A pandemia causada pelo coronavírus tem provocado mudanças significativas, não apenas no nosso dia a dia, mas também no modo como organizamos nossos espaços. Higienizar sapatos, máscaras e compras ao chegar em casa é um hábito da maioria das pessoas que se preocupam com a saúde de si mesmas e de suas famílias. Diante desse cenário, a arquitetura e o design se adaptaram às novas demandas que surgiram, repensando os ambientes para que se tornem práticos, seguros e funcionais.
Os chamados “cantinhos da higienização” são lugares especiais dentro dos lares, dedicados para a limpeza das mãos, alimentos e para deixar os sapatos que serão higienizados antes de serem guardados novamente. “Esses espaços surgiram na pandemia, mas acredito que vieram para ficar”, pontua a arquiteta e urbanista Anna Paula Melo, que planejou ambientes exclusivamente para atender às necessidades da pandemia.
Os apartamentos do empreendimento Reserva Planalto, por exemplo, decorados pela profissional, foram pensados já com o espaço da higienização incluso. “Podemos dividi-lo em duas áreas: social e de serviço. O social fica no hall de entrada para higienização de mãos e troca de sapatos. No outro, de serviço, também se pode higienizar mãos e retirar os sapatos sujos, mas o forte deste local será a limpeza das compras. Dessa forma, os produtos já serão guardados limpos, diminuindo o risco de contaminação”, explica Anna Paula.
“O ano de 2020 foi de muito aprendizado e alguns deles, com certeza, serão incorporados ao nosso dia a dia. Por isso, resolvemos criar esse novo ambiente, que será de extrema importância para os cuidados de limpeza com o que entra em nossos lares”, completa a arquiteta.
Apetrechos
E para quem deseja criar um cantinho da higienização em sua própria casa, de forma eficiente e sem gastar muito, também é possível usar a criatividade para reinventar a decoração. A designer de interiores Pâmela Corrêa explica que é possível fazer adaptações com o que se tem na residência: “Agora que estamos nesta condição que nos força estar mais dentro de casa, é mais fácil ainda conseguir perceber a nossa relação com os ambientes do lar e nossos apetrechos cotidianos. Um lema que sigo no meu trabalho e que é bem adequado para esse período de pandemia é usar os recursos disponíveis com criatividade”, comenta a especialista.
Pâmela também é professora da Universidade de Brasília (UnB) e orientou um trabalho com os alunos cuja proposta foi Como o design pode contribuir numa situação de crise sanitária?. Um dos projetos iniciados pelos alunos foi justamente para os espaços de transição: uma sapateira com lâmpadas UV-C.
Segundo a professora, o primeiro passo para criar o seu próprio cantinho é entender como funciona a dinâmica das passagens e as possibilidades de ajustes. Não há uma receita perfeita, uma vez que cada casa possui suas peculiaridades.
“O ideal é que o cantinho da higienização esteja na entrada. Caso tenha apenas uma porta, o espaço a ser adaptado é o hall de entrada. Se não houver o hall e o espaço for pequeno, talvez esse cantinho deva ser dividido entre o externo e o interno. Por exemplo, os sapatos ficam do lado de fora em uma sapateira e as roupas podem ser colocadas em um cesto, bem próximo à porta”, recomenda.
“Para a delimitação do espaço, podem ser usados biombos, móveis baixos, cortinas de fitas ou até mesmo fita crepe, durex colorido e fita isolante no piso. “Aproveitem e descubram possibilidades de experimentar e fazer design espontâneo, ou seja, encontrar soluções usando o que se tem em mãos”, completa a profissional.
Dicas para você
A designer de interiores Pâmela Côrrea sugere um “starter pack” para quem deseja começar a produzir o seu próprio cantinho:
- Um tapete sanitizante no exterior e outro para secar no interior;
- Uma sapateira ou banco para deixar os sapatos, um pufe, uma cadeira ou banquinho para sentar e tirar os sapatos;
- Um cesto para roupas;
- Um móvel de apoio para deixar o álcool e outros desinfetantes acessíveis, além de servir também como um espaço para colocar qualquer apetrecho, como chaves, celular, carteira ou compras;
- Se possível, ganchos de parede ou cabideiro para pendurar bolsas e sacolas, evitando sempre o chão.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira