As bolsas têm duplo papel na composição dos looks. Além de serem um item prático do dia a dia, são essenciais para a criação de uma estética que transparece personalidade por meio da moda. Durante a pandemia, a venda dos modelos clássicos e atemporais aumentaram e voltaram a ser um ativo econômico no mercado.
As bolsas existem desde a Antiguidade, mas foi durante a Revolução Industrial que elas se tornaram objeto de desejo. De acordo com Anne Garcia, formada em moda pela Accademia Altieri Moda e Arte, em Roma, Coco Chanel foi uma das estilistas que contribuíram para que esse acessório se tornasse um item de luxo. Desde então, surgem inovações. “São nelas que colocamos tudo. Seja para participar de um evento, ir ao trabalho, viajar ou somente para compor o look.”
Alessandra Campanha, consultora de marketing e de imagem pessoal, explica que, se uma mulher tem uma vida cheia de compromissos, ela vai optar por modelos que permitam carregar tudo o que precisa. Mas as que são mais práticas procuram bolsas menores, feitas de materiais leves e transversais, cuja escolha é em função da distribuição de peso.
A consultora também recomenda que o acessório combine com o look e, principalmente, deixe o visual harmônico com a estatura da usuária, ou seja, seja proporcional ao peso e altura dela. Do contrário, parecerá muito grande ou muito pequeno, e isso não valorizará a silhueta.
Deve-se levar em conta, também, a harmonização do estilo. Antigamente, era regra combinar sapato, cinto e bolsa, tudo da mesma cor. Mas, há anos, o que vale é compor a bolsa com o estilo do vestuário. “Se o look é esportivo, o ideal é que a bolsa tenha uma proposta prática e casual”, exemplifica Alessandra.
Para ela, há, ainda, a opção de criar um contraponto ao look, incluindo uma bolsa em um estilo diferente, mas que harmonize com as cores e as texturas. E se tem uma coisa que esse acessório faz muito bem é criar um ponto focal. Bolsas em amarelo, verde-esmeralda e pink dão um ar de alegria, descontração e jovialidade.
As adeptas do estilo tradicional, porém, costumam ter dificuldade em adotar cores e acessórios diferenciados. Nesse caso, é possível optar pelo metalizado. Tanto prateado, dourado quanto rosé são considerados cores neutras, mas que, diferentemente das demais, modernizam o look.
Outro truque é levar em consideração a cor e a textura com a estação do ano. Tons de caramelo, nude e offwhite com material liso ou pouca textura são ótimas opções para a primavera e o verão, independentemente das tendências. Preto, cinza e vinho com acabamento de camurça ou suede, matelassê e correntes compõem muito bem com looks de outono e inverno.
Cuidados na compra
Se o seu sonho de consumo é ter uma bolsa de grife, Alessandra Campanha e Anne Garcia aconselham investir em um modelo clássico e atemporal. Anne recomenda iniciar com a shop bag, pois é versátil e útil para o dia a dia. Alessandra indica investir na Kelly ou Birkin, da Hermès.
Antes da compra, é importante saber com o que o acessório vai ser usado. Bolsas com materiais que desgastam facilmente e que não são versáteis devem ser evitadas por questões de consumo consciente e de economia. Alessandra explica que, geralmente, esses modelos são cheios de bordados, recortes diferenciados e cores fortes.
Além disso, é bom evitar aquelas que caíram no modismo e que em pouco tempo você vai enjoar. No entanto, se a bolsa tem formato, material e estampa que lhe represente, aí vale a pena abrir um espaço no closet. As especialistas ressaltam que vale a pena investir em uma bolsa ou clutch que tenha materiais duradouros e acabamentos que fazem parte do seu estilo, mesmo que não sejam de grife.
Os tipos disponíveis
As bolsas normalmente são divididas em três vertentes: as clutches (de mão), as de ombro e as de alça longa. Anne Garcia explica que as minibolsas são mais recomendadas para ir a uma festa ou jantar. Por serem pequenas, servem para o básico indispensável ou somente como acessório para compor o look. Os modelos grandes podem ser usados para ir ao trabalho, viagem, no dia a dia ou quando você precisa fazer várias coisas durante a jornada, pois oferecem mais espaço.
Bolsas de alça longa
A bolsa saco, ou também conhecida como bucket bag, tem o formato de um saco e costuma ser bastante macia. Ela pode ter a alça longa ou curta. Assim como as mochilas, são espaçosas e práticas. Versáteis, podem ser usadas no dia a dia, no trabalho ou casualmente.
Já a tote shopper bag, é uma bolsa retangular com duas alças, inspirada nas sacolas de shopping. A tote trapézio surgiu da shopper bag. Ela tem alça longa e alça curta, então, existem opções de usá-las para viajar ou para o trabalho.
Também há a bolsa flip flop messenger, que tem opções grandes e pequenas. Ela tem uma fechadura no meio e pode ser utilizada de frente ou carregada de lado. A menor é uma bolsa para passeio e ocasiões especiais. As maiores são mais recomendadas para o trabalho e viagens.
Por fim, existem alguns modelos, como a satchel, a bolsa carteiro. Com alça longa, é bem firme e rígida e muito indicada para o dia a dia e para o trabalho.
Mochilas
São um modelo essencial. Segundo Anne Garcia, a mais tradicional é a da Prada, em que é possível colocar tudo, desde maquiagens, livros e até computador. Ela destaca que o jeito correto de usar a mochila é atrás das costas e não apenas de um lado no ombro. Já as minimochilas são mais para as fashionistas, pois não contam com espaço para muitas coisas, então acabam servindo para passeio e para complementar o look.
Ainda nas costas, há também a opção da Hobo, uma bolsa grande de ombro, macia e que tem o formato de uma rede de descanso.
Clutches
Existem vários modelos de bolsas clutches. Elas podem ser mais rígidas, brilhantes e com formatos de envelope, mas devem ser usadas para carregar na mão e nunca embaixo dos braços. Já as minibuckets são ótimas para jantares e baladas, pois a alça é grande e com opção de trocar por uma mais curta.
As bolsas de punho, também chamadas Wristlet Wallet, são usadas, principalmente, para sair à noite. A Saddle, ou sela de cavalo, é inspirada nas bolsas que eram presas nas selas de cavalos, com o formato em U. Elas podem ser mini, média ou gigante.
A queridinha
Segundo Alessandra Campanha, a bolsa mais queridinha das famosas é a Birkin. A consultora explica que a marca francesa Hermès produz apenas uma quantidade limitada desse modelo a cada ano, o que a tornou um objeto de desejo. “Conseguir uma Birkin diretamente do criador é uma tarefa difícil, muitas vezes alcançada somente por meio do status social ou pelo histórico de compras na marca”, conta.
A consultora destaca que o desejo por esse modelo aumentou durante a pandemia da covid-19. A procura está sendo tanta que, em novembro de 2020, uma Birkin de pele de crocodilo foi vendida por US$ 390 mil na casa de leilões Christie’s. Os sites de revenda de luxo têm elevado os preços em até 10 vezes do valor original. “Um acessório de moda que pode ser considerado um verdadeiro ativo financeiro no mercado de investimentos”, afirma.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte