Juliana Peres, 33 anos, mais conhecida como Juju, cresceu em meio à fotografia. Pai, irmã, irmão — e outros fotógrafos que ela considera tios — são todos da profissão. "Posso não estar com eles no dia a dia, mas sempre arrumamos tempo para nos ver. Domingo passado, tomamos café da manhã juntos", lembra. Não tinha outra: ela também carrega a paixão por fotografia, que veio, principalmente, por influência do pai. Ainda guarda a primeira máquina fotográfica, dada por ele.
Juju é uma pessoa com deficiência e, entre o trabalho de servidora pública e várias outras atividades, que incluem um grupo de percussão, é também assistente do Festival Mês da Fotografia, projeto do pai, Eraldo Peres. A iniciativa é da ONG Lente Cultural, da qual a irmã dela, Carol Peres, 40, é produtora e coordenadora. Prova de que a fotografia realmente permeia todo o ciclo familiar.
A ONG Lente Cultural organiza ações na área de artes visuais desde 2010. Leva exposições, em parceria com o Sesc, para as regiões administrativas do DF. Já passaram por Ceilândia, Sol Nascente, Riacho Fundo e até outros estados. A ideia é abrir espaço para pessoas iniciantes no ramo.
Carol conta que as atividades do negócio sempre levaram em consideração a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) e outras minorias que têm dificuldade de acesso à cultura. Mas, até o ano passado, o Mês da Fotografia, que acontece em agosto, não havia contado com uma categoria exclusiva para PCDs. Pensando nisso, a edição de 2021 foi encorpada com oficina de fotografia para pessoas com deficiência visual e uma para deficientes auditivos.
"Fui monitora inclusiva da edição deste ano. Antes disso, participei de um treinamento para entender melhor como guiar uma pessoa deficiente visual ou uma pessoa que é cadeirante, foi superemocionante. Eu, que sou uma pessoa com deficiência, entendi como me comunicar melhor com outra pessoa com deficiência", conta Juju.
Experiência
Na edição deste ano, a presença de Juju foi além dos bastidores: "Juju foi quem fez a leitura descritiva do conteúdo, que incluiu palestras e apresentações", diz Carol. Para Juliana, a participação em atividades de promoção do festival a fizeram se sentir importante: "As pessoas foram descobrindo que eu me comunicava bem e, aos poucos, minha irmã foi me chamando mais e mais para divulgar o festival. É trabalhoso decorar falas e fazer gravações, mas gratificante".
Já fez curso na Escola Brasiliense de Fotografia, onde se apaixonou por sombras. No auge da pandemia, fez uma série de fotos em casa, usando máscaras, luvas e a luz da janela. "Registrei a minha interpretação de como superaria aquele momento", diz. A produção vem sendo bastante reconhecida. Mesmo com experiência na área, Juju se considera uma fotógrafa amadora.
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