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Sonhando enquanto são jovens

Em entrevista ao Correio, os artistas Grace VanderWaal e Cauê Campos falam sobre a fama desde a juventude e os recentes trabalhos no streaming

O mundo da fama é glamouroso, porém tem as complicações conhecidamente atreladas a ele. Ser uma figura pública é complexo, a arte é um mercado muito instável, cheio de nuances, e é preciso ter cabeça para lidar com o sucesso. Quanto mais jovem é a figura que consegue a fama, mais complicada e tortuosa pode ser a trajetória dela, já que é necessária muita maturidade para se encontrar em um lugar saudável consigo em relação a toda a pressão do olhar público.

Dois artistas que viveram isso de perto são a norte-americana Grace VanderWaal e o brasileiro Cauê Campos. Os dois são estrelas de lançamentos do streaming. Grace volta ao papel da garota Estrela em A extraordinária garota chamada Estrela em Hollywood, da Disney , e Cauê vive o fora-da-lei Kelson, na produção original da Paramount Vai dar nada.

Grace VanderWaal conquistou o mundo aos 12 anos, quando com apenas a própria voz e um ukulele fez uma apresentação fantástica no programa norte-americano America's Got Talent. A cantora ganhou a 11ª temporada do programa em 2016, lançou álbum, abriu os shows de uma turnê da banda Imagine Dragons e agora, com 18 anos, estreia o segundo filme da carreira, A extraordinária garota chamada Estrela em Hollywood, que chega em 3 de junho na plataforma Disney . "Eu e a Estrela temos muito em comum. Somos duas garotas jovens tentando achar nosso caminho no mundo, passando por tudo que todo mundo tem que passar e nos deparando com as nossas próprias situações ridículas", reflete a cantora e atriz.

A produção é a segunda da franquia, sendo a sequência de A extraordinária garota chamada Estrela. Agora, como o título diz, a protagonista tem que tentar a vida de artista em Hollywood. "O longa, de alguma forma, consegue conciliar o fato de ser simples, leve e divertido com o fato de que possui significados mais profundos que conversam com os mais diversos públicos", explica a protagonista. O filme é dirigido por Julia Hart, que também assina o roteiro ao lado de Jordan Horowitz, produtor conhecido por La La Land. Além de Grace, Uma Thurman está no elenco.

Estrela vai ter que passar pelo próprio amadurecimento, enquanto quer continuar vivendo da mesma forma positiva que só a arte a proporciona. VanderWaal segue essa mesma filosofia da personagem. "As pessoas se sentem muito ameaçadas por pessoas que têm confiança e conforto consigo mesmas. Isso pode ser difícil e complicado para entender. Porém, essa é a jornada das outras pessoas e não tem nada a ver com você", explica a atriz. "Eu quero sempre triunfar por meio das conexões. Eu não quero nunca me perder do que realmente amo e do que os fãs realmente amam", almeja a artista.

Para alcançar esse pensamento Grace passou por muita coisa durante os seis anos que está sob o olhar público. "Não vou mentir, tem sido extremamente difícil. Tive vários altos e baixos e vários momentos que pareciam maiores do que eu poderia aguentar e que eu não sabia como lidar. Contudo, aprendi com esses momentos", conta. Ela acredita que, hoje, lida de outra forma com a fama após todo o trajeto. "Eu aprendi que minha vida é minha e, no final das contas, é tudo que eu tenho", diz. "Na minha própria experiência, nada que acontece com você é realmente tão profundo que você não possa aguentar. Então, eu quis fazer um filme, eu fiz e me diverti. Foi essa a filosofia que eu segui e me adaptei para seguir."

Após a estreia do longa, a artista, que inclusive assinou a canção original da produção, vai focar na carreira musical. Ela vai lançar um EP e, mesmo amando a Estrela, pretende se distanciar da atuação. "A Estrela tem um lugar especial no meu coração e eu sempre serei ela. Nos dois filmes que fiz, eu me diverti muito e tive uma boa relação com todos que participaram, amei a experiência. Porém, eu realmente amo música, apesar de amar essa garota", adianta a cantora, que promete um disco em que explora a "a paixão verdadeira sem outras coisas atrapalhando o caminho".

A realidade brasileira

Em outra situação, Cauê Campos protagoniza a comédia de tom crítico Vai dar nada. O ator, agora com 20 anos, começou a trabalhar com oito. Ele é lembrado pelo trabalho de maior sucesso da carreira, a série Detetives do Prédio Azul, que virou filme e está em cartaz no cinema com a terceira sequência e conquistou o público infantil de todo o Brasil.

Cauê vive uma mudança brusca que todo artista mirim passa na carreira. Ele quer se desvencilhar da imagem de menino e passar a ser visto pelo público como adulto, uma tarefa difícil para qualquer artista que começou ainda criança. "Eu fazia teste e a galera falava que ainda me via no Detetives do Prédio Azul", lembra. "Eu precisava que as pessoas perdessem um pouco desse olhar do Cauezinho, dele ainda criança, pequeno", continua.

Porém, o novo protagonista deu a ideia de que a chave virou. "Eu sempre fui uma pessoa que planejei muito e que sonhei muito, ele também. Eu quero a cada momento estar melhorando e ele quer sempre se tornar 'mais operacional'", compara-se com Kelson, o personagem que vive. Ele furta carros para viver e usa da lábia para enrolar todos à sua volta e alcançar onde quer chegar. Sem nunca passar ninguém que ama para trás.

O protagonista fala palavrão, tem relações sexuais e, definitivamente, afasta-se da ideia de criança que Cauê tanto quer mudar. "É muito bacana eu estar vivendo esta nova fase, esta virada que aconteceu. Mudar tudo, pegar personagens mais diversos", ressalta o ator, que agradece a Paramount pela oportunidade, já que ele está neste longa e na série As seguidoras — o único ator a participar das duas primeiras produções brasileiras da plataforma. "A Paramount me deu uma oportunidade muito grande de as pessoas perceberem que o Cauê não é uma criança, não é mais aquele pequenininho", pontua.

Agora, ele quer, com a própria atuação e com a ajuda do longa Vai dar nada, passar uma mensagem ao público. "Plante uma semente de esperança por aí. A gente tem que ter esperança no amor e na mudança", diz o artista. "No fundo, todo mundo só quer viver bem. Então, não vai dar nada, vamos plantar essa esperança por aí de que tudo vai melhorar, porque vai, a gente tem fé que vai."