O berço é, basicamente, um cantinho seguro para deixar o bebê. Um lugar onde ele pode ficar sem supervisão por um tempo, se for o caso. A definição é simples, mas a escolha do móvel é motivo de dúvidas para muitos pais, principalmente, os de primeira viagem. É que, além dos critérios de segurança do InMetro, há uma variedade de designs, acabamentos e tecnologias disponíveis no mercado. Coisa que, anos atrás, não existia.
Primeiro, tenha em mente que a máxima na hora da compra é segurança. Depois que o número de registros de acidentes e recalls internacionais chamou a atenção, o InMetro decidiu definir requisitos técnicos para berços infantis, os quais os fabricantes são obrigados a seguir para a comercialização do produto em todo o Brasil (veja abaixo).
A medida determina, por exemplo, que os materiais usados no móvel não sejam cortantes nem tóxicos — porque além de passar boa parte do tempo no berço, o bebê pode roer a estrutura — e limites de espaço entre as aberturas, como grades e buraquinhos de telas, para evitar que a criança prenda pés, mãos ou cabeça, correndo risco de machucar ou esmagar alguma parte do corpo. Atente-se também às medidas do berço, se ele é padrão americano (1,30m x 70cm) ou nacional (1,30m x 60cm). O colchão deve caber direitinho, sem deixar sobras nas laterais.
Além da função básica, o berço serve de ponto de partida para planejar o quarto todo, incluindo a decoração, como explica Renata Dutra, do escritório Milkshake.co. E ela destaca que o mercado infantil tem crescido muito, com modelos cada vez menos caretas: "Temos visto muitas opções estilosas, em madeira ou acabamento em laca e com as quinas arredondadas", destaca.
Para uma escolha certeira, a arquiteta considera importantíssimo levar em conta a expectativa de investimento, o estilo de vida da família e o restante da casa. Afinal, imagine só, se a casa inteira é moderna e descolada, não faz muito sentido o quarto do bebê ser megaclássico, não é?
Entre os diversos tipos, a arquiteta Renata Ciccarini cita o berço com grade e o com tela, que podem ser com rodinhas ou fixo. A vantagem do berço com grade é que o bebê consegue se apoiar nela e exercitar movimentos de pega e se levantar — no entanto, é bom ficar de olho para ver se o pequeno não fica batendo na estrutura. A tela é flexível e não machuca, mas proporciona menos firmeza, ainda que não seja um impedimento para aprender a ficar em pé.
Além desses, há o berço tradicional, mais fechado, o portátil, o berço moisés, o berço adaptável, que vira caminha quando o bebê crescer, e o que vira cama montessoriana — que fica totalmente no chão, feito para a criança subir e descer com facilidade. Uma outra opção é o berço com cômoda, que oferece armazenamento sem a necessidade de um espaço extra, o que é ideal para quartos pequenos.
Saiba Mais
Universo infantil
Ter uma cartela maior de produtos, muito além do modelo clássico, é um ponto positivo até para o bebê. Luciana Raunaimer, do estúdio infantil Ameise Design, explica que é como se um berço confortável, seguro e lúdico abraçasse a criança. Naquele lugar aconchegante, pensado para ela, se sente tranquila.
E a transição do berço para uma caminha, o que pode acontecer lá pelos 2 anos, a depender do comportamento do pequeno, é outro ponto que precisa ser pensado. Não é recomendado colocar a criança do berço para uma cama box grande de uma vez: "Essa mudança brusca pode acabar assustando. Depois, pode ser que a criança queira sair do quarto o tempo todo à noite porque não fica à vontade".
E a arquitetura infantil pode e deve ser pensada para além de um momento da vida. Luciana diz que investir em um produto de qualidade vale a pena, mesmo o berço sendo, naturalmente, um móvel de tempo restrito. "É se questionar 'será que não vou gerar lixo, quando poderia revender ou reutilizar o móvel?', é legal se preocupar com o mercado circular dessa compra depois. Um bom produto você lixa, enverniza e continua usando. E isso é o máximo", ressalta. Um item mais frágil também pode fazer o consumidor perder capital.
Posição no quarto
Renata Ciccarini dá recomendações importantes ao se pensar o layout: o berço, geralmente o primeiro elemento a ser posicionado no cômodo, não pode impedir a circulação. Os demais habitantes precisam alcançar os outros cantinhos com facilidade. O ideal mesmo é deixar a peça com a cabeceira encostada na parede. Se não for possível, a lateral é que vai encostada.
E nada de posicioná-lo próximo a janelas e, principalmente, cortinas. O bebê pode escalar o tecido e acabar se machucando. Além disso, assegure-se de planejar uma tomada ou área para a babá eletrônica, dispositivo que monitora o bebê em tempo real. "Alguns pais, depois do quarto pronto, percebem que não previram onde colocar o aparelho", pontua Renata Dutra.
Saiba quais são os requisitos de segurança
O Inmetro, por meio da portaria nº 53/2016, estabelece os requisitos técnicos para os berços infantis e institui a obrigatoriedade de registro para a comercialização do produto em território nacional. Isso serve para berços infantis no mercado nacional, incluindo os fabricados sob medida. Alguns dos itens a serem cumpridos pelos fabricantes são:
- Os materiais que constituem o berço não podem oferecer riscos de corte e contaminação tóxica, nem possuir velocidade de propagação de chama que exponha a criança ao perigo de incêndio.
- O berço deve estar livre de pontos de apoio, para evitar que a criança transponha as barreiras do berço.
- Não pode conter abertura, pontos de cisalhamento e compressão.
- O conjunto formado por berço e colchão deve estar livre de vãos.
- O berço e sua embalagem devem apresentar, em português, de forma clara para o usuário, as informações necessárias para reduzir possíveis consequências dos riscos previsíveis relacionados ao uso do produto.
- Os berços infantis com registro no Inmetro podem ser acessados em: http://registro.inmetro.gov.br/consulta/.
Veja todas as regras e produtos que devem segui-las em: http://www.inmetro.gov.br/berco/