Personagens clássicos são aqueles que, anos mais tarde, ainda causam burburinho, torcidas e despertam raiva no público. Assim é Said, um dos protagonistas de O clone, novela que estreou em 2001, foi reprisada no Vale a pena ver de novo em 2011 e no canal Viva, em 2019. Atualmente, o folhetim está em cartaz na faixa de reprises da Globo.
Intérprete de Said, Dalton Vigh lembra que O clone é sua sexta novela, a primeira na Globo, e que marcou bastante a carreira dele. "Foi um divisor de águas. Muita gente ainda não conhecia meu trabalho. Said foi o personagem que me apresentou para o grande público", conta, em entrevista ao Correio.
Said dividia o público. Algumas pessoas torciam pelo final feliz ao lado de Jade (Giovanna Antonelli), mas havia quem visse no empresário uma espécie de vilão por causa de atitudes tidas como machistas, sob o olhar da cultura ocidental. Talvez essa interpretação de Said fosse mais forte, caso O clone estivesse estreando agora. "Acho difícil dizer que Said seria mais aceito hoje ou que não. Da mesma forma que estamos aprendendo a conviver civilizadamente, com respeito mútuo e irrestrito, vejo também que há uma corrente contrária que prega o ódio e a ignorância", reflete o ator.
Apesar da reprise bem-sucedida de O clone, o olhar de Dalton Vigh não está apenas no passado. Ele se prepara para voltar às produções infanto-juvenis em Poliana Moça, do SBT, como o misterioso Sr. Pendleton. "A gente vai ver um outro Otto, paternal, mais carinhoso, mais próximo da filha e com uma namorada", adianta Dalton. "É a segunda vez que volto a um personagem depois de um hiato. A primeira foi com o Klaus de Cinquentinha (2009) e depois Lara com Z (2011). É um exercício interessante", completa.
Além das telas, Dalton Vigh quer voltar aos palcos este ano. Com a atividade parada quase dois anos por conta da pandemia, o ator aplaudiu de pé colegas que não se deixaram esmorecer e abraçaram o teatro on-line. "Não é a presença ou ausência de plateia que define o teatro como arte. Sou muito a favor do teatro on-line como forma de levar a arte para todos os cantos do mundo sem preconceitos. Não só podemos assistir a espetáculos estrangeiros, mas também exibir nossas produções para outros países", afirma.