Lipedema é uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura no corpo, em especial nos membros inferiores e, em situações mais avançadas, nos membros superiores, causando o aumento de volume dessas regiões. As causas não são totalmente esclarecidas, mas há relação com fatores genéticos e, principalmente, hormonais, já que, segundo o Instituto Lipedema Brasil, esta síndrome depende dos hormônios femininos — estrógeno e progesterona — para se desenvolver. Especula-se que a desregulação de gordura que ocorre com o distúrbio é causada pelo desequilíbrio do estrógeno.
Por isso, acomete em grande parte mulheres, fato confirmado pelo cirurgião vascular, do Hospital Brasília, Carlos Schüler: "Muitos dos pacientes são do sexo feminino, podendo corresponder a até 98% dos casos. Estima-se que entre 10 e 16% das mulheres podem apresentar lipedema, o que em medicina é considerado um número bastante expressivo". Momentos que apresentem mudanças hormonais significativas como a puberdade, a gestação, a menopausa e o uso de anticoncepcionais devem receber maior atenção, uma vez que podem alavancar a doença.
Schüler ressalta a importância de se conhecer o lipedema, seus sintomas e possíveis tratamentos, visto que por muito tempo discutiu-se pouco sobre esse problema, por não estar relacionado à letalidade. Devido à falta de informações, muitos pacientes o confundem com a obesidade, por exemplo, e frustram-se ao não perceberem avanços em intervenções convencionais, como dieta e atividade física que, apesar de serem recomendadas, não ajudam a reverter a patologia.
A angiologista e cirurgiã vascular Carolina Melo explica, entretanto, que lipedema e obesidade podem coexistir, mas em todo caso é importante ter atenção às diferenças entre esses: enquanto no primeiro caso a gordura concentra-se nos membros, de maneira simétrica, no segundo, há esse excesso em todo o corpo. "Pacientes com lipedema que permanecem com peso normal e regularmente praticam atividades físicas têm menos sintomas, melhor capacidade funcional e menos complicações", lembra. Já no caso do linfedema, há o acúmulo de líquidos e proteínas nos membros, mas de forma assimétrica e sem poupar mãos e pés, como ocorre no lipedema.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira