Assim como um dia romântico entre humanos requer preparação, o mesmo acontece entre os animais. Claro que não do mesmo jeito, mas os pets também precisam de alguns cuidados especiais antes de cruzarem com o parceiro ou a parceira ideal. A Revista conversou com especialistas para explicar como os donos devem agir para melhor atender aos seus bichinhos e como saberem se os pets estão ou não prontos para procriar.
A médica veterinária Nayara Gabriel (@nay_gabriel) conta que é importante os dois animais darem match entre si, ou seja, por meio de uma avaliação física. Os bichos precisam ter a mesma raça e porte, serem saudáveis, sem doenças que possam ser congênitas ou transmitidas do macho para a fêmea. Existem, inclusive, alguns aplicativos para smartphones que simulam uma espécie de Tinder, o aplicativo de relacionamento, só que para animais. Porém, é preciso ter cuidado: “Acho mais interessante pedir orientação sempre para especialistas da área para escolher o parceiro”, recomenda a profissional. “O ideal é que, independentemente de onde ou como seja, o processo seja acompanhado por um veterinário”, pontua.
A aposentada Josicelia do Nascimento é dona da Suzie, uma chow-chow de 3 anos. Ela conta que a cadela, um dia, por ser muito esperta, conseguiu abrir o canil do outro cachorro da família, Ozzy, um labrador. Não deu outra: os dois apaixonados cruzaram e tiveram três filhotinhos. “Como moramos em chácara e tenho uma filha que está quase se formando em medicina veterinária, estávamos bem atentos e já com todas as providências para o nascimento dos filhotes e a recuperação de Suzie”, conta Josicelia.
Depois, em uma segunda gestação, outros três filhotes vieram, mas um deles, infelizmente, não sobreviveu. Quatro cachorrinhos foram adotados por amigos e outros membros da família, mas a cadelinha Chanel foi a que conquistou os corações de Josicelia e das duas filhas. “É o nosso xodó, nosso bebê gigante, que alegra todos”, afirma.
Preservação de raças
Segundo o médico veterinário comportamental Luís Olívio (@vetolivio), o tempo correto para os animais iniciarem o acasalamento é quando eles atingem a maturidade, ou seja, quando seus corpos estão formados e entraram na fase adulta. “A partir dos 2 anos de idade, é possível ter uma segurança maior que o pet está com o organismo preparado para a fase de procriar”, explica. “Antes de se decidir pelo cruzamento dos animais de estimação, é importante avaliar todo o histórico de saúde física e mental, pois a carga genética, tanto do pai quanto da mãe, passará para os filhotes. Por isso, se os cães apresentam problemas de saúde física ou temperamento indesejado, a procriação não é indicada”, alerta o profissional.
Olívio também dá algumas recomendações para a preparação dos bichinhos antes do acasalamento: alimentação de qualidade, atividades físicas, mentais e sociais e descanso. Além disso, segundo o veterinário, não é indicado cruzar animais de raças diferentes e que não tenham pedigree.
“O pedigree nos mostra todo o histórico ancestral do cão e nos garante a pureza da sua genética. Normalmente, a maioria das pessoas não compreende a importância do estudo de raça para ser feita a procriação dos cães. Cada raça tem sua função e, por isso, os cães foram extremamente bem-aceitos na sociedade. Já os cachorros sem raça definida não possuem essas análises e, com isso, suas características não são bem compreendidas”, completa.
O adestrador Fernando Vicente, 43 anos, optou por cruzar a cadela Teca, uma border collie, com um macho da mesma raça. Antes do cruzamento, ela passou por exames de sangue e displasia, para checar se algo poderia impedir, geneticamente, a procriação. O parceiro de Teca também foi cuidadosamente pré-selecionado, para que todos os filhotes viessem saudáveis. “Após acompanhar o ciclo do cio, fizemos a aproximação entre os dois e o processo foi bem tranquilo. A preocupação, depois, disso era manter a cachorra saudável, para que suportasse a gestação e a amamentação de forma segura”, lembra o dono.
E os felinos?
A médica veterinária Eliana de Farias, especialista em neonatologia e pediatria, explica que, no caso dos gatos, o recomendado é que as fêmeas procriem após o terceiro cio — ou com 2 anos de idade. Machos a partir de 1 ano e meio já estão completamente desenvolvidos. “Antes do acasalamento, devemos fazer alguns exames de sangue para certificarmos de que o animal está saudável. Neste período, devemos colocar, também, a vacinação e a vermifugação do casal em dia, a fim de garantir que não haja transmissão de doenças entre eles e para a futura ninhada”, pontua a profissional.
Eliana afirma que, durante a gestação, é necessário fazer acompanhamento gestacional com neonatologista ou clínico geral para orientação dietética e avaliação de saúde materna. No pós-parto, é necessário cuidado constante com a dieta da mãe para evitar desequilíbrios nutricionais ou eletrolíticos, mas, principalmente, para garantir cuidados nos primeiros dias e evitar a morte neonatal.
“Para gestação e parto seguros, é importantíssimo procurar um profissional capacitado para acompanhamento, mesmo que seja parto natural domiciliar. Cesáreas agendadas, partos sem assistência veterinária e falta de cuidado neonatal têm grande percentual de mortes neonatal e materna”, alerta a médica veterinária. “Na dúvida, procure um especialista para saber todos os cuidados e fazer o planejamento financeiro adequado. A reprodução deve ser feita com responsabilidade e respeito à vida dos animais”, completa.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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