Tecidos estilosos não são restritos a pessoas apaixonadas pelo universo da moda. Estilistas brasilienses criam produções voltadas para o mercado dos animais de estimação, com opções para diversos tipos de uso e eventos. Essas roupas não servem apenas para as saídas de casa, também podem estar presentes na rotina, como um momento de conexão do tutor com o animal.
Para crianças, por exemplo, pode ser a oportunidade de perceber o animal de forma carinhosa, ao ajudar a escolher o vestuário para os passeios, colocar uma fantasia divertida ou combinar looks com o animal. É positivo para os cachorros também, pois, com essa prática, acabam recebendo mais atenção e interagindo com as pessoas.
Eliane Raye, fundadora da marca Oh Dog, começou a comercializar roupas para cachorros após trazer algumas peças de uma viagem que fez aos Estados Unidos. Como a revenda dos artigos foi muito rápida, ela iniciou uma fabricação própria, já que não encontrava peças parecidas por aqui. Na época, enviava tecidos para uma costureira em Belo Horizonte, que confeccionava as roupas e enviava pelos Correios.
Instalada na capital há seis anos, hoje conta com profissionais preparadas para fazer as peças, e ressalta que há preocupação com todos os aspectos. Eliane só trabalha com costureiras locais, pessoas que produzem tudo manualmente, e todo o excedente de tecidos e outros materiais é doado para organizações sociais. Também existe um cuidado com o material utilizado na produção, para que todos sejam de qualidade — os metais não enferrujem e estraguem e os tecidos tenham boa durabilidade.
Para o conforto dos bichos, todas as peças têm forros para não causar nenhum tipo de alergia ou irritação. Eliane afirma que sempre busca inovar. A mais recente coleção, por exemplo, inspirada em contos de fadas, inclui luzes led, que podem ser controladas via aplicativos no celular. Demorou em torno de sete meses, desde as primeiras ideias até a viabilização, para que somente fosse vendida se apresentasse total segurança e conforto para o animal, sem esquentar ou pesar.
A maior parte dos clientes de Eliane procura roupas para ocasiões particulares e, para isso, a loja aceita encomendas personalizadas para tamanhos específicos. Claudiane Trindade conta que esse foi o caso de sua cachorra Lucy, de 9 anos, que tem um corpo bem característico, com pescoço longo e peitoral baixo, portanto, difícil de se encaixar em roupas prontas e de qualidade. Ela fez a encomenda para que a Lucy pudesse participar de seu casamento como dama de honra canina e que estivesse tão elegante quanto os convidados.
A tutora afirma que não abriria mão da presença da amiga de quatro patas nessa data especial, por ela ser extremamente presente na história do casal, que está junto há mais de 10 anos. Conta que o vestuário foi um charme a mais e que não demandou grandes adaptações, pois a cadela já era acostumada a usar roupas, principalmente nos períodos frios, já que é da raça galgo italiano, de animais magros e de pelos curtos, mais suscetíveis a baixas temperaturas.
Moda desde o Orkut
A estilista de roupas para bichos Jane Nóbrega convive com a cadela Brenda há 17 anos e, desde o início, procurava formas de vesti-la que não fossem desconfortáveis, apertando ou limitando os movimentos e que, além disso, fossem elegantes e bonitas. Vinda de uma família de artesãs e costureiras, decidiu executar peças para a companheira, que logo começaram a chamar a atenção de familiares e conhecidos, que gostariam de ter artigos parecidos para seus próprios pets.
Percebendo que havia mercado para os trajes, em 2007, começou a postar fotos da cadela com os vestidos adaptados na extinta rede social Orkut e passou a aceitar as encomendas para complementar a renda. Utiliza materiais compatíveis com o objetivo do cliente. Para o dia a dia, geralmente, dá preferência aos tecidos mais leves, a fim de não gerar calor em excesso, principalmente nos mais peludos. Já no inverno e tempos mais frios, usa tecidos que aquecem e trazem conforto ao animal.
A empreendedora relata que, na última década, a demanda por esses produtos cresceu muito e só sofreu impacto da crise sanitária nos primeiros dois meses, estabilizando logo em seguida. Durante toda sua trajetória, ela conta que já enviou centenas de exemplares para os mais diversos locais do país pelos Correios. E, também, já recebeu pedidos muito únicos, como em uma ocasião em que uma noiva trouxe o vestido de seu casamento como exemplo para a roupa da cadela.
Jane executa, manualmente e sozinha, todas as etapas, até o produto final, no ateliê Moda Pet Brenda Nóbrega, nomeado em homenagem a cadela que a inspirou a iniciar esse projeto independente. Ela investe em algumas características marcantes, como o uso de laços, cores diversas e argolas costuradas nas roupas, permitindo que as coleiras sejam atreladas diretamente no peitoral, substituindo as presas no pescoço. Oferece, ainda, coletes e outros adereços, geralmente mais voltados para os cães machos.
Atenção à saúde
O médico veterinário Murilo Brandão faz importantes ressalvas para os responsáveis por animais. A utilização das roupas em cães é permitida, desde que não gere estresse ou problemas no animal, que deve ser sempre respeitado e acompanhado, principalmente nas primeiras vezes vestindo as peças. Com relação a gatos, um cuidado extra deve ser tomado, pois a maioria não consegue se adaptar a trajes e fantasias, tornando a situação incômoda para o bicho, que pode sentir que está preso ou limitado, mesmo usando tamanhos grandes.
Roupas podem ser aliadas no período frio para manter os animais seguros e saudáveis, principalmente aqueles que passam muito tempo em áreas externas e estão mais sujeitos a mudanças de temperatura. Animais magros, com pelagem curta ou sem pelos estão ainda mais vulneráveis, como é o caso da raça de gatos sphynx, famosa por não ter pelo algum.
Outra atenção que não pode ser ignorada é relacionada a objetos que façam barulho, como guizos e sinos em coleiras e enfeites, que podem ser responsáveis pela inquietação dos animais, que ficam escutando o mesmo som próximo aos ouvidos constantemente, fator que pode levar até mesmo a alguns problemas de audição.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.