Os anos 1980 foram intensos e, na moda, isso se revelou numa estética marcante. Na época, tamanha energia se materializou em combinações inusitadas e muito brilho. Trabalhada na extravagância, Madonna se fez o ícone da vez. Corta para 2022, mais de dois anos de pandemia, mas uma retomada que dá vontade de esbanjar vida. Desde o ano passado, o fenômeno dopamina, que tem um quê da década pop, tem valorizado o maximalismo e muita cor. Muita cor mesmo!
"O otimismo é a nova moda", define Marcela Ohana, que é consultora de imagem e, hoje, CEO da Dash Uniformes. Pois bem, mas para essas cores não virarem uma confusão visual, é interessante ter em mente algumas estratégias. É aí que entra o color block (ou color blocking, no gerúndio), uma das formas mais eficazes de combinar tons intensos.
A ideia é ter peças totalmente coloridas, a maioria lisas, sem estampas, e misturá-las entre si. Cores primárias, verde e laranja são os destaques da temporada, mas pode-se dizer que vale tudo. As semanas de moda, apresentadas em fevereiro e março deste ano, consolidaram a aposta e trazem inspirações para todos os gostos.
Falando em tendência, Marcela lembra que o colorido está presente não só em peças fluidas — aquelas que são a cara do verão e têm, naturalmente, uma pegada mais leve, despojada e fresquinha —, mas também em modelagens mais rígidas. Segundo ela, isso vem de uma necessidade de segurança após dois anos de incertezas. "É o caso da alfaiataria, que tem a estrutura e a firmeza que buscamos como contraponto a tudo que aconteceu. Se colorida, quebra um pouco o lado social", exemplifica.
Colorindo
Numa abordagem prática, a consultora de imagem e estilo Adriana Pedrosa (@byadrianapedrosa) ensina a compor as cores usando o círculo cromático como guia. A paleta que deriva do amarelo, azul e vermelho serve de inspiração — dá para ver quais cores mais contrastam entre si, se a ideia é causar, e quais são da mesma "família". Nem tudo vai harmonizar de primeira, o interessante mesmo é ir testando.
A orientação geral de Adriana é jogar os tons vibrantes e intensos onde se deseja dar destaque. Quando as peças são amplas, o efeito é potencializado. Os acessórios ajudam nessa proposta. Podem funcionar como uma terceira cor ou dar todo o contraste do visual.
Da mesma forma, tons sóbrios funcionam para disfarçar. Se a intenção for um color block mais sutil, invista no vinho em vez do vermelho, azuis mais fechados e no laranja puxado para o terracota.
"O bom é que temos muitas opções de cores no mercado. O inverno não está mais neutro e o mundo, com essa pegada mais artística e dinâmica, torna tudo o que achávamos improvável, agora, comercializável. Além disso, as propostas por aí estão super harmônicas, um pouco diferente do que víamos em décadas anteriores", avalia.
No trabalho, pode?
Pode, sim. Marcela Ohana, CEO da Dash e especialista em moda corporativa dá algumas dicas:
- Pense, primeiro, qual é o ambiente e as situações que você enfrentará no dia de trabalho.
- Escritórios mais descontraídos e agências costumam comportar bem o uso de cores vibrantes, desde que você esteja confortável.
- Invista em acessórios coloridos e robustos! Eles podem ser usados mesmo nas roupas mais sérias, somando energia e personalidade.
- Fique atenta aos códigos sociais. "Ninguém se veste com roupas coloridas, da cabeça aos pés, para uma situação triste… E vice-versa. Quer ter uma conversa franca com a direção da empresa? Tons suaves caem bem, evite ir toda de preto".