O número ideal de horas de sono é aquele que faz com que a pessoa no outro dia sinta que dormiu o suficiente. Um percentual pequeno de pessoas sente-se bem com menos de sete horas, e estes são chamados de dormidores curtos. Há também os dormidores longos, aqueles que precisam de mais de oito horas de sono e que também representam uma minoria. Porém, a maior parte da população mundial, incluindo os brasileiros, dorme entre sete e oito horas por noite.
Temos evidências de que as pessoas que dormem as sete horas, mas acordam mais tarde, têm maior risco de desenvolver um quadro de depressão. Um estudo publicado recentemente pelo periódico JAMA Psychiatry mostrou que basta dormir uma hora mais cedo que esse risco é reduzido em 23%. Se dormir duas horas mais cedo, essa tendência pode ser reduzida em quase 40%.
A pesquisa envolveu 840 mil voluntários e foi a evidência mais robusta até o momento de que a tendência em dormir tarde e acordar mais tarde influencia o risco de depressão. Uma das grandes virtudes do estudo, além do número elevado de pessoas estudadas, foi a análise do perfil genético dos voluntários para a tendência em dormir cedo ou tarde. É estimado que esse perfil explique de 12% a 42% a preferência em ir dormir cedo ou tarde. Na população estudada, 9% consideravam que tinham a tendência em ir dormir tarde, um terço em dormir cedo e o restante em um patamar intermediário. Na média, eles iam para a cama às 23h e acordavam às 6h.
Aqueles que dormiam tarde ou o grupo intermediário eram contemplados com menor rico de depressão ao ir dormir mais cedo. O estudo não pode dizer se os que já dormiam e acordavam cedo teriam o mesmo benefício. Mas é fato que, na população estudada, aqueles com perfil genético de ir cedo para a cama tinham menor chance de apresentar depressão.
E como explicar esse efeito? Alguns estudos apontam que uma maior exposição à luz durante o dia (tem que acordar cedo!) está associada a padrões hormonais que influenciam o humor. Outra explicação é o impacto psicológico de estar desalinhado da maioria das pessoas que dorme cedo e acorda cedo.
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília
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