O período de isolamento social, necessário para conter a proliferação do vírus da covid-19 mudou expressivamente a maneira como as pessoas se vestem, em especial, aquelas que puderam trabalhar em home office. As roupas mais formais e os uniformes deram lugar a peças mais leves e confortáveis; os saltos, por exemplo, foram substituídos em peso pelos chinelos e, em muitos casos, pelos pés descalços.
Agora, com a retomada gradativa das atividades presenciais, questiona-se como equilibrar esses dois estilos de roupas, já que uma grande maioria não quer abdicar do bem-estar, enquanto também deseja manter a elegância que os ambientes corporativos exigem.
Para muitos, a referência da moda de escritório está no estilo tradicional, presente em profissões que demandam maior formalidade, e abarcam peças com cores neutras, recortes mais retos e sapatos fechados. Quem não se lembra, por exemplo, da personagem Rachel Green, do seriado Friends, que se vestia exatamente dessa forma?
Hoje, em contrapartida, existem trabalhos que são mais flexíveis em relação às vestimentas, como explica a consultora de imagem Camila Côrte, do perfil Consumencia (@consumencia). "Escritórios de advocacia e de publicidade são ambientes institucionais, porém exigem um nível de formalidade diferente. Manter uma coerência nas escolhas conforme o nível de formalidade do trabalho é sempre uma estratégia que funciona."
O que não significa que looks mais formais não possam ser coloridos, descontraídos e confortáveis. Certas combinações permitem essa maleabilidade, seja na escolha dos tecidos, seja no uso de acessórios modernos e diferentes. Para Camila, que também é funcionária pública e, portanto, trabalha em ambiente corporativo, a calça de alfaiataria é um ótimo exemplo, associá-la a uma camiseta e optar por cores que fujam da neutralidade é uma opção moderna e, ainda, sofisticada.
Além disso, outras possibilidades que prezam pelo conforto estão na substituição dos saltos por sapatos formais mais baixos, como os mocassins, e das calças e saias mais justas por modelagens mais soltas. O jeans pode ser combinado com o blazer e o terno de alfaiataria com um tênis. "É interessante pensar na desconstrução de um estilo tradicional a partir da junção com elementos menos óbvios", completa a consultora.
Sobre as novidades, a consultora de imagem e criadora de conteúdo digital Michele Passa (@michelepassa) aposta nas cores vivas, resultado do movimento "Dopamine Dressing" — premissa de que as cores das roupas influenciam no humor e vice-versa. Os tons mais claros, entretanto, que transmitem calmaria, também estarão presentes, como as candy colors, em amarelo pastel, menta, azul serenity, nude, rosa pastel e lilás.
Já em relação aos recortes, o estilo romântico estará em alta, com mangas bufantes e babados, além dos tecidos artesanais e com toque suave e sedoso, "quase como um carinho na pele", ressalta Michele. Para o look de escritório, que tal experimentar peças com essas características? Uma camisa rosa pastel pode combinar bem com uma calça de alfaiataria menta, por exemplo.
Não se pode esquecer dos acessórios, que complementam e trazem bastante personalidade à composição. Bolsa baguete, lenços nos cabelos e até colares de miçangas, que estão em alta, podem ser utilizados em ambientes corporativos mais informais, como os escritórios de publicidade, que prezam, inclusive, pela criatividade.
Atenção ao dress code
Durante a pandemia, teve quem deixou o conforto em segundo plano, mas sem abandoná-lo totalmente, e optou por se arrumar da forma como faria se precisasse trabalhar presencialmente. É o caso da advogada Jéssica Carreiro Matias (@jessicamatias) que, em home office, absteve-se apenas do salto
alto. “As reuniões com clientes e audiências exigiam uma apresentação mais formal, cuidado com a blusa, o blazer, a maquiagem, o cabelo e os acessórios”, conta.
Hoje, ela faz uma mistura dos dois estilos: o confortável e o formal. Peças mais tradicionais tendem a ser combinadas com roupas que são tendência, mas sempre com atenção ao dress code do ambiente de trabalho. Por isso, para ela, itens tradicionais ainda são os mais versáteis, entre eles o blazer, as calças de alfaiataria, o scarpin ou mocassim, além dos tons mais sóbrios. O conforto e a personalidade ficam por conta dos tecidos, recortes e, claro, dos acessórios.
Para a criadora de conteúdo Michele Passa, o dress code, isto é, o conjunto de regras de vestimentas para cada ocasião, não restringe a possibilidade de mostrar o estilo pessoal, que sempre estará impresso no look, mesmo quando é necessário utilizar uniformes. E isso ocorre com o auxílio dos complementos — da forma de prender o cabelo até as cores escolhidas para a maquiagem. Há o alerta, além disso, para o cuidado ao usar peças só por serem tendência, que podem soar caricatas, quando não associadas aos próprios gostos.
Em concordância, para a consultora Camila Côrte a palavra-chave é adaptação. “É importante lembrar que a nossa imagem sempre comunica, então é essencial refletirmos sobre como cada elemento da composição pode influenciar no resultado”, finaliza. Roupas inapropriadas ao ambiente podem gerar um ruído significativo na aparência de quem quer transmitir credibilidade, profissionalismo e comprometimento.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira
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