Neurônios em dia

Hábitos que reduzem risco de demência até entre os que têm maior risco genético

Entre as atitudes que ajudam a retardar o desenvolvimento da doença de Alzheimer estão manter cérebro e corpo ativos, alimentar-se de forma saudável, estar com o peso corporal em dia e não fumar

Dr. Ricardo Teixeira*
postado em 02/06/2022 17:34 / atualizado em 02/06/2022 17:35
 (crédito:  Maurenilson Freire/CB/D.A Press)
(crédito: Maurenilson Freire/CB/D.A Press)

Pessoas que têm marcadores genéticos que predispõem ao desenvolvimento da doença de Alzheimer podem atrasar o aparecimento de sintomas por meio de sete atitudes. Essa é a conclusão de um estudo publicado na última semana pelo periódico Neurology, da Academia Americana de Neurologia. As sete atitudes são: cérebro e corpo ativos, alimentação saudável, peso corporal em dia, não fumar, controle ótimo da pressão arterial, colesterol e glicemia.

Já sabíamos que os sete hábitos reduzem o risco da Doença de Alzheimer, mas o atual estudo nos mostra que isso é verdadeiro mesmo para aqueles que têm o perfil genético de maior risco. O estudo foi conduzido nos EUA envolvendo quase nove mil pessoas com idade maior que 54 anos e que foram seguidas por até 30 anos.

O grupo de voluntários com maior risco genético foi aquele que apresentava pelo menos uma cópia da variante gênica APOE e4, que está associada a um maior risco da doença de Alzheimer (pode aumentar o risco em até 12 vezes). Os que tinham ancestralidade europeia apresentavam em 27,9% dos casos a variante e4, e isso ocorreu em 40,4% de descendentes africanos. O grupo considerado de baixo risco era o que apresentava a variante e2, que está associada a um menor risco da doença (pelo menos 40% de redução de risco).

Para os descendentes europeus, o risco de demência foi até 43% menor entre aqueles que melhor pontuaram numa escala dos sete hábitos descrito acima, independentemente do perfil genético. Já para os descendentes africanos com boa pontuação de hábitos, a redução de risco da doença foi de no máximo 17%.

Como ainda não temos tratamentos que modificam o curso natural da doença de Alzheimer, mudanças nos hábitos de vida são ferramentas preciosas para a prevenção da doença. E foi isso que o presente nos mostrou.

*Dr. Ricardo Teixeira é médico neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

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