O patauá ou Oenocarpus bataua, seu nome científico, é o fruto do patuazeiro, que pode ultrapassar os 20 metros de altura. Nas últimas décadas, grandes marcas têm apostado na matéria-prima para produtos capilares, com intuito de fortalecer e hidratar os fios. Apesar disso, suas propriedades são diversas: alguns pesquisadores relatam que os povos indígenas Yawanawá e Kaxinawá conhecem pelo menos 13 usos distintos para a planta.
A palmeira está presente em toda a região amazônica, mas foi muito devastada no século passado, chegando a se tornar rara em algumas localidades. Hoje, com o aumento do interesse devido a suas propriedades, vem sendo mais estudada e protegida, tanto na floresta quanto em áreas de conservação. Para uso cosmético, têm sido muito utilizada em produtos como xampus, condicionadores e tônicos capilares. "Esse fruto possui propriedades antioxidantes e, a partir dele, pode ser extraído um óleo rico em ácido oleico/ômega 9", detalha a dermatologista Bruna Côrtes, da Clínica Sublima.
A médica ressalta que, há muitos anos, o patauá é utilizado pela população local para os cuidados com os cabelos. Na Região Norte, uma crença popular tem relação com a saúde dos cabelos das mulheres que vivem onde há ocorrência das palmeiras. O botânico Michael Jeffrey Balick, em visita ao Brasil em 1988, relatou que, na aldeia que ele havia visitado, os habitantes ficavam mais bonitos, saudáveis e nutridos na época da frutificação do patauazeiro, o que reforça o conhecimento popular das múltiplas benesses da planta.
Apesar de estar crescendo no meio comercial, na composição de produtos cosméticos, o óleo em sua forma pura também pode ser utilizado em pequena quantidade nas pontas dos fios para melhorar a aparência de cabelos danificados. No entanto, a dermatologista alerta: "Deve-se tomar cuidado com sua aplicação direta no couro cabeludo, pois isso pode aumentar a descamação em alguns pacientes". Em caso de dúvidas, um médico dermatologista poderá melhor direcionar o paciente para o cuidado adequado e sem riscos.
Saiba Mais
Cuidado com as misturas
Para quem não tem nenhum produto que tenha o patauá em sua composição, pode imaginar que adicionar o óleo a outras matérias-primas ou produtos prontos pode ser uma alternativa interessante. No entanto, o dermatologista Luciano Morgado afirma que pode ser perigoso: "O ideal é não misturar com outros produtos, porque a gente não sabe se a interação química vai ser interessante. Os produtos que são manufaturados são apropriados, pois os componentes foram estudados para que deem certo juntos". Realizar a combinação em xampus e cremes pode levar à alteração das propriedades originais, além de comprometer a validade dos produtos.
As propriedades do óleo e sua utilidade são diversas. Entre elas, o patauá pode auxiliar na recuperação do cabelo. Nesse caso, Luciano Morgado esclarece: "Esse óleo ajuda na hidratação dos fios e da cutícula, principalmente em casos de cabelos mais danificados". O médico conta que a planta pode ajudar em casos de queda de cabelo causada por fios quebradiços após intervenções, como escovas frequentes, e aplicação de químicas. O patauá ajuda a hidratar e a revitalizar os fios.
Outra vantagem, além do potencial de hidratação, é o do fortalecimento. "O patauá age trazendo benefícios de força e resistência para o cabelo, pois atua no mecanismo de crescimento do fio. Ele age inibindo a síntese da proteína STAT3, que está relacionada ao prolongamento da fase anágena, fazendo com que o cabelo cresça mais rápido, mais forte e por mais tempo", explica Juliana Lago, gerente científica da Natura. A profissional complementa que é devido a essa capacidade que foi criada a linha Patauá da Natura, aos inúmeros benefícios observados em avaliações clínicas monitoradas e testes em mechas, que comprovaram a vocação biológica desse bioativo.
Mesmo com propriedades interessantes que justificam a aplicação nos cabelos, como a capacidade de hidratação e reconstrução, os componentes não são exclusivos. Outros óleos também podem levar a efeitos benéficos e auxiliar na busca por madeixas mais saudáveis. A dermatologista Bruna Côrtes cita como exemplos os óleos de jojoba, coco, argan, andiroba e oliva, mas reforça que o ideal é que a aplicação seja feita de forma bem direcionada e acompanhada profissionalmente. Além disso, a individualidade de cada um deve ser respeitada — para cada tipo de cabelo, uma intervenção terá mais efetividade.
* Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte