As grávidas passam pelas mais diversas mudanças hormonais. Por conta disso, são propensas a sofrer com o surgimento de estrias e celulites. Cerca de 90% das gestantes têm estrias, surgidas a partir do terceiro trimestre de gravidez. O aparecimento das marcas indesejáveis levam grande ansiedade e sofrimento para muitas mulheres, impactando negativamente na autoestima e imagem corporal delas.
As estrias aparecem como linhas vermelhas ou rosadas, discretamente, que evoluem, gradualmente, para linhas brancas, finas, largas ou enrugadas. Elas podem surgir no abdômen, nas mamas, coxas ou nádegas. Histórico familiar, aumento de peso excessivo e gestação de bebês com peso maior são alguns dos fatores de risco.
Segundo a médica Ana Maria Pinheiro, dermatologista do Hospital DF Star, da Rede D’Or, as estrias estão relacionadas a três fatores: genético, hormonal e o aumento de estresse no tecido de sustentação da pele. Mas alguns estudos mostram que o fator hormonal é o preponderante.
Já a celulite é uma condição multifatorial, que ocorre pela combinação de vários fatores desencadeadores — alterações estruturais, bioquímicas, metabólicas, inflamatórias e morfológicas. “Não existe uma explicação única determinada para a causa ou o mecanismo de ação da celulite”, explica a dermatologista.
Anne Lima, tecnóloga em estética e proprietária do Anne Lima Estética, explica que as celulites são depósitos de gorduras sobre a pele. “Ela é caracterizada pelos aspectos ondulados, que muitas pessoas chamam até de cascas de laranja. E elas podem acometer praticamente todas as áreas do corpo.”
As celulites surgem, principalmente, em braços, costas, flancos, abdômen, coxa e papada. Anne destaca que a celulite pode até causar dor. “Ela incomoda, porque está na parte superficial da pele. Por ser uma gordurinha inflamada, a gente realmente sente dor.”
A esteticista destaca que a celulite tem ligação direta com a alimentação e afeta, sobretudo, mulheres brancas. Quem toma anticoncepcionais ou corticoides e consome muita fritura, doces e bebidas gasosas têm mais tendência a desenvolver os furinhos. Além disso, a principal causa são fatores da hereditariedade.
A celulite pode aparecer ou mesmo se intensificar durante a gravidez, mas alguns fatores são transitórios — hormonais ou da microcirculação. Assim, podem regredir após o parto.
Como tratar as estrias?
Ana Maria Pinheiro alerta que as grávidas não devem fazer nenhum procedimento durante o período de gestação, apenas tratamentos de prevenção. Ela recomenda o uso de óleos e cremes. “Parecem ter efeito pequeno, mas se associados a medidas como manutenção do peso podem ser a medida mais eficaz para evitar o aparecimento delas”, destaca a dermatologista.
Os óleos vegetais, como de coco, de amêndoas, de oliva, de semente de uva, da erva medicinal centelha asiática, o ácido hialurônico e a vitamina E são os mais seguros para o uso na gravidez. “A recomendação, mesmo sem muita evidência científica, é que eles mantêm a integridade da barreira cutânea e podem ter algum efeito na prevenção.”
Evite o surgimento de celulites
Para evitar o aparecimento das celulites, Anne Lima recomenda que a gestante siga uma boa alimentação durante todo o período da gravidez e mantenha a pele e o corpo sempre bem hidratados. “Se a grávida ainda conseguir fazer uma atividade física, vai ajudar a diminuir a celulite”, conta.
Ela destaca que é necessário tomar cuidado com a celulite pós-gestação, porque, no ganho de peso desse período, há acúmulo de toxinas. Então, “as gordurinhas” ficam acumuladas. Para reduzi-las, são necessárias massagens para drená-las. “São líquidos que precisam ser eliminados.”
Por fim, a esteticista destaca que a drenagem linfática é indicada para gestantes que passaram do primeiro trimestre. Mas destaca que só pode ser feita com autorização médica. “Nós, esteticistas, só fazemos qualquer procedimento em gestante se ela levar o laudo do médico nos orientando sobre o que ele quer que faça”, explica.
Já para o tratamento após o parto, a médica dermatologista inclui o uso de cremes que levem a lipólise e ativação da microcirculação. Também é possível o tratamento com cremes que tenham essa intenção, como à base de cafeína, retinol, ginkgo biloba e centelha asiática.
A pedagoga Keli Lima da Costa, 31 anos, está grávida de quatro meses. Desde o início da gestação, diz ter notado muitas mudanças no corpo, como alargamento do quadril, aumento dos seios e dor no ciático. E começou a perceber celulites, principalmente nas coxas e na cintura. “Já as estrias aumentaram na região dos glúteos e na parte inferior das coxas”, relata.
Keli conta que o incômodo não é tão grande porque ela já tinha um pouco de estrias nos glúteos, então só tem tentado lidar com o aparecimento das celulites, que é algo novo. “Para evitar o surgimento de estrias, passo óleo de amêndoas diariamente e bebo mais água para buscar hidratar a pele. Além de ter cortado alimentos industrializados”, afirma.
Como essa é a primeira gestação da Keli, ela sabe que as mudanças podem assustar. Mas afirma que o processo vale muito a pena, pois carregar um filho é algo único. E aconselha a outras futuras mamães: “Não se sinta oprimida por surgirem estrias e outras marcas que fazem parte desse processo. E, principalmente, se ame e se aceite”.
Fique atenta!
“Se você faz parte do grupo de risco, controle seu peso e o peso do seu bebê, use cremes emolientes com óleos vegetais e, após o parto, procure um dermatologista para tratar com ácido retinoico, lasers ablativos, microagulhamento e/ou peelings”, recomenda Ana Maria Pinheiro.
Além disso, diminua a ingestão de produtos com excesso de sal, para evitar o microedema dos vasos sanguíneos e linfáticos.
Massagens e atividade física regular contribuem na ativação da microcirculação. “Algumas técnicas invasivas podem ser realizadas durante a lactação, mas deve haver uma avaliação de cada caso para a indicação da técnica”, ressalta a dermatologista.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
Com quatro meses de gestação, Keli observa as mudanças no corpo, mas se cuida para levá-las numa boa
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