Assim como os humanos, gatos e cachorros podem sentir dores nas articulações por causa do frio. Isso acontece porque as contrações musculares que servem para aquecer o corpo acabam, muitas vezes, sobrecarregando as articulações. Animais com artrites, artroses, portadores de alguma doença osteoarticular crônica ou que já sofreram alguma fratura são os que, normalmente, mais sofrem neste período frio.
De acordo com a veterinária Bianca Bennati, da clínica SPet da Cobasi, o corpo do animal faz a vasoconstrição, o que diminui o tamanho de um vaso sanguíneo e resulta no aumento da densidade e no acúmulo de líquido nas articulações. Em decorrência disso, há menos sangue circulando pelo corpo. “Pensando como se esse líquido fosse um óleo que lubrifica o motor, ao se tornar mais denso, fica mais difícil para movimentar as engrenagens, gerando dor”, compara a veterinária.
A médica veterinária Selma Ferreira, da ClinPet, explica que, consequentemente, há uma menor quantidade de oxigênio sendo bombeado pelo corpo, e a produção de ácido láctico aumenta. “O ácido láctico é altamente estimulante e extremamente sensível para aquelas estruturas neurológicas que estão em volta das articulações e da cicatrização de fraturas”, ressalta.
Ao sentir dor, o pet diminui algumas das suas atividades do dia a dia. Selma relata alguns dos sinais: redução na atividade física, o pet demora para responder aos estímulos diários, como o momento do passeio e da alimentação. Além disso, tende a ficar mais preguiçoso e apresentar tremores, mesmo agasalhado.
Bianca acrescenta alguns outros sinais de quando o pet está com dor, como lambedura constante da região e, principalmente, perda de função, que acontece quando o animal começa a mancar. Também existe a perda de massa muscular por poupar algum membro. “Alguns casos podem apresentar até vocalização (latidos, choros ou uivos) ao realizarem algum movimento”, acrescenta.
Cuidados com o pet com dores
Como as dores articulares podem ser acometidas por conta de um desgaste natural, o tutor não consegue evitar o aparecimento, mas consegue diminuir os impactos. Para evitar que o animal se machuque e agrave as dores, as profissionais recomendam o uso de piso antiderrapantes pela casa, a manutenção de atividade física moderada e regular e a atenção para que o cachorro ou gato não pule de locais muito altos.
Outro fator que pode fazer a diferença é a alimentação de qualidade. Mas sempre em quantidade adequada e de acordo com o porte do animal. Esses hábitos vão ajudar a controlar o sobrepeso. Além disso, evite levar os animais para passeios nos horários mais frios. Selma recomenda optar pelo fim da tarde, ainda com sol, e, se for pela manhã, após as 8h e antes das 11h30. Mantenha, ainda, os animais mais sensíveis agasalhados, evite que eles durmam no chão e na friagem. “Um dos sintomas mais precoces é a dificuldade de se posicionar normalmente para defecar e urinar”, ressalta.
Hayana Nazareno de Araújo, 35 anos, dona de casa, tem uma cadela chamada Raika, que já tem 11 anos. Há mais ou menos um mês, ela descobriu que o pet está com problemas nas articulações e logo buscou tratamento. Como o tempo está mais frio, antes mesmo que a Raika pudesse sentir dor, um médico veterinário prescreveu antibióticos como prevenção. “Ela toma medicamento a cada oito horas para evitar dores”, relata.
Além dos remédios, Raika precisa fazer fisioterapia três vezes na semana. Em algumas ocasiões, Hayana a leva para fazer acupuntura. Os tratamentos estão melhorando a qualidade de vida da cadelinha e evitando o surgimento de novas lesões e dores. Como está tudo muito recente, a família ainda está se adaptando com a nova rotina de cuidados com a Raika.
Tratamentos
De acordo com Bianca, os tratamentos podem variar com o tipo e o grau da lesão apresentada. Em muitos casos, o médico veterinário administra anti-inflamatórios, analgésicos, protetores articulares e até dietas específicas. “O profissional pode intensificar a suplementação ou mudar o manejo, quando o frio estiver se aproximando, para evitar as crises”, explica.
Além disso, Selma destaca que, em alguns casos, são necessários procedimentos cirúrgicos para descompressão, correção das alterações e terapias integrativas como uso de aplicação de células-tronco. “Elas têm um poder anti-inflamatório, trazendo um grande conforto para os animais. Fisioterapia e acupuntura também são indicadas”, enfatiza.
Se o pet está com desconforto e ficando muito quieto durante o inverno, procure ajuda médica. Casos leves que não recebem o tratamento adequado podem evoluir para casos graves. O tutor deve sempre seguir as recomendações do veterinário, cuidando para que o animal se mantenha no peso ideal para evitar sobrecarregar as articulações e a coluna.
Frio ou dor?
Durante o frio, alguns animais tendem a ficar mais preguiçosos, mas não necessariamente eles apresentam alguma doença articular. A veterinária Bianca Bennati explica que a principal diferença é que os pets preguiçosos passarão a maior parte do tempo dormindo e não manifestarão dificuldade de locomoção. “Na maioria das vezes, ele mantém a animação aos estímulos para passeio e alimentação”, destaca. Selma Ferreira completa que os cães e gatos com frio apresentam tremores e diminuição da atividade. Isso ocorre porque ficam procurando fontes de calor ou entocados para se manterem aquecidos. Quando eles se aquecem, eles voltam às atividades normais. “Animais com dor podem apresentar sintomas como perda de peso, claudicação e vocalização”, explica.
Diferenças entre artrites, artroses e inflamações na cartilagem
As artrites são o quadro agudo de inflamação articular, e é ela que gera a dor. Pode acometer animais jovens ou adultos. Traumas, aumento de peso, idade e predisposição genética são fatores causadores. Já a artrose é um quadro crônico de inflamação e desgaste da articulação, devido à inflamação crônica, em que a perda da viscosidade do líquido sinovial causa dor. A inflamação da cartilagem gera desgaste da articulação e aumento da viscosidade do líquido sinovial, causando dor e podendo levar a um ciclo vicioso de inflamação e desgaste, gerando um quadro crônico e, muitas vezes, irreversível.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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