A tecnologia é uma grande aliada no mundo da beleza e permite, cada vez mais, que cada tipo de pele e cabelo receba os cuidados mais adequados às suas particularidades. Um dos grandes avanços no haircare está relacionado a um sistema de classificação de curvatura de cada fio.
Criado nos Estados Unidos pelo cabeleireiro Andre Walker e publicado como um trabalho científico por pesquisadores que analisaram diversas curvaturas e formas de cabelo em diferentes etnias e origens, o sistema de classificação passou a ser usado para auxiliar a determinar quais os melhores produtos e tratamentos para cada fio.
Carla Scavanez, gerente científica de cabelos da Natura, explica que o sistema mais usado hoje se divide em quatro grandes grupos, sendo eles os lisos, ondulados, cacheados e crespos. Dentro de cada um existem três subgrupos, divididos pelas letras A, B e C.
Dessa maneira, um cabelo 1A é o liso mais chapado, sem ondas ou nenhum tipo de curvatura, o 1B traria um leve movimento e assim por diante até os ondulados, cacheados e crespos.
O sistema, no entanto, é fluido e muitas marcas e profissionais criam nomenclaturas e divisões a partir desta inicial. Rick dos Anjos, expert de cabelos de O Boticário, por exemplo, usa a classificação de maneira inversa, sendo os cabelos crespos o número um e os cabelos lisos o número quatro. Mas seguindo a mesma lógica e subdivisão.
Descubra o seu tipo
O que se leva em consideração para avaliar a curvatura do fio é o diâmetro entre uma curva e outra. O liso não tem curvatura, o ondulado apresenta ondas que se aproximam dos cachos.
Os de número três, os cacheados, são aqueles em que os cachos mais largos se formam e vão diminuindo a distância entre eles conforme mais curvados. Rick explica que o cacheado se diferencia do ondulado quando passa a, de fato, formar uma mola ou uma volta contínua.
Nos crespos, a variação de centímetros entre um cacho e outro é curta e o número de curvas em um mesmo espaço aumenta. "São os cachos mais apertadinhos, menores e mais próximos um do outro", ensina Carla.
"Em muitos crespos também vemos que o cacho é menos definido e se assemelha mais a um zig-zag, tendo um movimento mais em S e mais frisado", acrescenta Rick.
Além da curvatura, o formato de cada fio também é um pouco diferente em cada grupo. Os fios mais lisos têm aspecto mais redondo e ovalado, conforme a classificação vai aumentando, ele se torna mais elíptico. Os fios mais crespos também passam a ter, além dos pequenos cachos, uma torção nos fios, que o deixam mais texturizado.
Apesar das explicações de cada tipo de fio, uma das maneiras mais simples de compreender onde seu cabelo se encaixa é através das imagens que representam cada fio. Muitas pessoas, inclusive, pela grande variedade de fios e texturas existentes, se identificam entre um e outro grupo.
Rick dos Anjos explica que muitas vezes o desenho na própria embalagem do produto pode ser a melhor opção na hora de escolher o que usar. "Podemos falar muito sobre cada fio, mas para algumas pessoas o visual tem um apelo maior. Se você pega a embalagem e enxerga ali um desenho que se assemelha ao seu fio, vai se sentir mais segura em comprar".
Rick acredita que muitas vezes o desenho pode ser mais eficaz que fotos de modelos, uma vez que o cabelo fotografado costuma estar finalizado, arrumado e muitas vezes não reflete visualmente sua real classificação, confundindo as pessoas.
Além da aparência e textura, cada tipo de fio também apresenta uma diferença na porosidade, na estrutura interna do cabelo. Os lisos e ondulados têm uma porosidade baixa, enquanto os cacheados e crespos são mais porosos.
Quando o nível está ou é muito alto, as cutículas capilares estão abertas demais, ou seja, absorvendo menos e perdendo mais água e nutrientes, o que pode causar ressecamento, quebra e frizz em excesso.
As diferentes características inspiram diferentes cuidados e, por isso, é importante investir em um cuidado mais apropriado. Os cacheados e crespos, por exemplo, se beneficiam muito do uso de leave-ins e máscaras finalizadoras, que formam um filme protetor mais denso, diminuindo a perda de nutrientes.
Esse mesmo tipo de tratamento, que aumenta a emoliência e a sensação de hidratação e maciez nos grupos três e quatro, pode ser uma péssima ideia para os lisos e ondulados, que podem ficar com aparência pesada e suja.
Então, na hora de cuidar do seu fio é importante entender do que ele precisa. Produtos e cuidados demais podem ser prejudiciais, caso não sejam necessários. "Você pode comprar um produto super bem recomendado e achar que ele é ruim, mas não significa que ele não é bom, pode apenas não ser o que o seu cabelo precisa ou até mesmo um excesso de cuidado", completa Carla.
Classificação de Andre Walker, pela Natura
Tipo 1: cabelos lisos
Nos cabelos lisos, as letras diferenciam os fios e as texturas, já que esses não apresentam curvas.
1A: são fios finos, mais propensos a dar nó, devido à estrutura.
1B: mistura fios finos com mais encorpados.
1C: fios mais grossos, mais resistentes a curvas (o famoso “cabelo liso pesado”) e mais brilhantes do que os anteriores, devido à facilidade com que o óleo produzido no couro cabeludo chega até as pontas.
Tipo 2: cabelos ondulados
A partir dos cabelos ondulados, as letras diferenciam a textura dos fios e das curvas.
2A: fios finos e com uma suave onda no formato de “S” nas extremidades, deixando o desenho ondulado mais indefinido e com pouco volume.
2B: fios com um pouco mais de definição no formato “S” da curva, podendo apresentar leve frizz no topo da cabeça.
2C: fios com textura mais grossa, bastante volume e curva em “S” bem definida.
Tipo 3: cabelos cacheados
Vão dos cachos soltos aos mais definidos.
3A: fios com curvas mais soltas. Tende a ser o mais hidratado dos três tipos e com maior peso, o que explica a leve perda de definição da curva. Em alguns casos, pode apresentar a raiz do fio lisa, por causa do peso.
3B: fios com padrão de curva em formato “S”, com a raiz mais ondulada e cachos bem definidos e mais “fechados” do que o anterior.
3C: não há consenso na hora de definir esse tipo de fio. É formado por cachos bem definidos e fechados ou “pequenos”. Pode ter definição desde a raiz, sendo considerado por alguns como cacheado e, por outros, como crespo.
Tipo 4: cabelos crespos
Fios que variam entre o formato de “mola” bem apertado e o tipo ainda mais compacto, com menor definição da curva. Tendem a ser mais frágeis e ressecados.
4A: fios bem enrolados desde a raiz, com bastante volume, ondulação em formato de “mola” e forma levemente definida.
4B: fios bem enrolados e com ondulação em formato de “S”, podendo apresentar uma espessura mais fina, com alta densidade e, às vezes, com fragilidade.
4C: fios mais finos e frágeis, com padrão de ondulação em “Z”, não chegando a formar um cacho. Pode causar uma sensação visual de “pesado”, devido às curvas bem juntinhas. Mas não se engane: é o mais frágil dos três.
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