A ideia de que o lar ideal precisa ser grande e de que uma casa enorme com inúmeros metros quadrados é sinônimo de sucesso e bem-estar é ultrapassada. Espaços menores, funcionais e de fácil manutenção pelos próprios moradores têm se tornado cada vez mais procurados e presentes nas grandes cidades.
Um exemplo recente e que causou burburinho nas redes sociais foi o do bilionário Elon Musk. O CEO da SpaceX e da Tesla e terceiro homem mais rico do mundo se mudou para uma casa de 36m². Elon Musk vendeu quatro das casas que tinha e afirma que pretende levar uma vida mais minimalista. Em Brasília, o movimento não é diferente. Os pequenos apartamentos, com móveis planejados e multifunções e decoração elegante e moderna, tornaram-se objeto de desejo de quem mora na cidade e busca uma vida mais prática, mas não sem conforto.
Normalmente, os espaços mais disputados são aqueles com grandes janelas com vista para os inúmeros parques e espaços verdes da capital, além de condomínios com comodidades como piscinas e espaços gourmets e de lazer.
O projeto criado pelo designer de interiores Pedro Henrique Ferreira, do escritório PHF Arquitetura, encaixa-se nessa descrição. O apartamento de 45m², no Noroeste, tem apenas itens essenciais e decoração artística.
Além do designer responsável, Pedro é o dono do imóvel. Ele escolheu viver em um espaço menor depois de morar em uma casa grande com jardim. A grande demanda de cuidados e a necessidade de ter auxílio para limpar e manter o espaço foram fortes influências na decisão.
“Depois de uma separação, quis resgatar essa coisa de morar sozinho ao pé da letra. Cuidar da minha casa, cozinhar, limpar e poder desfrutar cada cantinho do meu espaço. Nada é obsoleto, tudo é 100% para meu uso e lazer”, comenta.
O designer acredita que a pandemia acelerou uma busca pelo essencial, tendência dinamarquesa que chegou ao Brasil há alguns anos. O conceito é deixar de lado o supérfluo e casas grandiosas como demonstrativos de poder aquisitivo.
Conforto, móveis multifuncionais e ambientes que remetem à personalidade e ao estilo do morador se tornam mais importantes do que espaço e objetos em excesso. A tendência se estende também aos utensílios. Pedro afirma que tudo fica à mão, não existe nada em desuso na casa.
O projeto de iluminação industrial e o cimento como revestimento se aliam à coleção de obras de arte e artesanato do dono, trazendo o ar de aconchego elegante, responsável pelo elemento “luxo” do apê.
Um único ambiente é dividido em vários. Apesar da ausência de paredes e portas, as cores e móveis funcionam como divisão entre os cômodos. “A cor é uma alternativa superacessível. Você mesmo pode comprar a tinta e pintar”, recomenda Pedro. Cortinas e divisórias vazadas, como de vidro canelado, que permite a passagem da luz, mas não a visibilidade completa, também são boas alternativas.
Para Pedro, o maior desafio era poder continuar — pós-pandemia — a receber amigos e familiares em casa. Desde o início do projeto, poder acomodar mais de duas pessoas dentro do apartamento era uma prioridade. Por isso, ele escolheu a mesa redonda, com quatro lugares, além de um sofá de tamanho normal. O sofá tem braços removíveis e se transforma em cama.
A maior saudade de Pedro acabou sendo o jardim e, para se rodear de verde, encheu o espaço de plantas. “Tem coisas que a gente vai sentir falta, mas é possível buscar alternativas e encontrar um espaço que se encaixe nas suas necessidades e gostos”, comenta.
O prédio tecnológico, com sistemas digitais e pautados no uso consciente de recursos naturais, a segurança e a proximidade com o parque da região foram outros aspectos positivos considerados por Pedro.
Para viver bem e sem aperto
- Diminua ao máximo a quantidade de objetos que vai levar. Guarde o essencial.
- Padronizar a louça de uma única cor, tom ou estilo ajuda na sensação de harmonia e organização da casa, uma vez que grande parte dos utensílios fica exposta.
- Arrume sempre a cama e capriche na produção com almofadas.
- Tapetes são boas alternativas para dar a ideia de divisão de cômodos.
- Prateleiras altas são ótimas opções para livros e objetos de decoração sem atrapalhar a circulação.
- Organize os livros por degradê de cor ou pelos mesmos tons, isso auxilia na organização visual.
- A cor é sempre bem-vinda. Muda o astral e você pode usá-la a seu favor. Apartamentos mais quentes, por exemplo, podem ter cores frias, aumentando o frescor, e os mais gelados podem ter cores quentes, que aconchegam.
- Na hora de planejar os armários, pense no que vai guardar e como. Isso auxilia a escolher as divisórias internas para que elas atendam a suas necessidades.
- Procure móveis com múltiplas funções.
- Invista em armários para o banheiro.