Ana Luísa Raw até tentou não seguir o caminho da gastronomia. Chegou a fazer faculdade de direito, de gestão de agronegócio e até curso de piloto privado de avião, mas a paixão pela confeitaria falou mais alto. Na adolescência, a jovem, hoje com 28 anos, sempre era a responsável por preparar os bolos e docinhos nas festinhas de aniversário da escola.
O interesse pelas panelas, aliás, começou ainda na infância, quando observava a avó, que é mineira, cozinhar. E sempre se prontificava para ajudar. "Como os meus pais passavam o dia fora trabalhando, quando eu queria comer algo diferente, ia para a cozinha. Com 10 anos, já sabia fazer arroz, feijão, carne. Também gostava de experimentar, inventar. Joguei muita comida fora nesses experimentos", diverte-se.
Mas os pais da jovem queriam que ela seguisse uma carreira tradicional, tivesse um diploma e, quem sabe, até passasse em um concurso público e conquistasse a tão sonhada estabilidade. "Quando eu entrei na UnB, meu pai ficou realizado, todo orgulhoso. Mas eu não estava feliz", admite. Foi nessa época que um primo, dono de uma brigaderia na Asa Norte, convidou Ana Luísa para trabalhar com ele, fazendo tortas. "Isso foi há nove anos. Eu fazia umas tortas diferentes, tentava fugir das tradicionais, o que na época não era comum, poucas confeiteiras faziam."
Ana Luísa conta que, no momento em que pôs o pé na cozinha da brigaderia, teve a certeza de que aquele era o seu lugar. "Eu me encontrei." Logo abandonou o curso da UnB e, para tristeza dos pais, decidiu que seguiria, sim, a profissão de confeiteira. "A faculdade não fazia mais sentido."
Aliada à paixão pela gastronomia, a jovem tinha o sonho de empreender. Depois de um ano na brigaderia do primo, achou que estava pronta para montar o próprio negócio e passou a receber encomendas de tortas, bolos e doces. Fazia tudo na cozinha da casa dos pais. Começou a vender para a família e os amigos e, depois do boca a boca, ganhou clientela cativa.
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Negócio de sucesso
Em janeiro de 2020, Ana Luísa recebeu o convite dos tios que moravam em Arraial D'Ajuda, na Bahia, que achou irresistível: chefiar a confeitaria do Ousado Café Bar, que eles estavam abrindo no famoso distrito de Porto Seguro. Assim que chegou ao local, a brasiliense começou a montar o cardápio. "Eu queria que os doces tivessem uma pegada tropical, bem praiana."
Nas pesquisas, Ana Luísa descobriu o banoffee. Apesar de ser uma receita tipicamente inglesa, ela achou que, por levar banana e ser gelada, tinha tudo a ver com esse tropicalismo que procurava. A confeiteira, porém, decidiu fazer algumas adaptações. A principal delas foi substituir o caramelo e o cacau em pó, presente na original, por doce de leite e chantilly.
Logo, o banoffee de Ana Luísa tornou- se o carro-chefe do restaurante. "Tinha gente que ia lá só para comer uma fatia", relembra. Uma prima contou à jovem que, em São Paulo, havia uma casa especializada na torta de banana e ela começou a estudar mais sobre o produto. Aí veio a pandemia e o Ousado precisou entrar em lockdown. "Passei um mês parada, esperando a casa abrir", recorda-se. Resolveu, então, voltar para Brasília.
Ana Luísa conta que sempre foi a favor de um modelo de negócio que priorizasse um único produto e achou que, finalmente, tinha achado em qual investir. Preparou a banoffee para a família experimentar e a aprovação foi imediata. A jovem começou, então, a procurar uma sala comercial para montar a banofferia. "Estava no auge da pandemia e todo mundo fechando e passando o ponto. E eu procurando. Encontramos uma loja ótima, na Asa Norte, com um aluguel razoável e eu agarrei a oportunidade."
Em setembro de 2020, abria a Banoffee da Raw, a primeira banofferia de Brasília. "Como era novidade, logo houve um boom. Comecei com dois refrigeradores e uma ajudante. Em pouco tempo, tinha dois refrigeradores e três ajudantes."
A confeiteira montou um modelo de negócio perfeito para quem vivia uma pandemia: apenas delivery ou retirada na loja. Recentemente, com maior controle da doença, abriu uma filial em Águas Claras. Hoje, Ana Luísa mantém no cardápio, além da versão tradicional da torta, uma de morango e outra de Nutella — receita que, aliás, a confeiteira compartilha com os leitores da coluna. Sempre há, também, uma banoffee surpresa.
Banoffee de Nutella
Ingredientes
Massa
200g de biscoito maisena ou passatempo sem recheio
100g de manteiga
Recheio
500g de Nutella
Cerca de 5 bananas nanica
Cobertura
500ml chantilly de sua escolha
Modo de preparar
Moa bem o biscoito (pode ser no processador ou liquidificador), acrescente a manteiga derretida e misture bem com as mãos.
Pré-aqueça o forno a 180º e asse por 15 minutos, até subir o cheirinho. Após isso, deixe a base descansar por pelo menos 30 minutos fora do forno. Use forma de 25cm de diâmetro.
Acrescente o recheio de Nutella e as bananas cortadas ao meio ou em rodelas.
Com o chantilly supergelado bata na batedeira até ficar em ponto firme — siga
as instruções do fabricante.
Acrescente por cima das bananas e deixe a torta gelar por pelo menos quatro horas.
Pronto. Agora é só se deliciar!
SERVIÇO
Instagram: @banoffeedaraw