Como é alérgica a um pigmento comum em tintas para cabelo, não poderia pintar os fios somente de preto, por isso, decidiu buscar alternativas. No entanto, ao passar por vários salões, ouviu que a mudança seria difícil.

Arquivo pessoal - Néria Castro, que tinha cabelo preto, fez as mechas com base no círculo cromático

Foi no salão de Sabrina que Néria descobriu que, aplicando a cor adequada, poderia cobrir a raiz e realizar luzes, respeitando o tom de seu cabelo e a combinação. Hoje, está muito satisfeita com o resultado e permanece realizando as mechas, sabendo que, com o ajuste de cor, todas as mudanças são possíveis. Além de acertar o tom fazendo essa análise da cor atual, Sabrina Lavelle faz outro alerta de que os pigmentos das cores fantasia podem ficar no cabelo mesmo depois da coloração.

A informação de que as cores podem ficar presentes mesmo depois de várias lavagens poderia ter ajudado a artesã Luiza Costa, que pinta o cabelo de forma independente. Ela se surpreendeu com o resultado de uma combinação que visava um tom de roxo e acabou acinzentado — ela estava com azul desbotado por baixo e colocou um rosa neon por cima. Para evitar a surpresa, poderia ter realizado um teste de mecha, fazendo a tentativa em somente uma parte do cabelo.

Arquivo pessoal - Luiza Costa já fez vários experimentos de coloração por conta própria

Com o aprendizado, em outras ocasiões, conseguiu ter resultados mais satisfatórios e, nos últimos meses, teve partes do cabelo de várias cores, como azul, roxo, rosa. Hoje, entende que o processo pode ter variações e, apesar de não se arrepender de nenhuma tentativa, para seu casamento, Luiza planeja fazer a tintura em um cabeleireiro para uma maior precisão.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

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Arquivo pessoal - Néria Castro, que tinha cabelo preto, fez as mechas com base no círculo cromático
Fotos: Arquivo pessoal - Camila Simões já pintou os fios com todas as cores do círculo