A maternidade e o sentimento de culpa andam lado a lado e, para as mulheres que empreendem, esse é um desafio a mais. Quem confirma essa constatação é a cantora e CEO da própria carreira Babi Ceresa, 28 anos, mãe de Antonella, 3, e Filippo, 1.
Para ela, que passou os últimos quatro anos dedicando-se mais à família, a sensação de nunca estar completa é constante: “Quando estou longe das crianças, eu me sinto mal pensando que poderia estar com meus pequenos, cuidando deles. Ao mesmo tempo, quando estou com eles, penso no que deveria fazer para o trabalho”, desabafa.
Não há segredos e dicas mágicas, mas, para a dona da música Batom, tentar se organizar previamente é algo que tem funcionado. Sua rotina envolve acordar cedo com os filhos e reprogramar a agenda de reuniões, que inclui abrir espaço para encontros após as 21h, horário que os pequenos já estão dormindo.
No trabalho, mesmo contando com o apoio de uma equipe, é ela quem assume a gestão e participa das decisões, desde a produção dos shows, do repertório e dos figurinos, ao planejamento de comunicação, identidade visual e processo de captação de investidores.
Nesse contexto, não se cobrar tanto já é um bom começo para tentar manter a saúde emocional em dia, já que, para a artista, cuidar de si é essencial, como exclama em suas composições. “Adoro falar sobre amor próprio e empoderamento. A maternidade, apesar de não ser o carro chefe das minhas letras, me inspira de diversas formas: consigo comunicar e expressar melhor os meus afetos”. Quando a primogênita nasceu, por exemplo, escreveu Flor de Cerejeira para ela.
Entre os pontos positivos de estar conseguindo gerenciar a carreira e educar os filhos, está apresentar a eles a percepção de que a mulher é capaz de ocupar o espaço que quiser. Inspirá-los com sua profissão, seus valores e ética também é um objetivo.
Neste ano, Babi vai tirar o Dia das Mães para estar com seus pequenos, ver a mãe e a avó. “Será um dia bem família”, conta. Para o segundo semestre deste ano, há novidades: identidade nova, reestruturação, retomada de shows, de lançamentos e composições, além de parcerias com outros artistas. “Estamos muito animados.”
Elas a frente dos negócios
Que a pandemia mudou a realidade de muita gente não é novidade, mas, para as mulheres, além do excesso de tarefas e da exaustão mental, houve também aquelas que se sentiram inspiradas a empreender, seja para suprir a falta de renda, seja para dar uma reviravolta na vida profissional.
É o que comprova a pesquisa de 2021 do Instituto Rede Mulher Empreendedora: 26% das mulheres consultadas iniciaram seu negócio atual durante a pandemia, de forma que os aplicativos de mensagens e as redes sociais são as ferramentas digitais mais utilizadas.
Ainda segundo a pesquisa, empreendedoras geram ciclos de melhoria e reinvestimento não só no próprio negócio, ou na família, mas também em suas comunidades e no apoio a outras mulheres. Isso porque entre as trabalhadoras que têm sociedade, sete em cada 10 possuem sócias mulheres e 45% destes empreendimentos são majoritariamente femininos, contra 21% daqueles liderados por homens.
Para as mulheres de baixa renda, especialmente, o empreendimento está no campo da necessidade e não oportunidade. Segundo a professora da Universidade de Brasília (UnB) Carla Antloga, pós-doutora em psicologia do trabalho, é preciso que a sociedade olhe mais para esse público, com a finalidade de desenvolver políticas que revertam o baixíssimo investimento em negócios comandados por mulheres, além das responsabilidades desiguais do lar, que recaem majoritariamente sobre elas.