Como grande parte das tendências de moda que seguimos, o poncho nasceu — e continua sendo — uma peça funcional. Presume-se que tenha surgido a partir de mantas usadas como forma de se proteger do frio. Para aumentar a praticidade de quando estavam nas lavouras e campos, os povos originários das américas do Sul e Central passaram a fazer uma modelagem nos tecidos usados para se aquecer, para que eles não caíssem ou saíssem do lugar.
A peça se tornou símbolo cultural, e suas cores, estampas, modelagem ou mesmo o tipo de lã usado, de lhama, alpaca ou lã, podem ser indicadores da ancestralidade e da origem de quem a usa. Com referências que remontam aos antigos impérios, a palavra poncho deriva de punchu, da língua quíchua, idioma nativo do povo Inca. A língua ainda é usada em diversos países da América do Sul, como Peru, Bolívia, Equador, Chile e Argentina.
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E assim como o punchu, que se tornou poncho após a hispanização, a vestimenta originária desses povos passou por modificações e modernizações. Embora os modelos mais tradicionais sigam sendo muito característicos em algumas culturas, a peça chegou às passarelas e lojas.
E isso incorre em vários cortes e texturas. O tecido retangular com uma abertura para a cabeça ganhou pontas assimétricas, botões, aberturas frontais, brilho, franjas e diversos comprimentos. Até mesmo mangas surgem em alguns modelos mais modernos.
A consultora de imagem e personal shopper Daniela Kniggendorf acredita que o poncho se popularizou por ter diversas vantagens. Além da praticidade, é extremamente confortável, aquece e pode ser usado em sobreposição a qualquer peça. "Por ser tão versátil, abre espaço para composições diferentes, consegue ser fashion ou tradicional, sendo encaixado em qualquer estilo", completa.
Reginaldo Fonseca, consultor de moda e autor do livro Além da Moda, acrescenta que o modelo é mais usado em regiões mais frias, como no Sul do país, onde faz parte da vestimenta cultural, mas que hoje acompanha as propostas internacionais e surge em tecidos mais leves, que permitem seu uso em cidades mais quentes.
União de conforto e elegância
As ondas de frio pelas quais vários estados estão passando são um convite para roupas que aquecem, e o poncho está fazendo sucesso. “Muito além da estética, a moda e as tendências acompanham os momentos em que vivemos, e o clima sempre impacta muito no que vestimos”, considera Reginaldo.
Ele acredita que outros aspectos da vida moderna influenciam no sucesso atual dos ponchos. Desde o início da pandemia, o conforto se tornou indispensável. Com a volta às ruas, a vontade de se sentir bonito também voltou e, nesse cenário, unindo agasalho, aconchego e elegância, a peça é um must have.
Reginaldo Fonseca aponta outra tendência mundial na qual o poncho parece se encaixar: a moda sustentável pede peças que tenham versatilidade e possam ser usadas em diferentes ocasiões. Os tecidos usados também fazem parte de uma moda mais consciente. A lã produzida de maneira responsável, o algodão orgânico, o cânhamo e tecidos sintéticos sustentáveis, como a lã fabricada em fibras de garrafas PET, são algumas das opções.
Versatilidade
O poncho se encaixa na moda inverno, meia-estação, no clássico e no mais fashion. Pode ser usado de maneira despretensiosa, apenas para aquecer, ou ser uma terceira peça statement, chamando toda a
atenção como estrela do look.
Usada tanto por homens quanto por mulheres, pode estar por cima de vestidos com meiacalça, saias e calças. Por sua modelagem mais ampla e solta, Reginaldo Fonseca e Daniela Kniggendorf sugerem que sejam usados com calças mais justas, criando um equilíbrio.
A consultora dá o caminho para quem não gosta de chamar muita atenção, mas quer apostar no poncho. “Mantenha o look neutro, básico, com peças slim, mais ajustadas ao corpo, e cores que conversem entre si. Poucos e bons acessórios e uma bota ajudam a compor o visual.”
Já os mais ousados podem investir em cores vibrantes, assimetrias, contrastes e sapatos marcantes, como coturnos ou botas coloridas. Para looks mais românticos, cores suaves e botas de salto fino são boas combinações. “Sempre digo que a regra de ouro para sentir-se confortável em qualquer look é respeitar seu estilo. Escolha um modelo que combine com você”, completa Daniela.
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