Dependendo da localização em que se encontrem, os pelos têm diferentes funções. Os fios de cabelo, por exemplo, funcionam como uma barreira protetora contra os raios solares e os dias frios. Os cílios, as sobrancelhas e os pelos das narinas cumprem papel tão fundamental, que não devem ser retirados. Em algumas áreas, como virilha, buço e axilas, convencionou-se que apenas as mulheres devem retirá-los. Mas um movimento que tem ganhado força nas redes sociais e ecoado nas vozes de celebridades defende que elas têm o direito de manter os pelos como bem entendem.
A não depilação dessas áreas, porém, ainda gera muita polêmica. Para muitos, o primeiro pensamento que vem à mente ao ver pelos em mulheres é a falta de higiene ou a sensação de sujeira. Atrizes como Bruna Linzmeyer e Jessica Ellen já sofreram críticas e, em postagens nas redes sociais, responderam que a depilação é uma imposição estética. O protesto delas ecoa em muitas mulheres, que não só concordam como lutam contra a imposição.
Perfis no Instagram, como @Mulheresadultastempelos, com mais de 24 mil seguidores, divulgam a ideia de que é natural ter pelos e eles não são nojentos. “Não é questão de higiene, é uma convenção social. Foi designado pela sociedade que a mulher não poderia ter pelos no rosto ou nas axilas, por exemplo. As pessoas se cobram muito mais de uma maneira estética. Não retirá-lo não causa problemas de saúde”, garante a dermatologista Fernanda Porphirio, especialista em estética.
O movimento é internacional. Madonna, Beyoncé, Miley Cyrus, Penelope Cruz, Julia Roberts são algumas das artistas que aderiram a não depilação. Influenciadoras, como Joanna Kenny e Nova Galaxia, entraram na onda e fizeram postagens sobre o assunto.
Evolução e higiene
A dermatologista faz um retrospecto histórico. “Com o passar dos anos, o ser humano foi perdendo uma quantidade grande de pelos, mas, no início, eles tinham uma função de termorregulação, principalmente no inverno.” Fernanda Porphirio reforça, porém, que, em algumas regiões, a barreira protetora ainda se faz necessária. “Os cílios evitam que entrem ciscos nos olhos ou qualquer outro tipo de partícula que possa incomodar. O pelo das narinas ajuda a filtrar as impurezas do ar e as sobrancelhas não deixam o suor escorrer para os olhos.”
Os pelos em si não têm mau cheiro. Em algumas regiões, porém, por ficarem abafados, há a facilidade de proliferação de fungos e bactérias, principalmente em áreas úmidas, como as partes íntimas e as axilas. “Essa proliferação entra em contato com o suor, e isso pode gerar o odor, mas ele não vem do pelo. Aparar os fios dessas regiões pode facilitar a limpeza, mas não é nada obrigatório. Na maioria dos casos, o banho diário já elimina o suor, que é a real fonte do mau cheiro”, enfatiza o dermatologista Daniel Cassiano, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Roberta Padovan, médica e pós-graduada em dermatologia, ressalta que o pelo tem a função de diminuir as assaduras na região da virilha, porém, hoje, o costume é retirá-lo. “Tudo está relacionado à higiene, mas conseguimos ter uma limpeza adequada das partes íntimas mesmo com pelos”, observa.
Retirada adequada
* Em áreas mais propensas a foliculite, o ideal é que você não arranque o pelo, mas que apare ou faça depilação a laser.
* Existem também os locais em que os fios não devem ser retirados, como no caso dos cílios e dos pelos das narinas e dos ouvidos — pode aparar, mas não devem ser retirados por completo.
* Na hora de depilar, o ideal é que você tenha todo o cuidado para que a lâmina não machuque a pele. Dica: umedeça com água morna, utilize sabonete ou uma loção de barbear, se for o caso de fazer a barba, e sempre troque a lâmina.
* Em relação às ceras, evite que esteja muito quente para não queimar a pele. Também tome cuidado com componentes que possam causar alergias, tanto na cera fria quanto na quente.
* Se você quer uma remoção mais prolongada dos pelos, eles podem ser retirados com uma depilação a laser, que é superindicada em áreas que têm muita foliculite, como axila, virilha e barba.
Fontes: dermatologistas Fernanda Porphirio e Daniel Cassiano
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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