Globalização

Saber pelo menos uma língua estrangeira é cada vez mais importante

Falar outro idioma faz com que nosso cérebro seja mais flexível, puxe pela criatividade, exercite a memória, instigue a tolerância, derrame confiança

Correio Braziliense
postado em 23/01/2022 18:04
 (crédito:  Carlos Vieira/CB)
(crédito: Carlos Vieira/CB)

Entender outras pessoas e ver o mundo com outros olhos. Falar outro idioma faz com que nosso cérebro seja mais flexível, puxe pela criatividade, exercite a memória, instigue a tolerância, derrame confiança. São tantas as vantagens que, nesse momento em que vivemos quebra de barreiras e limites, falar várias línguas, sobretudo, acrescenta uma visão de pertencimento ao mundo globalizado. Expande conhecimentos e oportunidades.


Assim pensou, por exemplo, a estudante de medicina veterinária Ester Werneck, 18 anos. Espelhando-se na irmã que foi estudar no exterior, ela decidiu se aprofundar no estudo do inglês, para além do que era ensinado no currículo escolar comum, e, com 13 anos, foi matriculada na Casa Thomas Jefferson, onde concluiu o curso no nível avançado.


Segundo a jovem, o aprendizado da língua inglesa foi facilitado pelo consumo de conteúdos em inglês presente na televisão e na internet, como músicas e filmes norte-americanos. “Trocar o idioma do celular também contribuiu bastante para esse processo”, completa.


Apesar de não ter um objetivo específico quando iniciou os estudos em inglês, a estudante acredita que aprender pelo menos uma segunda língua que seja “universal” é essencial tanto para o crescimento pessoal quanto para o mercado de trabalho, sendo um diferencial.


Áurea Bartoli, diretora da Maple Bear Brasília Sudoeste, confirma a convicção de Ester. Ela explica que há um tempo ouvimos que, no futuro, não teríamos mais a barreira linguística e que estamos vivendo esse processo, onde o foco é aprender diversos conteúdos, conhecer diferentes culturas, em outras línguas. “Vivemos em um mundo globalizado, e a pandemia reforçou o fato de não existir mais barreiras quanto aos espaços e às línguas. No Brasil, há uma tendência de crescimento das escolas bilíngues, em especial considerando a língua inglesa como segundo idioma”, acrescenta.


Aprendizes para toda a vida


A aprendizagem de línguas estrangeiras sempre cativou a estudante de Letras Thaís Motta, 26 anos, que hoje acumula experiências em sete idiomas: inglês, espanhol, francês, coreano, alemão, mandarim e libras, sendo os quatro primeiros aqueles em que tem maior proficiência. O interesse começou quando ainda estava no ensino fundamental e, motivada pelos pais, aprofundou-se nos estudos do inglês. Já nos anos seguintes, atraiu-se pelo coreano e, ao finalizar o ensino médio, iniciou um curso da língua na Coreia do Sul. A partir disso, não parou mais, e a lista de idiomas só cresceu.


Segundo ela, três fatores foram determinantes em seu processo de aprendizagem: as motivações, que, com o passar dos anos, foram tornando-se mais claras e objetivas; a experiência prévia com o inglês, que favoreceu o contato com as línguas aprendidas posteriormente; e a facilidade com alguns idiomas que, no caso dela, deu-se mais pela afetividade do que pelas semelhanças linguísticas com o português. “Por mais contraditório que seja, eu achei mais fácil aprender coreano do que melhorar meu espanhol, pois houve uma motivação imensa em estudar essa língua, uma paixão pessoal”, conta.


Entre os benefícios de aprender línguas, Thaís cita a ampliação das perspectivas linguísticas e culturais, já que ambos os aspectos estão interligados. “A própria gramática da língua coreana reflete a hierarquia presente naquela sociedade; situar-se dentro dessa estrutura em relação a si e aos outros é extremamente importante, e as escolhas vocabulares, por exemplo, refletirão isso”, destaca. Quem também cursou a graduação de PBSL foi a professora e empreendedora Bruna Lima, 22, que já ensinou português para estudantes de inúmeras nacionalidades — russos, americanos, ingleses, colombianos, franceses, venezuelanos e palestinos. A jovem iniciou os estudos em inglês e francês ainda no período escolar, pelo Centro Interescolar de Línguas, e lembra que o processo foi difícil, gradualmente superado pelo apoio dos pais.

 

Quanto mais cedo, melhor


Comunicação, criatividade, colaboração, empatia e pensamento crítico são habilidades essenciais para o século 21, diz Michelle Manzur, diretora executiva do Leonardo da Vinci. Segundo ela, essas qualificações foram levadas em conta quando a escola formatou seu programa Da Vinci Bilíngue.


“No contexto atual, é inegável que uma educação bilíngue é peça fundamental na jornada acadêmica e, futuramente, profissional de nossos estudantes. Diante disso, o nosso programa prevê uma formação linguística conciliada com uma abordagem multidisciplinar. Além do inglês, oferecemos o espanhol, por meio de uma metodologia inovadora”, explica a diretora.


Especialistas são unânimes em recomendar que, quanto mais cedo, melhor a imersão da criança na língua estrangeira. Para Paula Lorenzon, psicóloga e pedagoga, especializada em neuropsicologia e psicopedagogia, os benefícios cognitivos de aprender outros idiomas ainda na infância são inúmeros.


“O cérebro da criança se acostuma com a troca de idioma, ao mesmo tempo em que assimila as características da sua língua materna, o que facilita seu desenvolvimento, podendo a criança ter mais concentração, fluidez na leitura e na escrita, maior criatividade, flexibilidade da mente e pensamento crítico”, enumera.


Lorenzon acrescenta que é no desenvolvimento da criatividade, expressões faciais, eloquência, ganhos na escrita e leitura por meio da articulação dos sons que a criança amplia seu repertório verbal e não verbal, facilitando, consequentemente, o desenvolvimento social.


“A alfabetização numa segunda língua não traz apenas o benefício da comunicação em outro idioma. Com a proficiência na língua estrangeira, o jovem adquire outras habilidades, tais como pensamento mais amplo, resolução de problemas, fácil adaptação e respeito a outras culturas. Essas habilidades fazem a ponte para um mercado global promissor”, atesta Cristina Albernaz, diretora da Maple Bear Asa Norte.

Para quem está estudando línguas

» Tentar tornar o aprendizado mais prazeroso, unindo o idioma a algo do seu interesse, como filmes e séries, pode facilitar a internalização de regras e vocabulários;

» As redes sociais estão aí! Aproveite para acompanhar perfis de estrangeiros e fazer a leitura de posts mais simples para, posteriormente, se arriscar em textos e até livros maiores;

» Deixe a vergonha de lado e arrisque-se a conversar com falantes nativos; eles podem acrescentar conhecimentos relevantes ao seu estudo;

» Pesquise assuntos corriqueiros em outras línguas nas plataformas de busca da internet, isso poderá aumentar consideravelmente o seu vocabulário;

» Por fim, respeite o seu processo de aprendizagem, individual e subjetivo. Algumas pessoas aprendem em três anos, outras em seis, por exemplo, e essa diferença de tempo é natural.

 

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação