Na hora de planejar a parte estética de um ambiente, tanto em áreas externas quanto internas, há uma importante preocupação com a composição de cores, formas e texturas, a fim de criar um local que atenda os desejos e as necessidades de quem o frequenta. A arte como um todo é uma forma de expressão indispensável, que pode embelezar, gerar sensações e variar muito em estilos. Com as técnicas artesanais não é diferente. Objetos de madeira, tecelagem, cerâmica, biscuit, entre outros, criados pelas mãos de artesãos qualificados, levam singularidade e história para a decoração.
A arquiteta Stefanie Paes, do Studio Ornna, afirma que produções artesanais enriquecem o espaço, pois são exclusivas, valorizam a cultura regional e têm o potencial de favorecer os pequenos produtores, como marceneiros e artistas. Ela ressalta que esses produtos únicos contam uma história por si só.
Os elementos feitos de tecidos, fios e nós, como as tapeçarias e o macramê, são responsáveis por dar destaque a todo tipo de espaço, principalmente paredes lisas e sem muita decoração. Expressam personalidade e refinamento, além de ter diferentes usos. Além de painéis em paredes, podem ser suportes para vasos de plantas, cortinas, cabeceiras de camas e até móveis. Com isso, acabam embelezando os itens mais simples, trazendo cor e dinâmica para os espaços. Técnicas semelhantes, mas com suas particularidades, como o crochê e o tricô, também podem levar vida para esses ambientes, por meio de almofadas, coberturas de cadeiras e toalhas de mesas de centro.
Singularidade
Criar um produto manualmente pode ser uma atividade terapêutica, seja pelo aprendizado do processo, pela partilha com pessoas que têm o mesmo interesse ou apenas pelo foco em uma tarefa que demanda atenção. Tom Daley, medalhista olímpico britânico, afirmou, por meio de seu perfil no Instagram, que aprender a tricotar durante a pandemia o ajudou a se manter são durante toda a pressão e as inseguranças do período. Além disso, produzir a própria decoração e expor em casa tem mais valor do que um produto comprado em prateleiras de lojas de departamentos, produzido em massa e de forma padronizada.
A arquiteta Stefanie Paes acredita que a valorização de trabalhos manuais vem crescendo nas últimas décadas, na contramão da indústria massiva. Atualmente, as pessoas conhecem mais as linhas de produção por trás do produto final, a demanda e o tempo investido em uma criação única, feita em pequena escala. A singularidade também entra nessa equação. “Em alguns casos, o artesanato pode possuir imperfeições. No entanto, esse pode ser o charme da peça — um detalhe que não estava planejado que o distingue, que o torna original.”
Escolhas e cuidados
Os elementos artesanais podem ser adaptados para quaisquer cômodos. O arquiteto Miguel Arraes, da AMA Arquitetura, assegura que não há limites para a criatividade, mas que devem ser pensados de forma estratégica para, assim, ter um uso ideal. Em salas de estar, áreas de lazer e quartos, peças feitas de materiais mais delicados podem ter um impacto maior, pois chamam mais atenção, já que estão expostas em lugares onde há maior circulação de pessoas. Contudo, alguns cuidados são essenciais, como o de não deixar em locais muito úmidos ou próximos de onde há preparos de alimentos, pois podem prejudicar a vida útil e a aparência da peça, tirando sua excelência.
Para os lugares onde não se encaixam artigos mais sensíveis, como banheiros e cozinhas, em vez de peças de macramê, por exemplo, pode ser utilizada a arte da marchetaria — técnica de encaixe e distribuição da madeira, feita à mão, que forma desenhos e pode ser personalizada para o espaço disponível, como armários e cubas de pias. Essa opção é interessante por seu custo-benefício, pois agrega valor ao ambiente sem necessitar de materiais caros e revestimentos sofisticados.
Outra alternativa são as esculturas, que podem ser encomendadas de pequenos artesãos e combinadas com o estilo desejado, preenchendo e trazendo harmonia para o ambiente com peças de boa durabilidade.
Miguel Arraes alerta que as pessoas não se limitem a tratar o artesanato como um mero detalhe. Afinal, pode ser uma decoração chave em diversos ambientes, até mesmo utilizando materiais não relacionados tradicionalmente a essa arte manual, como os metais. Ele relata que arquitetos e profissionais podem trabalhar associados com serralheiros e outros artesãos a fim de criar itens únicos e personalizados, adaptando-se, assim, a todos os estilos.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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