Ao ter um animal de estimação, principalmente um gato, é necessário estar atento a sua hidratação, que vai muito além de beber água. Por serem originários de ambientes desérticos, os felinos não costumam consumir muita água e isso tende a ser uma preocupação extra para os donos desses animaizinhos.
Provenientes de uma região com pouca oferta de água, o animal se adaptou a consumir água de dentro do próprio alimento. "Na natureza, quando o gato caça ele toma pouquíssima água, porque não há necessidade. Então, com a domesticação, a gente colocou a ração seca para gatos, que por mais que seja balanceada, não tem água, diferentemente de uma presa", explica a doutora em medicina felina, Giovana Mazzotti.
Com base na condição originária dos gatos, a mestra em saúde animal Flávia Melo explica que, para a estimulação hídrica, o ideal é uma alimentação mista. "Recomendamos uma alimentação composta de ração seca e úmida, a oferta de fontes de água — que fazem barulho de água corrente e, por isso, ativam a curiosidade de felinos. E dispor vários potes espalhados pelo ambiente."
Pensando nisso, a arquiteta Mariana Rocha, dona do persa exótico Loki, que está prestes a completar dois anos, diz que, após o gato passar por um processo de desidratação, espalha vários potes e fontes de água pela casa. "Ele ficou desidratado enquanto fazia um tratamento contra um protozoário. Ficou sem comer, beber água e tinha muita diarreia. Quando percebemos, levamos ele para a emergência veterinária e verificou que ele estava desidratado, ficou internado para tomar soro e para poder continuar o tratamento que estava fazendo antes."
"O principal problema decorrente da desidratação crônica são as doenças renais, que são bastante comuns em gatos. A desidratação também pode predispor a ocorrência de cálculos de trato urinário, nos rins, uretra ou bexiga", esclarece a veterinária Flávia Melo.
Renata Porto tem cinco gatos. Além disso, é cuidadora de gatos, auxiliar de veterinário e estudante de comportamento felino. Um dos seus gatos, Miguel, de 12 anos, parou de comer e, logo no segundo dia, ela o levou a um veterinário, que constatou a desidratação. O problema evoluiu para uma pancreatite.
Já o Bart, gatinho da jornalista Márcia Gargalhone, desenvolveu cristais nos rins. "Ele gostava de beber água no tanque e não costuma beber a água filtrada na fonte. De acordo com a veterinária, ele não chegou a desidratar, mas me recomendou que ingerisse mais ração úmida. Eu ainda coloco mais água."
Giovana Mazzotti reitera que a ração úmida é uma das melhores opções para suprir a necessidade de água do dia a dia do gato. "O ideal é usar a imaginação, uma coisa que nós veterinários sempre frisamos é que tenha vários potes de água espalhados pela casa. Normalmente os gatos gostam de água de potes com borda larga e do uso de fontes, onde além de deter o barulho a água fica correndo."
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira