Quando tinha 9 anos de idade, Renata Dias impediu que a mãe matasse uma galinha, quer seria preparada para o almoço da família. Mais que isso. Na sua inocência infantil, ela percebeu pela primeira vez que nós, humanos, comíamos alguns animais e, desde aquele dia, tomou uma decisão drástica: viraria vegetariana. E assim foi até, já adulta, fazer a transição para o veganismo.
A menina cresceu e seguiu firme nas suas escolhas alimentares, mas não conseguia definir que carreira seguir. Iniciou vários cursos universitários — inclusive veterinária —, mas desistiu de todos. Em mais uma tentativa de se encontrar profissionalmente, Renata decidiu tentar vestibular para medicina e, para desestressar, nas horas vagas, começou a preparar delícias veganas. Foi desenvolvendo receitas e tinha a família como cobaia.
Um dia, a irmã de Renata deu a ideia de ela colocar seus quitutes em um carrinho e levar a um evento que seria realizado na cidade. “Eu e uma prima passamos o fim de semana inteiro fazendo 150 salgados. Hoje, preparo os mesmos em menos de duas horas”, diverte-se. Mas o esforço valeu a pena: elas venderam praticamente toda a produção. Renata foi tomando gosto pela coisa e passou a participar de mais eventos.
Filha da conhecida confeiteira Maria Amélia, a jovem começou a ir à fábrica da mãe para desenvolver novas receitas. “Eu observava os funcionários da minha mãe trabalhando e ia fazendo substituições veganas.” E assim foram saindo tartaletes, croissants, brioches, mil folhas, coxinhas... tudo vegano. E Renata, além dos eventos, passou a aceitar encomendas. “Minha mãe, então, disponibilizou um espaço na fábrica e uma funcionária para me ajudar.”
Pâtisserie
Mas Renata queria ir além das encomendas e das participações em eventuais festas. Sonhava em oferecer ao público vegano um espaço onde pudesse sentar e apreciar suas delícias. Surgia, assim, a ideia de ter uma pâtisserie para chamar de sua. Há dois meses, o projeto saiu do papel e a Renata Dias Vegan Pâtisserie abria as portas na 411 Sul. “Lá, toda a comida vendida é vegana. Inclusive, proibimos a entrada de qualquer alimento que não seja preparado no local para evitar contaminação cruzada”, garante.
Tais características, garante a jovem, têm atraído não só os veganos, mas também alérgicos e intolerantes a leite, por exemplo. E, para oferecer a melhor experiência possível a essas pessoas, ela está sempre inovando no cardápio, que muda diariamente. “O veganismo vai além da alimentação, é um estilo de vida. E, às vezes, sentimos saudade de comer determinados pratos. Eu procuro reproduzir essas receitas e levar a melhor experiência possível aos clientes.”
Por isso, Renata garante que se alguém chega a sua loja querendo comer algo específico, ela tentará prepará-lo. “Se estiver ao meu alcance, eu farei.” Durante o mês de junho, a cozinheira ofereceu um kit junino, com direito a salsichão, minibolo de fubá e goiabada, pastéis de feira, bolo de mandioca, cachorro-quente, canjica... tudo vegano, claro.
No almoço, a pâtisserie serve bowls, que são verdadeiras refeições. A cada dia, é um prato diferente. Tem massa, arroz carreteio, salada colorida, tudo saudável e nutritivo. “Também preparamos doces e bolos, inclusive confeitados com pasta americana, para festas em geral.” Em breve, será lançada uma novidade aos domingos: chá acompanhado de delícias diversas.
“Ainda há muito preconceito. Muitas vezes, as pessoas entram na loja, veem tudo lindo e indagam: ‘como assim, é tudo vegano?’. Eu tento mudar essa mentalidade e, da minha maneira, ajudar a construir um mundo melhor. A maioria não tem noção do que acontece dentro de um abatedouro, por exemplo.”
Quase duas décadas depois daquele incidente com a galinha, que a fez se tornar vegetariana, Renata adotou uma ave como animal de estimação. “Achávamos que era uma galinha, demos o nome de Joana, mas, à medida que ela foi crescendo, descobrimos que era, na verdade, um galo gigante”, diverte-se. Joana virou o xodó da casa. “Até a minha mãe deixou de comer frango por causa da Joana.” Do jeito dela, Renata vem tentando fazer a coisa certa.
Cookie de baunilha, avelã e gotas de chocolate
Ingredientes
168g de açúcar mascavo
112g de açúcar cristal
70g de óleo de girassol
70g de óleo de coco
20g de essência de baunilha
70g de leite de aveia
380g de farinha de trigo
16g de fermento
2g de bicarbonato de sódio
150g de gotas de chocolate vegano
100g de avelã tostada e picada (opcional)
Modo de fazer
Primeiramente, toste as avelãs por, em média, 15 minutos, em forno a 150ºC. Tire a casca ainda quente e triture até ficar em grumos.
Coloque os dois tipos de açúcar no liquidificador e triture ate virar pó.
Misture os óleos com os açúcares e mexa bem.
Acrescente a baunilha e o leite de aveia.
Misture até virar um creme homogêneo.
Acrescente a farinha de trigo (peneirada previamente) com o fermento e o bicarbonato e misture até tudo virar uma massa. Importante mexer com espátula, pois a batedeira pode desenvolver muito o glúten, e não queremos isso.
Acrescente o chocolate picado e a avelã triturada. Misture, envolva em plástico e leve à geladeira por 15 a 30 minutos.
Preaqueça o forno a 170ºC.
Tire a massa da geladeira, forme bolas no tamanho desejado. Coloque em uma assadeira com papel-manteiga (untado levemente embaixo e em cima com um tico de óleo). Disponha-os com uma distância entre eles, achate um pouco as bolinhas.
Asse por, em média, oito minutos (depende do forno), até que esteja levemente dourado (como o cookie continua a cozinhar mesmo após que sai do forno, se tirar muito dourado, ele ficará duro, e queremos um cookie crocante por fora e macio por dentro.
Espere amornar, retire do papel-manteiga ainda morno para desgrudar facilmente. Atenção: morno, mas não quente.
Serviço
Renata Dias Vegan Pâtesserie
CLS 411, Bloco B, Loja 4
WhatsApp: (61) 9 9974-6594
Instagram: @renatadiasveganpatisserie
Abre de segunda a sábado, das 11h às 18h, e domingo, das 9h30 às 16h