Sair de férias é um privilégio que merece ser deliberadamente saboreado, quando a oportunidade aparece. No meu caso, é uma oportunidade tripla. Férias do trabalho, dos filhos e das obrigações relacionadas à vida de dona de casa. Depois de dois anos extremamente difíceis com pandemia, pais que já passaram dos 80 anos, necessitando de proteção constante, filhos adolescentes sendo mantidos praticamente em cativeiro, enfim, ansiedades de todos os tipos, a chance de deixar tudo em suspenso e descansar numa beira de praia qualquer foi vivida por mim praticamente como um milagre caído dos céus.
Minha experiência foi tão satisfatória que até o retorno me pareceu mais uma benção em meio a tantos outros motivos de agradecimento. Apesar de muitos ao meu redor terem ficado doentes e praticamente uma vez por semana termos tido a necessidade de fazer testes, estamos todos bem e prontos para mais um ano de muito estudo, trabalho e quem sabe até um pouco de diversão pela frente.
Tenho me lembrado muito de cenas de férias durante a minha infância e a cena que vou compartilhar agora com o amigo leitor, além de verídica, representou o fim definitivo de minha temporada vivida enquanto garota diletante. Antigamente até os 5, 6 anos, era comum que a criança ficasse em casa e só então começasse a frequentar a escola.
Como eu era a caçula de 4 irmãos, bem antes de chegar a minha hora, já me sentia pronta para ingressar na vida estudantil e tanto pedi que minha mãe acabou cedendo. Uma vez matriculada, arrumada com o uniforme da escola e devidamente equipada de pasta com material escolar, lancheira etc e tal, fui toda sorridente para o meu primeiro dia de aula, e para espanto geral, nem olhei para trás... não derramei uma lágrima, nada. Abanei a mão para minha mãe, entrei na sala de aula e me diverti a valer até a hora em que minha mãe foi me buscar e ouvir os mil elogios da professora.
No dia seguinte, quando minha mãe veio me chamar para botar o uniforme e ir para a escola, eu abri bem os olhos, fiz um semblante confuso e mandei na lata: "Outra vez????" Eu realmente não tinha a menor intensão de repetir a dose e abri a boca a chorar ao ser informada que iria sim para a escola... e, de agora em diante, todo dia! A sorte é que minha irmã Cinira, um serzinho adorável, alguns anos mais velha que eu, se ofereceu a me acompanhar todas as tardes até que minha adaptação fosse completa!
Até hoje minha irmã é a pessoa a quem eu recorro sempre diante de qualquer dificuldade, mas acima de tudo é aquela que me faz sentir a maior felicidade em saber que férias ou não férias, quem tem alguém tão especial por perto tem sempre motivos para agradecer. Portanto lá vai: Obrigada Cinira, que mais um ano letivo se inicie sob a sua influência genial em minha vida.