A sensação de peso nos olhos, a visão cansada e a aparência envelhecida são as principais queixas de quem recorre à cirurgia de blefaroplastia. O procedimento tem a função de retirar o excesso de pele, músculo e bolsas de gordura da pálpebra e da região inferior dos olhos, e é feito tanto por motivos de saúde quanto por estética.
Durante a pandemia, a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) constatou um aumento de 50% nos números de procedimentos em comparação ao ano anterior (2019). Segundo Taynã Miranda, oftalmologista especialista em plástica ocular, do Visão Hospital de Olhos, o principal motivo é o uso das máscaras, pois a área dos olhos ficou mais em evidência neste período pandêmico. “Por ser uma cirurgia segura e rápida, em que não é preciso internação e a recuperação é tranquila, os pacientes estão optando por ela”, explica.
O oftalmologista Marco Túlio Tavares Daier, especialista em cirurgia plástica ocular, destaca que as redes sociais e as selfies também influenciam nesse maior cuidado, pois é possível alterar características do rosto com filtros e outros efeitos. “A pandemia incentivou um cuidado maior com a saúde de maneira geral, e os regimes de trabalho remoto proporcionaram a maleabilidade de tempo para se dedicar a esse cuidado”, comenta.
A cirurgia é realizada em um centro cirúrgico, com anestesia local, e, geralmente, sob sedação, para maior conforto do paciente. Ao longo do procedimento, é retirado todo o excesso de pele e gordura das pálpebras, respeitando parâmetros técnicos, de maneira a preservar ou restaurar a função primária das pálpebras, que é a proteção do globo ocular.
As cicatrizes são discretas. Na pálpebra superior, a cirurgia é feita no sulco palpebral (a dobra natural), de modo que não são visualizadas de olhos abertos e, quando fechados, confundem-se com a linha natural nessa região. Já na pálpebra inferior, o corte fica abaixo da linha dos cílios, misturando-se às linhas de expressão naturais do rosto.
Marco Túlio destaca que existem casos especiais em que o paciente com pouco excesso de pele pode ser submetido a procedimentos a laser ou jato de plasma, que têm processos de cicatrização próprios. “Outra possibilidade seria a retirada das bolsas de gordura das pálpebras inferiores sem a retirada de pele, que pode ser feita pela parte interna das pálpebras, sem cicatrizes externas.”
O pós-operatório, em geral, é indolor. São prescritos analgésicos simples para algum desconforto. De acordo com os profissionais, o que incomoda é a equimose (roxo) e o inchaço. As equimoses demoram, em média, três semanas para desaparecer. O inchaço, ao final do primeiro mês, já foi absorvido, podendo ficar algum edema por dois ou três meses, dependendo da cicatrização de cada organismo.
Quando recorrer à blefaroplastia
O procedimento é indicado quando o paciente apresenta queixas de visão cansada e limitada. Além disso, quando surge a necessidade de remodelação das pálpebras a fim de melhorar a aparência.
Grupos que mais fazem
- Idosos fazem mais por saúde e bem-estar. É recomendado a partir dos 60 anos
- Jovens e adultos jovens investem nesse procedimento pelo incômodo estético
- Pacientes com doenças congênitas
- Vítimas de acidentes
Quais são os profissionais capacitados e recomendados para fazer esse tipo de procedimento
O oftalmologista especialista em cirurgia plástica ocular e o cirurgião plástico geral
Benefícios
Olhar mais descansado, rejuvenescimento facial e melhora do campo de visão
Riscos
Existem chances, no pós-operatório, de ficar algumas cicatrizes, mas é muito raro. Pode acontecer tração de pele, deixando o olho aberto, e também a pele retrair. Em outros casos, o cirurgião pode retirar mais pele que o indicado e causar o inchaço. O olho vai ficar mais aberto e não terá oclusão total quando tiver fechado, por falta da pele.
Pós-operatório
Nos primeiros três dias, são recomendados repouso absoluto, cama com a cabeceira elevada e compressas frias. Quanto mais repouso e compressas, menos roxos e inchaços. Logo, a recuperação será mais rápida.
Os pontos são retirados, em média, de cinco a 14 dias, a depender da avaliação da cicatrização.
Um cuidado importante é evitar a exposição ao sol. A cicatriz é um tecido novo e sensível, e pode escurecer com o sol. Se for necessário sair ao sol, usar protetor solar (após 15 dias), óculos de sol e um boné ou chapéu.
Outros cuidados são evitar dormir de lado, higienizar delicadamente com água e sabão e usar corretamente as pomadas e colírios prescritos.
Maquiagem e cremes em geral podem ser usados após 15 dias do procedimento
Para a realização de outros procedimentos, como aplicação de toxina botulínica, maquiagem definitiva, entre outros, é preciso esperar pelo menos um mês.
O excesso de pele pode voltar?
A pele e as estruturas faciais vão se tornando mais flácidos com o envelhecimento, então, após alguns anos, é possível, sim, ter outro excesso. A cirurgia pode ser realizada mais de uma vez, sempre respeitando a função de proteção das pálpebras.
Palavra do especialista
Existe alguma contraindicação para fazer o procedimento
Toda cirurgia tem riscos, e na blefaroplastia, eles também existem. Os mais graves seriam sangramento e, eventualmente, cegueira no pós-operatório, que são muito raros, com incidência menor que 0,04%. Outras menos graves e também pouco frequentes (menos de 10%) são a retirada excessiva de tecidos de modo que as pálpebras não cubram mais completamente os olhos, hematomas, assimetrias e alterações das cicatrizes. Todas essas complicações são minimizadas com a escolha de um profissional capacitado e treinado para a realização e o acompanhamento pós-operatório.
Qual a diferença entre pálpebra caída e ptose palpebral? Ambas as condições podem passar pela blefaroplastia?
A pálpebra caída é um termo informal que, em geral, refere-se ao excesso de pele das pálpebras. A ptose palpebral é definida com alteração na posição da margem palpebral com relação ao olho, que pode ter várias causas. Atualmente, utilizamos o termo blefaroplastia estruturada, que se refere à avaliação global do rosto do paciente, associando a correção da ptose palpebral, ptose dos supercílios, ptose da glândula lacrimal, excesso de pele lateral (“tenda” lateral), rugas perioculares (amenizadas com uso de toxina botulínica), entre outros procedimentos para atingirmos um resultado mais harmônico e satisfatório para o paciente.
Marco Túlio Tavares Daier é oftalmologista especialista em cirurgia plástica ocular, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e Órbita.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte