Mesmo com uma mudança no universo das tendências, que se adaptaram ao cenário pandêmico, o mundo da moda não parou. O conteúdo fashion vem ficando mais acessível e disseminando propostas diferentes até para as peças mais tradicionais. Quem diria que os mocassins e loafers se reinventariam e, agora, amplos e na versão chunky, ganhariam tanto destaque nos guarda-roupas mais estilosos?
E olha que, na história do calçado, é difícil encontrar um mais antigo que o mocassim, que tem origem nas tribos indígenas norte-americanas. “É um sapato de couro macio originalmente feito com couro de veado”, explica o professor do curso de moda do Centro Universitário Iesb Yuri Zeredo de Cerqueira.
O loafer, apesar de ter uma ideia parecida, remete a um momento totalmente diferente nessa cronologia. É um sapato norueguês, mas que ganhou fama com a adoção do estilo pelos universitários nos Estados Unidos, nos anos 1950. Yuri explica que, nesse caso, o couro é mais rígido e o sapato tem uma carinha mais quadrada do que o tradicional. “Acabou sendo muito aceito no sentido mercadológico e culturalmente porque é confortável e fácil de calçar, basta colocar o pé.”
Atualizados, mocassins e loafers viram novidade em modelos mais arrojados: solas grossas, também opções com color blocking, metálicos e até estampa de cobra, para as mais descoladas — nesse caso, as cores quebram um pouco o look com cara de colegial.
Como usar
Yuri aponta que a utilização mais padrão, em passarelas e entre influenciadores, tem sido a combinação do sapato com jeans e um tricô amplo ou suéter, para o frio. A peça transita entre o colegial e o street quando usada com saias plissadas e moletom, que deixam o look mais jovial.
As meias aparentes são ótimas para dar acabamento e charme. As opções brancas, pretas ou marinho navy acompanham bem o visual de roupa de colegial, segundo Yuri. Para aquelas que desejam deixar o visual mais sofisticado, a recomendação do professor é trocá-las por meias de renda. “Compor com saia midi também ajuda a garantir elegância.”
Instrutora da área de vestuário do Senai-DF, Lúbia Ferreira reforça que apostar no sapato com jeans despojado contrasta com o ar rígido do mocassim. “Outra tendência é usar a versão com plataforma com vestido e meias finas, o que cria contraste do romântico com o solado robusto.”
Para Lúbia, uma maneira interessante de pensar o mocassim para eles é igualar ao uso de tênis ou sapatênis. “O mocassim tende a ter um corte mais bonito e clássico. O resultado é um look um pouco mais formal.” Para um traje mais arrumado, Lúbia recomenda o uso com blazer e calça social — que, aliás, é uma proposta possível para looks femininos também. Apostar em calças com a barra dobrada ou uma que seja mais curta também é interessante.
Nos looks masculinos, é mais seguro que as meias aparentes fiquem de fora. “O melhor é apostar em meias curtinhas ou invisíveis”, aconselha.
Escolha confortável
Pela construção e material, alguns sapatos, podem machucar os calcanhares, causando bolhas em alguns casos. Para evitar o problema com mocassins, o ideal é optar pelas versões com acabamento que reduza o atrito entre o calçado e a pele. Yuri sugere o modelo com pelinhos, que, além de esquentar os pés, cumpre o papel de protegê-los. E Lúbia lembra que a camurça, por ser aveludada, também tem vantagem nesse ponto.
Tipos de mocassins
Tradicional: solado de borracha, normalmente feito em camurça, com cadarço dando a volta no sapato. Os atacadores podem ser decorativos, principalmente, quando estão na frente do calçado.
Loafer: sem cadarço, sem fivela, inspirado na década de 1930. Quando tem salto, pode ser em couro ou madeira, não, necessariamente, de borracha.
Com plataforma (chunky): se apropria do estilo masculino. São os modelos altos com plataforma, que pode ser lisa ou tratorada.
Fonte: Lúbia Ferreira, instrutora da área de Vestuário do Senai-DF