As adegas são espaços para armazenar vinhos em condições ideais. Ter um lugar em casa para deixar a bebida sempre à mão se popularizou devido ao consumo crescente do vinho, sua história, benefícios e status. Mas ter um espaço adequado no lar necessita de alguns cuidados para deixar o ambiente harmonioso e preservar os rótulos.
A escolha do tipo de adega vai de acordo com as preferências do morador — um enófilo com uma coleção extensa de garrafas, por exemplo, pode optar por um projeto personalizado, mas existem diversos modelos de adegas elétricas no mercado, com diferentes tamanhos e valores, que tornaram acessível para muitas pessoas tê-las em casa.
No caso das profissionais, é preciso saber o número de garrafas e os tipos de vinho que pretender armazenar. A partir disso, toda a infraestrutura é pensada para a coleção. As arquitetas Ieda e Carina Korman, do escritório Korman Arquitetos, explicam que a escolha por uma adega projetada requer espaço. É necessário temperatura e materiais corretos para receber os vinhos sem danificá-los.
Uma solução para projetos menores é apostar em adegas e caves industriais elétricas. Existem diversos modelos no mercado, com tamanhos variados, para todo tipo de amante da bebida. Como têm refrigeração própria, não exigem muitos cuidados e podem ser dispostas em diversos ambientes da casa.
A dica que as arquitetas dão é deixá-las próximas de um móvel que contenha os itens essenciais para um bar, como taças e saca-rolhas. Bianca Lombardi, do escritório Bianca Lombardi Arquitetura também acredita que as adegas podem ser colocadas na sala, na churrasqueira ou em outros ambientes sociais.
Para a criação, Ieda e Carina recomendam o uso de tijolos e madeiras. A explicação para isso é a preservação das características ideais do vinho até o momento da degustação. Outro fator que precisa ser levado em consideração é a iluminação do local. De acordo com as arquitetas, as bebidas não devem ficar expostas a muita luz. “Tenha preferência pela iluminação embutida e indireta”, ressaltam.
O custo depende muito do tamanho e do tipo de adega. Se forem ambientes climatizados, têm um custo de execução bem mais alto, já a manutenção não é tão cara — pode ser comparada à energia gasta de um ar-condicionado.
Decoração
A decoração de uma adega varia de acordo com o local que ela estiver inserida. É possível deixá-la em evidência no projeto ou pensar em uma marcenaria que dê para encaixar a adega elétrica, o que tem um resultado discreto e integrado ao ambiente.
Na parte de marcenaria do projeto, Ieda e Carina Korman ressaltam que é possível investir em uma bandeja com taças e principais itens para apreciar o vinho. Bianca Lombardi acrescenta que, se for uma adega não climatizada e pequena, o legal é investir em projeto bem personalizado e criativo dos suportes das garrafas, como acrílico, metal ou a própria madeira.
“É interessante trazer para a decoração itens que remetam à bebida, por vezes, até se utilizando de um quadro com as rolhas dos rótulos já consumidos”, destaca. E, principalmente, evitar muitos elementos confrontantes para que o projeto não fique pesado e a adega seja desvalorizada. “Se a estrela do ambiente é a adega, deixe que ela brilhe por si só”, recomenda Bianca.
Para Ieda e Carina, se você não tem interesse ou condições de ter uma adega, um cantinho do bar já atende às necessidades. Pode-se dispor de uma bandeja com as principais garrafas. Nesse caso, o cuidado principal é com a disposição das bebidas.
Cuidados
As profissionais do escritório Korman Arquitetos destacam que é necessário tomar cuidado com a incidência de luz solar, porque pode danificar as bebidas. Esse cuidado é especialmente para as adegas elétricas, pois as profissionais serão montadas em um espaço com condições adequadas. Portanto, evite colocá-las em varandas gourmet. Garanta que o bar esteja em um canto que a luz solar não incida diretamente.
Se as adegas forem climatizadas, Bianca recomenda que deve ser feito um isolamento do ambiente para, depois, revestir. Além disso, é preciso investir na porta de vidro insulado, que impede a troca de calor entre os ambientes e não embaça o vidro.
A arquiteta ressalta que não importa se o espaço disponível para fazer uma adega é grande ou pequeno, o importante é ser criativo em como tornar este local integrado com o restante do ambiente. “Valorizar as garrafas e o momento de se tomar um bom vinho, em boa companhia.”
Brasilienses ganham premiação internacional
Três brasilienses ganharam um prêmio de design pela criação de uma adega. O desenhista industrial Dimitri Lociks, a administradora Marília Turíbio e a arquiteta e light designer Simone Turíbio, da Choque Design, receberam o prêmio International if Awards 2021 com a Adega Cacho, um projeto que durou dois anos para ser executado e trouxe grandes soluções práticas. “O sentimento de ganhar um Oscar do design e estar entre os 75 melhores projetos do mundo é algo indescritível”, afirma Simone Turíbio.
Dimitri, um dos criadores, conta que, depois de procurar um modelo no mercado com as características que buscava, veio a ideia de construir uma adega com identidade brasileira. “Precisávamos de algo leve, simples, elegante e com uma identidade brasileira. Sendo assim, partimos para desenvolver o nosso próprio projeto, em que buscamos inspiração em diversas fontes, como a natureza, a arte e a arquitetura moderna, em materiais acessíveis e processos de fabricação simplificados”, detalha.
Além de funcional, a adega tem um visual escultórico que agrega caráter estético: quando vazia, ela decora, como uma escultura neoconcretista. Já quando está cheia de garrafas, permite a guarda de vinhos em pouco espaço, com praticidade e a um custo acessível. “A autenticidade do projeto a torna sublime, pela delicadeza das formas, que se apresentam simples e singulares, independentemente do ângulo ou da modulação”, explica Marília Turíbio.
A arquiteta Simone Turíbio explica que também foi levada em consideração a facilidade de transporte, instalação e sustentabilidade. “A Adega Cacho é um produto versátil, que se adapta à realidade das pessoas”, ressalta. O tamanho compacto permite o uso em espaços reduzidos e coleções pequenas de vinho. A simplicidade de fabricação e instalação torna o produto acessível, ajudando a difundir a cultura do vinho. Os criadores estão felizes com o reconhecimento e esperam que isso agregue mais perspectivas e conquistas para a carreira deles.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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