A chegada do professor de história Chase Stanley, 50 anos, aos clubes literários foi um processo natural que começou desde cedo, quando ele se apaixonou à primeira vista pelas histórias em quadrinhos. Hoje, a sua relação com os livros é tão profunda que ele participa de 12 clubes de leitura diferentes. "O que mais me encanta na literatura é poder vivenciar a história dos personagens, conhecer diversos lugares espalhados no mundo pela visão de outra pessoa, conhecer outras culturas e todos os aprendizados que a maneira como aquilo é apresentado para você traz", destaca.
No total, Chase chegou a participar de mais de 30 clubes de leitura, até que percebeu que não conseguiria acompanhar todos eles. O Clube Desafio Literário, Livros Digitais, Lendo Machado e Halloween Nacional, dedicado ao mês das bruxas, são alguns dos clubes que ele faz parte atualmente. Quanto às razões que o atraem às leituras compartilhadas, o historiador revela: "Acho que o compartilhamento abre horizontes em relação à maneira com que os outros enxergam os detalhes dos livros. Há uma ampliação do universo da leitura, de autores, e de outros gêneros literários. Por último, acho que participar desses clubes é uma forma de difundir as leituras brasileira e estrangeira entre colegas e apresentar visões novas, para que as pessoas aprendam a ter gosto pela leitura".
Durante a pandemia, ele não intensificou o hábito de ler, mas manteve a média de 4 a 5 livros mensais. Chase Stanley nota que a mudança trazida pelo confinamento foi a melhora na qualidade da leitura. "Uma das coisas que o clube de leitura me apresentou foi a maneira como você lê, qual o objetivo real do livro, não só a leitura pela leitura, pela história, mas passei mais tempo conhecendo a obra e o autor. A coisa mais gostosa que eu fiz foi intensificar o alcance que aquele livro poderia ter."
O historiador é um grande defensor de uma maior acessibilidade a livros e à cultura no país. Para ele, o único caminho para o avanço do desenvolvimento do país é a difusão da leitura. "Todos os países que valorizaram a cultura e a educação têm dado saltos na formação total e completa do seu povo. Eu acho que um país de leitores é mais avançado, mais crítico, mais político, conhece melhor o que quer hoje para que o amanhã seja benéfico para todos eles", avalia.
Literatura como pilar
O editor Victor Tagore acredita que os livros são os grandes pilares de uma sociedade tecnológica. "A leitura é fundamental para qualquer tipo de sociedade que esteja querendo se relacionar com a tecnologia. A gente está passando cada vez mais por uma revolução. É fundamental as pessoas entenderem que a leitura é essencial para ampliar a capacidade delas entenderem o mundo", argumenta.
Apesar das dificuldades que ainda persistem, Victor possui uma perspectiva otimista em relação ao espaço que existe no Brasil para os livros. À medida que as pessoas estão tendo mais acesso à informação, maior a fome por livros e conhecimento. O próximo passo, nas palavras de Victor, é despertar o encanto das pessoas pela leitura: "Se você criar uma sociedade de pessoas mais curiosas, mais interessadas, com vontade de aprender, a gente tem condições de fazer coisas muito legais. Eu luto por uma sociedade de curiosos, pessoas que estão querendo fazer algo diferente, que não aceitam o mundo do jeito que é apresentado para eles, que querem trazer coisas novas e soluções para o mundo".