A arquitetura moderna prioriza a racionalidade, com predominância de formas simples e geométricas, plantas e fachadas livres, além dos característicos pilotis, sistema de colunas que elevam o prédio do chão, permitindo o trânsito no pavimento térreo. Entre os representantes desse movimento artístico estão Le Corbusier, precursor do modernismo arquitetônico; Lucio Costa, idealizador do projeto do Plano Piloto; e Oscar Niemeyer, criador das mais diversas obras que caracterizam a capital.
Segundo o arquiteto Gabriel Daher, para quem cresceu e se formou em Brasília, é praticamente impossível imaginar arquitetura sem uma grande influência da cidade. “Um desenho urbano tão forte e edifícios tão marcantes são, sem dúvida, contributos importantes para minha formação. Brasília direcionou o meu modo de ver o espaço e acredito que isso se torna perceptível nos meus projetos e nas minhas obras”, diz.
No Brasil, o modernismo se deu de maneira mais expressiva entre 1930 e 1950, influenciado pela Semana de Arte Moderna de 1922. Especialistas dizem que o fator que diferenciou o movimento por aqui foi que os principais arquitetos da vertente artística buscavam, além de tudo, a expressão da identidade nacional e a adaptação das características modernas à nossa cultura, clima e materiais disponíveis.
Utopia construída
No escritório Bloco Arquitetos, o modernismo é o maior estímulo para a criação de novos projetos funcionais e inovadores. Nas construções divulgadas no Instagram (@bloco_arq) da empresa, é impossível não reconhecer Brasília em cada detalhe. “Procuramos entender as obras da capital e aprender com elas, adaptando alguns destes princípios às novas demandas das pessoas. Cada projeto desenvolvido no escritório é encarado como uma oportunidade de melhorar nossa cidade, por menor que ele seja”, explica Henrique Coutinho, sócio-diretor do Bloco Arquitetos.
Para ele, Brasília é a maior expressão da arquitetura moderna brasileira, e alguns historiadores afirmam, inclusive, que seu desenho insinua caminhos possíveis para além dos ideários funcionalistas e racionalistas de algumas correntes da arquitetura moderna, uma vez que a forma da cidade também aborda fortemente o caráter simbólico que a arquitetura pode ter.
“Lucio Costa não fazia apenas o projeto de uma cidade moderna, mas, sim, de uma capital moderna, com tudo que ela poderia representar para o país”, declara Henrique. “Vemos Brasília como o testemunho construído de uma utopia, que ainda pode influenciar na construção de arquiteturas e cidades futuras”, completa.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte