Na maioria das vezes, o aparecimento de cabelos brancos causa apenas uma preocupação estética. Mas, quando o embranquecimento das madeixas ocorre de forma precoce, a chamada canície capilar, o sintoma pode ser causado por uma alteração genética, mas também consequência de alguma patologia. A dermatologista Sayuri Yuge, especializada em tricologia, afirma que o processo de embranquecimento dos fios é natural e varia conforme a genética de cada pessoa.
“Cada um vai apresentar esse processo em uma determinada idade. Mas o que a gente espera é a partir dos 40 anos. Em média, é por volta desse período que os fios começam a ficar brancos”, detalha. Ela esclarece que a coloração dos cabelos depende do pigmento chamado melanina. “Os melanócitos, células que ficam localizadas na raiz do cabelo, são os responsáveis pela produção da melanina. Os cabelos brancos ocorrem, pois, quando envelhecemos, os melanócitos também envelhecem e começam a perder a capacidade de produzir esse pigmento.”
Quem apresenta fios brancos antes dos 30 anos pode portar um problema genético, como Sayuri explica: “Provavelmente, essas pessoas têm alteração no gene que é responsável por regular a produção de melanina, fazendo com que os grisalhos apareçam mais cedo”, explica a médica.
A idade em que os fios brancos despontam no couro cabeludo também pode variar de acordo com a etnia. “Os caucasianos costumam ter cabelos brancos na terceira década de vida; os asiáticos, no final da terceira; já os afrodescendentes, em torno da quarta década”, aponta a dermatologista Mariana Cesetti.
As principais causas
Vitiligo — A doença autoimune caracteriza-se pela perda da coloração da pele e, em alguns casos dos cabelos.
Albinismo — Consiste em ausência congênita, total ou parcial, de pigmento da pele, cabelos e olhos.
Piebaldismo — Doença congênita em que o paciente apresenta uma mecha frontal de cabelos brancos associada a uma área acrômica triangular na testa. “Ela pode estar associada à surdez e a síndromes genéticas”, detalha a dermatologista Mariana Cesetti.
A ação dos radicais livre
Os radicais livres são substâncias que se formam dentro das células e atuam no envelhecimento de todo o organismo. “Quando ocorre um aumento de radicais livres no cabelo, o primeiro sinal que aparece é a perda da cor. Essas substâncias vão destruindo as células que produzem a cor até o momento em que o cabelo fica branco. Caso a exposição a radicais livres não seja controlada, o problema pode progredir até chegar o momento em que o cabelo também perde volume”, explica Mariana Cesetti.
E o estresse?
O estresse é outro fator que pode estar interligado com os cabelos brancos precoces. Mariana Cesetti notou um aumento de queixas de pacientes sobre maior incidência de fios brancos e de queda de cabelos durante a pandemia. “O estresse é uma das causas de aumento de radicais livres em todo o organismo, inclusive nos cabelos. Isso causa agressão às células que fazem a melanina e, como consequência, ocorre um aumento dos fios brancos”, diz.
A dermatologista Sayuri Yuge concorda que há várias pesquisas relacionando o estresse com o envelhecimento: “O aparecimento de fios brancos está relacionado com o estresse oxidativo, que é resultado de um desequilíbrio entre os radicais livres e os antioxidantes do corpo, causando envelhecimento precoce e uma série de doenças”. De acordo com ela, a alopecia areata, que é marcada por quedas de cabelo repentinas, também pode desencadear o problema. “Os fios brancos podem ser desencadeados pelo aparecimento de doenças, uso de medicamentos ou estresse muito grande do corpo”, conclui.
Como cuidar do branco?
Como não há medicações efetivas para prevenir os cabelos brancos, Mariana recomenda que os fatores de risco sejam controlados para que não haja aumento de radicais livres, substâncias responsáveis pelo envelhecimento da pele. “Radiação ultravioleta, poluição, estresse emocional, doenças inflamatórias e tabagismo podem ajudar a acelerar o envelhecimento dos fios. No entanto, a rapidez com que esses fios aparecem é determinado geneticamente.”
Os fios brancos possuem uma estrutura diferente, mais porosa, o que o tornam mais quebradiços e frágeis. Por isso, é importante que certos cuidados sejam tomados para garantir a saúde dos grisalhos. “Quem tem cabelo branco geralmente se queixa que os fios vão ficando amarelados. Existem xampus próprios para cabelos grisalhos, pois tiram o amarelado do fio”, indica a dermatologista Sayuri. A profissional orienta ainda que se capriche na hidratação dos fios por meio da utilização regular de condicionadores e máscaras capilares.
Palavra do especialista
Os fios brancos podem ser arrancados?
Geralmente, a orientação é que nenhum fio seja arrancado. É mito o que as pessoas costumam dizer: “Se tirar um fio branco vai nascer quatro ou sete”. Mas o ideal é que nenhum seja arrancado, porque esse ato pode enfraquecer a raiz do cabelo e gerar problemas no futuro.
Existe algum produto que pode disfarçar os cabelos brancos?
Existem três tipos de tintura que podem ajudar a disfarçar os fios brancos. Quando a pessoa tem menos de 30% de cabelos brancos, só uns fiozinhos, pode usar um xampu tonalizante, que forma uma espécie de capinha no fio. O problema dele é que, quando você vai lavando o cabelo, a cor vai desbotando. Eles tendem a durar até 20 lavagens. Então, o ideal é que seja usado por quem não tem o hábito ou a necessidade de lavar o cabelo todo o dia. Também tem a tinta permanente, que pinta todo o cabelo até a raiz, recomendada para quem tem mais de 30% de fios brancos. E por último, existem alguns truques, como o uso de uma tinta em spray ou uma que é em bastão e parece um batom. Elas podem ser usadas para disfarçar os fiozinhos brancos, porque, às vezes, a pessoa não tem tempo de ir ao salão.
Para quem tem fios brancos, é necessário ter mais cuidado com procedimentos químicos no cabelo?
Sim. Para quem tem cabelo branco, não é recomendado que procedimentos químicos, como cachos, luzes e alisamentos, sejam feitos, pois como o fio é mais delicado, fino e quebradiço, a química pode ser mais danosa.
Sayuri Yuge é dermatologista especializada em tricologia
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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