Muitos tutores podem ficar preocupados quando percebem que a barriga do pet está inchada ou maior que o normal. “Esse é um sinal clínico que pode indicar desde um problema simples, como uma verminose, que pode ser resolvido com um vermífugo, até um caso de urgência, como torção gástrica, piometra (infecção do útero) ou obstrução intestinal”, explica a veterinária Aparecida Regina Ferreira Santos.
Um bicho com a barriga grande ou inchada nunca é um bom sinal. “Pode ser também devido a formação de tumores (benignos ou malignos). Outras possíveis causas para essa anomalia são obstrução do aparelho digestivo por um corpo estranho, quando o pet come algo indevido, problemas hepáticos e cardíacos, além de ascite (líquido no abdômen)”, enfatiza o médico veterinário comportamental Luís Olivio.
A orientação dos profissionais é observar o animal, pois um aumento de volume na região abdominal é apenas a manifestação de um sinal clínico. “Isso indica ele está com algum problema de saúde, mas não diz qual é”, justifica Aparecida. Portanto, a procura por um veterinário se faz urgente, para que o profissional investigar o problema. “Para a prevenção de algumas dessas doenças, é preciso manter o vermífugo em dia, oferecer alimentação de qualidade, sempre manter a água fresca e limpa.”
A veterinária faz, ainda, um alerta aos tutores. “Evite deixar objetos que o animal possa ingerir. E o mais importante: sempre fazer o checape com o médico veterinário.”
Para Luís Olivio, o acompanhamento é de extrema importância para a condução do caso, pois é necessária a realização de exames físicos, de imagens e laboratoriais para fazer o fechamento do diagnóstico e desenvolver uma terapia para o paciente. “O tratamento caseiro pode levar a complicações do quadro e até à morte do pet.” Ele cita alguns sintomas perigosos: dificuldade respiratória, cansaço, alteração na coloração das mucosas, falta de apetite, tosse, vômito, anemia e desmaios.
Além de todos os cuidados já ressaltados, Luís Olívio adverte os tutores a evitarem fazer brincadeiras agitadas depois de o cão se alimentar, pois pode favorecer uma torção gástrica — problema que exige cirurgia imediata, pois o cachorro pode morrer em poucas horas. “O objetivo dessa cirurgia é retornar o estômago à sua posição original para que o órgão possa voltar a funcionar.”
E o veterinário completa: “Caso perceba que o cão está se cansando muito fácil nos passeios e/ou apresentando tosse, procure um veterinário para avaliar possíveis problemas cardiológicos”.
Vômitos e inchaços
A cirurgiã dentista Ana Luiza Camargo, 29 anos, tem uma jack russell terrier de 2 anos, chamada Uly. Ela observou que, por várias vezes, após a cadelinha fazer as refeições, ficava com a barriga inchada e tinha diarreia — episódios que ficaram recorrentes. “Chegava a durar o dia inteiro sem nenhuma melhora. Procurei, então, um atendimento veterinário. De acordo com exame físico, de sangue e de imagem, tivemos o diagnóstico de intolerância alimentar. Foi necessário passar pela transição da ração que ela usava para uma hipoalergênica”, diz.
Após um período de acompanhamento, houve uma melhora significativa dos sintomas. “Hoje, Uly se alimenta exclusivamente de ração hipoalergênica, sem nenhum tipo de petisco ou ossinho de origem animal. Além de fazer uso de comedouros lentos, com porções de ração fracionadas ao longo dia. O que tem contribuído para uma boa digestão”, conta.
Malu, a golden retriever da empresária Nathália Lopes, 31 anos, começou a ter episódios de vômito e de regurgitação em junho do ano passado. “Entrei em contato com uma veterinária e, após uma endoscopia, descobrimos verme no esôfago. Foi sugerido um protocolo com remédio via oral durante cinco meses”, conta.
Nathália conta que havia dois nódulos no esôfago, que estava 50% comprometido. “Malu tinha o Spirocerca Lupi”, diz. Trata-se de um parasita nematoide de cães que se aloja na parede esofágica, liberando ovos no lúmen do esôfago, os quais se disseminam pelo trato gastrointestinal e, posteriormente, são eliminados nas fezes.
Segundo o veterinário Pedro Ilha, esse verme não é tão comum em Brasília. “Poucos casos são diagnosticados aqui, pois muitos morrem antes. O cão ou gato podem comer o besouro rola-bosta (que se alimenta de fezes) ou um animal infectado pelo parasita, como um pássaro e se contaminar”, afirma. “O tratamento é feito a partir de remédios antiparasitários.”
Segundo Natália, depois de meses de tratamento, foram feitos novos exames. E o resultado não poderia ter sido melhor: o médico veterinário não visualizou nada no esôfago, nem os nódulos e nem edema. “Eu me emocionei e vi que tinha acontecido um milagre! Malu se livrou do verme.”
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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