Ana Carolina Mamede John é o que pode se chamar de uma pessoa festeira. Desde criança, ela ama confraternizar com os parentes e amigos e faz questão de preparar tudo — da decoração à comida, sempre atenta a todos os detalhes. Na infância, costumava fazer bolos e doces no seu “restaurante” imaginário e os “vendia” para os irmãos. “O pagamento era com cédulas do Banco Imobiliário. Era comida de verdade e dinheiro de mentira. Eu sempre acabava a brincadeira rica e eles felizes com a comilança”, diverte-se.
Nascida em Belo Horizonte, Carol viveu na capital mineira até os 10 anos, quando se mudou com os pais e os irmãos para Brasília. Ela lembra que fez o seu primeiro bolo aos 5 anos de idade para receber a visita da avó paterna e madrinha, Raimunda Gonzaga Mamede, boleira de mão cheia. “Os meus pais se casaram em Belo Horizonte e ela, que morava aqui, preparou um bolo de cinco andares, colocou em uma caixa sob medida e mandou de avião. Não era maquete, era bolo de verdade. E gostoso. Imagina a logística? Isso há mais de 40 anos.”
Com a mudança para a capital, Carol ficou ainda mais próxima da avó e teve a oportunidade de aprender muito sobre confeitaria. “Uma vez, ela fez um bolo para o meu tio que era um livro aberto, todo escrito com uma letra linda. A cada aniversário dos filhos e netos, ela preparava um mais bonito que o outro. Acho que herdei dela este amor por festejar a vida.”
Mas, até então, a confeitaria era apenas um hobby na vida da mineira. Ela cursou farmácia e administração de empresas, abriu a própria farmácia, casou-se e seguiu organizando as festinhas da família. “Quando criança, fazia festa para as bonecas, os cachorros... Para a minha mãe, costumava organizar surpresas de aniversário, com direito a convidar todas as amigas dela”, recorda-se.
Quando a filha mais velha completou 1 ano, claro que Carol não poderia delegar os preparativos da celebração para outra pessoa. Decidiu que faria, ela mesma, a decoração e o bolo. E seria de pasta americana — um desafio, já que nunca tinha trabalhado com a técnica. Comprou uma máquina de corte a laser, estudou sobre o assunto e começou a treinar.
Um dia, estava passeando em um shopping quando viu uma vitrine toda enfeitada de borboletas 3D. Carol perguntou aos funcionários quando eles tirariam a decoração e fez a proposta de comprar o material. Estava definido o tema da festa da filha. “O meu primeiro bolo em pasta americana foi um desafio. Não ficou perfeito, mas ficou gostoso. E os defeitos eu fui disfarçando com as borboletas.”
A festa foi um sucesso. E todos repetiam a mesma pergunta: quem tinha feito o bolo e a decoração? Isso foi há 12 anos — Isabela, hoje, tem 13 —, mas Carol recorda-se com muito carinho daquele dia. “Tínhamos um grupo de mães no Yahoo, nem tinha WhatsApp na época, e começou a aparecer mensagens de várias mulheres pedindo ajuda para fazer as festas dos filhos.” Como boa festeira, ela procurava ajudar a todas.
Com o tempo, Carol viu que aquele hobby poderia, sim, transformar-se em negócio. E decidiu aprender mais sobre confeitaria. Fez alguns cursos em Brasília e, em 2012, seguiu para Portugal, onde passou três meses na Istifaz-se Escola Cake Design. “Voltei com dois certificados e a missão de fazer o bolo de casamento, de seis andares, da minha irmã.” A mineira também aproveitava para mostrar a avó tudo o que tinha aprendido. “Ela adorou quando viu que os bolos não precisavam mais ser feitos daquela massa de mel, dura e consistente, para se sustentarem.”
Surgia, assim, a Calissa — junção de Carol e Elissa, sua irmã e melhor amiga — em que a confeiteira se propunha a montar festas personalizadas e intimistas. “Hoje, muita gente me chama de Calissa, já até me considero a Calissa”, brinca. A confeiteira criou um blog, no qual postava as fotos das celebrações que criava — de aniversário a batizado, de casamento a chá de fraldas. E foi conquistando uma clientela fiel.
Daí veio a pandemia e as festas precisaram ser suspensas. Mas Carol não se deixou abater e criou alternativas — só não dava para deixar de celebrar a vida. Criou a festa na caixa, a Gift box, na qual chegava à casa do cliente uma grande caixa, com 80cm de cada lado, embrulhada em forma de presente. “Quando ele abria, lá estava uma minifesta, com decoração, bolo, docinhos, vinho...” As cestas personalizadas também fizeram muito sucesso. “No primeiro Dia das Mães da pandemia, vendi 86 cestas. Foi uma loucura”, recorda-se.
As minifestas também foram um sucesso durante o isolamento. “Tinha cliente que pedia apenas um bolo de 1kg e 10 docinhos, muitas vezes, nem era lucrativo, mas procurei atender a todos. Eu fico feliz em ver a felicidade do outro.”
Para dar conta dos pedidos, Carol tem uma sócia e concentra a produção em uma cozinha industrial no Guará. “Já não consigo permanecer na produção do dia a dia, mas todas as receitas são testadas e aprovadas por mim.” Além disso, todos os produtos feitos com pasta americana ficam sob sua responsabilidade, assim como a garantia da montagem dos eventos. “Trabalhar com pasta americana é algo muito delicado e demorado. E, Infelizmente, as pessoas não dão o valor merecido.”
Em dezembro do ano passado, Carol abriu um espaço físico para ajudar no planejamento das celebrações. A FSTA & CO é um coworking de festas, onde ela divide o ambiente com oito parceiros. São fotógrafos, decoradores, iluminadores, empresas de mobiliário, enfim, tudo para o planejamento do grande evento. “Muitas dessas pessoas não tinham um local para receber o cliente, apresentar seu trabalho, fazer degustação.”
E o local, na QI 11 do Lago Sul, promete, por si só, ser uma festa. No sábado passado, Carol produziu um evento piloto para celebrar o Dia das Crianças, com direito a piquenique, troca de gibis, crepe no palito e cineminha ao ar livre.
Com o avanço da vacinação, aos poucos, as celebrações estão de volta. Ainda meio acanhadas, mas, com segurança, ganhando espaço. E Carol não poderia estar mais feliz. “Um dia, perguntaram à minha avó qual era o objetivo de vida dela. E ela respondeu: festejar. Esse também é o meu objetivo: festejar cada conquista, cada dia de vida e ser feliz.”
Torta alemã
Ingredientes
200g de manteiga sem sal (1 tablete)
1 xícara (chá) de açúcar refinado
1 lata de creme de leite gelado (segredinho)
1 pacote de bolacha maisena
Leite integral, o quanto baste para molhar a bolacha
Essência natural de baunilha
Cobertura
1 barra de chocolate ao leite ou meio amargo
1 lata de creme de leite
Modo de fazer
Bata a manteiga e o açúcar na batedeira até obter um creme bem fofo e liso (segredo: bata até ficar branco, o ideal é usar uma batedeira planetária, as comuns não deixam o creme perfeito)
Acrescente o creme de leite sem soro e a essência natural de baunilha a gosto e bata com um fouet apenas para misturar. Reserve.
Se seu creme empelotar, use o mixer.
Separe um recipiente médio de 20cm com fundo falso para montar a torta.
Acrescente um pouco de leite em um prato fundo e molhe rapidamente algumas bolachas maisena. Não deixe de molho para não amolecer.
Forre o fundo do recipiente escolhido e a lateral com uma camada de bolachas.
Acrescente uma camada do creme reservado sobre as bolachas.
Acrescente mais uma camada de bolachas molhadas no leite e repita o procedimento fazendo duas camadas de creme, finalizando com a bolacha.
Derreta a barra de chocolate ao leite ou meio amargo em banho-maria (ou no micro-ondas) e adicione o creme de leite sem soro.
Cubra a última camada de bolacha com a cobertura.
Leve à geladeira por, no mínimo, três horas ou até que a torta fique bem gelada. Sirva a seguir.
Opção de base farofinha com lateral de Calipso
Ingredientes
50g de biscoito maisena
100g de manteiga
Modo de fazer
Triture o biscoito no liquidificador ou processador e misture com a manteiga, formando uma farofinha úmida. O ideal é que a manteiga esteja amolecida (no ponto que pareça uma pomada). Forre uma assadeira com fundo removível com essa farofinha pressionando bem. Pincele um pouquinho de óleo nas laterais da forma para ajudar na hora de desenformar e arrume os biscoitos de chocolate Calipso ao redor da forma (a parte com o chocolate deve ficar virada para fora). Leve à geladeira por meia hora para que a base fique bem firme.