A popularização dos novos itens de higiene voltados à menstruação chamou a atenção das amigas Maria Eduarda Picorelli, estudante de engenharia florestal, e Luisa Madeira, bióloga e artista plástica, que juntas decidiram fundar a Produtos Mimosa (@produtosmimosa). Além de produzirem e comercializarem bioabsorventes, as jovens criam artesanatos inspirados no cerrado brasiliense.
A ideia surgiu de Maria Eduarda, que, durante a pandemia, resolveu produzir os absorventes de pano para uso próprio, e acabou despertando nas amigas o interesse pelo produto. Apesar de já estar habituada a alternativas mais ecológicas, como o coletor menstrual, utilizado há anos, a jovem buscava opções mais fáceis de trocar na rua. Com isso, a motivação para fabricar os bioabsorventes estava completa.
"Os bioabsorventes da Mimosa são feitos com 100% de algodão, botão de pressão para melhor se ajustar na calcinha e estampas fofas. Nosso processo é todo artesanal, então colocamos muito amor e carinho em tudo que fazemos", detalha Maria Eduarda. A aceitação e a procura do público têm sido grande e, ao exporem em feiras, sempre aparecem pessoas curiosas para testar e entender mais sobre as "almofadinhas de pano".
Outra marca brasiliense que se dedica a produtos menstruais é a Lunittas (@_lunittas), fundada pela estudante Natália Gonçalves. A busca por um estilo de vida mais sustentável foi o que a motivou a pesquisar sobre novos artigos de higiene, mas o objetivo vai além de reduzir o uso dos absorventes descartáveis. O maior cuidado com a saúde íntima, evitando os químicos industriais, foi também uma preocupação.
A relação das mulheres com seus corpos e a discussão sobre menstruação é, para Natália, algo extremamente importante. "Fomos educadas a não gostar do nosso próprio corpo e a odiar o fato de sangrar todo mês. Com produtos que não são descartáveis, logo percebemos que, em algum momento, teremos que lavar e tocar no nosso sangue, gerando outro sentido nessa relação.", explica.
A finalidade do empreendimento tem sido cumprida, visto que o feedback das clientes é bastante positivo, com relatos de melhora, tanto na relação com o corpo quanto no bem-estar físico. "Não se trata apenas de uma marca, acreditamos que podemos ajudar mulheres a terem uma vida mais saudável e feliz", finaliza a jovem. No momento, o principal meio para adquirir os itens é pelo site, com expectativas de expandir os negócios futuramente.
Alimentação balanceada
Investir na saúde por inteiro inclui também alimentar-se adequadamente. A nutricionista e especialista em saúde da mulher Lígia Carneiro sugere observar em qual fase o ciclo está, já que o corpo demanda nutrientes diferentes em cada momento. Na fase lútea, pós-ovulação, o hormônio progesterona, responsável pela manutenção de uma possível gravidez, aumenta no início do ciclo, trazendo vitalidade e energia, e cai, ao final, gerando os sintomas da TPM.
Para impedir que essa redução ocorra de forma brusca, estratégias nutricionais com foco em detoxificação são essenciais. Portanto, recomenda-se consumir alimentos ricos em vitamina C e B6, cálcio, magnésio e ômega-3, além de sementes, como a de girassol. Pratos que contenham triptofano, como aveia, folhas verdes, ovo, banana, chocolate amargo, colaboram para melhorar o humor, o prazer e a sensação de bem-estar, como ressalta Ana Luiza Resende.
Na fase folicular, antes da liberação do óvulo, há a predominância do hormônio estrogênio, diretamente relacionado à produção de serotonina e ao aumento da libido. Em desequilíbrio, ele pode aumentar inflamações e gerar estresse. Para evitar isso, a dica é investir em fitoestrogenos — compostos que regulam esse hormônio — como a linhaça. Boas fontes de carboidratos, como tubérculos e frutas, também auxiliam no processo.
"Evitar toda categoria de açúcar, refinados, industrializados, álcool, além de procurar ter um sono adequado e modular o estresse, mantendo a atenção ao momento presente, praticando técnicas de meditação e fazendo atividade física, são recomendações fundamentais para regular os hormônios", finaliza Lígia Carneiro.
Mente sã,
fluxo são
A psiquiatra Nathália Arruda explica que existem fortes evidências de que o estresse emocional, oriundo de quadros depressivos e ansiosos, inibe o eixo hipotálamo-hipótese-gônadal e causa irregularidade menstrual, amenorreia (ausência de menstruação) e até infertilidade. "A função cíclica ovariano pode ser facilmente perturbada por um estresse emocional, levando à interrupção temporária da menstruação", completa. A serotonina, principal neurotransmissor envolvido em patologias como depressão e ansiedade, age como uma dupla com o estrogênio, então, quando um está baixo é provável que o outro também esteja.
A ligação entre neurotransmissores e hormônios justifica também as alterações de humor na TPM. Entretanto, no que concerne ao momento pré-menstrual, é necessário avaliar a intensidade dos sintomas, já que em casos mais debilitantes, há de se avaliar a possibilidade de existirem patologias, como o transtorno disfórico pré-menstrual. No TDPM, as mudanças de temperamento e os sintomas físicos geram prejuízos significativos para a pessoa, tais como instabilidade emocional, irritabilidade, tristeza, baixa autoestima, tensão e angústia. Os principais tratamentos estão ligados a mudanças no estilo de vida, a medicações e a pílulas anticoncepcionais.
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