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Solidão leva a um maior risco de desemprego, segundo estudo

Pesquisa aponta que a a solidão pode inibir a motivação pela busca de um trabalho ou promover um pior desempenho, levando à demissão

Um estudo recém-publicado por pesquisadores da Universidade de Exeter e Leeds, na Inglaterra, mostra que as pessoas que frequentemente experimentam o sentimento de solidão têm maior chance de ficarem desempregadas no curto e médio prazo, efeito que vai aumentando ao longo do tempo e é maior entre os homens. Aqui temos um círculo vicioso, já que pessoas desempregadas se sentem mais sozinhas.

A solidão está associada não só a transtornos psiquiátricos, como é o caso da depressão, mas a inúmeras doenças, especialmente a cardiovascular. É reconhecida como fator de risco comparável ao tabagismo e até pior que a obesidade e o sedentarismo quando se pensa no sistema cardiovascular. Está associada também a pior desempenho cognitivo e menor satisfação com a vida. Quanto à influência sobre a empregabilidade, a solidão pode inibir a motivação pela busca de um trabalho ou promover um pior desempenho, levando à demissão.

A pesquisa acompanhou mais de 15 mil pessoas no período pré-pandêmico, de 2017 a 2020, com idades entre 16 e 65 anos. Chamou-me a atenção essa relação ser mais robusta entre os homens, o que me fez lembrar dos efeitos positivos do casamento sobre a saúde física e financeira dos homens:

• Melhores salários e mais estabilidade no emprego.
• Vida sexual mais satisfatória. Um estudo americano mostrou que 51% dos homens casados dizem estar extremamente satisfeitos com suas vidas sexuais, comparados a 36% no caso dos solteiros.
• Melhor saúde física e mental. Nos EUA, homens casados vivem em média 10 anos a mais que os solteiros e, quando se fala em felicidade, 43% reportam que estão muito felizes, enquanto apenas 24% dos que moram juntos dizem o mesmo.
• Os casados têm menos exposição a fatores de risco à saúde.

Entre as mulheres, o casamento está associado a bons indicadores de saúde, mas só quando a satisfação com a união é alta. O dramático é que a maternidade está ligada à queda de empregabilidade e salário.

*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília