As doenças raras são aquelas que afetam um grupo de 65 pessoas a cada 100 mil indivíduos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem cerca de oito mil doenças raras na literatura médica e cerca de 80% delas são causadas por fatores genéticos e os outros 20% são de causas ambientais, infecciosas e imunológicas.
Jefferson Becker, diretor-presidente do Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e Doenças Neuroimunológicas (BCTRIMS) explica que não existe um padrão para que essas doenças surjam. Mas, a maioria é de base genética. “Tem várias outras doenças autoimunes como a esclerose múltipla, degenerativas como esclerosis lateral amiotrófica, que tem uma série de variações. Não é possível classificar como um tipo de doença apenas”, conta o diretor-presidente.
Não existe um padrão, depende do tipo de doença em específico que o paciente tem. “Existem doenças cardiovasculares, respiratórias, neurológicas pura, então depende muito”, explica.
Além disso, as doenças raras possuem uma série de variações. Existem doenças que vão ser bem mais graves do que outras com prevalência de cinco por 100 mil habitantes, o que é muito mais raro. “É um tipo de doença que todos os pacientes vão vir a óbito por conta dela. Pode morrer de outra coisa antes, mas a chance maior é que ele morra em média de três anos e meio depois do início da doença e por complicações da mesma”, afirma Jefferson Becker.
Ele conta que, por outro lado, tem gente que pode ter uma vida próxima ao normal e morrer de outra coisa dezenas de anos depois.
O tratamento dessas patologias vai depender da causa. Jefferson conta que isso é um aspecto muito grande que envolve todas as especialidades médicas. “A gente vai ter causas diferentes, doenças raras de causa genética, o que é mais comum, doenças raras de causas degenerativas, inflamatórias, infecciosas, tudo vai variar”, explica.
De acordo com o médico, se for algo infeccioso, será necessário um tratamento à base de antibióticos. Já se for de base inflamatória, o uso de imunossupressores no geral para que diminua a imunidade e faça com que o organismo pare de agredir a si mesmo é necessário.
Agora, se for uma doença degenerativa e genética, não existem tratamentos específicos. “Pode acontecer do paciente ter uma deficiência de uma enzima e por falta dessa enzima ele não consiga degradar uma substância e aquilo vai acumulando. Isso vai causar danos em determinados tecidos, como cérebro, osso, fígado, coração e a retina”, explica.
Se tiver alguma suspeita de uma doença rara, é importante buscar atendimento especializado. Em ambulatórios específicos de genética, principalmente porque muitas das doenças têm uma causa genética, os especialistas em genes são os mais adequados para fazer o diagnóstico.
Causas
Não existem causas específicas, mas essas doenças têm como principal causa fatores genéticos/hereditários. Podem ser classificadas como degenerativas e progressivas.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira