Com a volta da novela Amor de mãe, da Rede Globo, cresce entre os espectadores a curiosidade sobre a nova fase da obra, que teve as gravações interrompidas devido à pandemia do novo coronavírus. Retornando amanhã, a fase inédita da obra promete muita emoção e um final inesperado. Até ontem, foram exibidos capítulos que resumiram o que já aconteceu anteriormente na novela.
Em entrevista coletiva sobre a obra, a autora, Manuela Dias, afirmou que esses primeiros capítulos são uma mistura das personagens contando o que aconteceu e cenas mostrando a retrospectiva: “Condensado, mas tem de tudo. Acho que o público não vai ficar com a sensação de retrospectiva, porque ficou um híbrido de algo que já foi visto e algo que nunca viu. Não só para relembrarem, mas para ressentirem a novela”, disse.
A obra, que ganha destaque pelo realismo, volta ambientada na pandemia. Segundo a autora, foi necessário datar a volta e para isso, ela se baseou no número de mortos pela covid-19: “Seis meses após Thelma (Adriana Esteves) atropelar Rita (Mariana Nunes), coloquei o número de mortos e infectados naquele momento. Tinham nove mil mortos, dá para ver a dimensão da pandemia. O destino dos personagens não focou nisso. A pandemia virou algo para os personagens enfrentarem, para irem atrás dos sonhos, mas não virou uma novela sobre pandemia”.
“Como roteirista, a gente tenta se adaptar a tudo que acontece, muitas coisas da realidade vão se infiltrando desde sempre. A pandemia é mais real, mas não senti a novela sendo atropelada pela pandemia. Não parei de trabalhar nenhum dia, mas agora é tsunami, só remar que a novela já está no ar e não tem a possibilidade de não dar conta. Estará no ar independentemente do que está rolando no processo”, desabafou a autora.
De volta ao set
Para os atores, voltar depois de cinco meses, foi um desafio. Chay Suede, que interpreta o personagem Danilo, fala sobre as dificuldades: “Parecia algo inalcançável, gravar a novela que é sobre toques afetivos. Como realizar isso sem qualidades e os fatores essenciais? Quando voltamos, estavam todos com saudade de trabalhar, de encontrar os amigos, estávamos loucos para se abraçar e não podíamos. Fomos redescobrindo maneiras de se dar carinho e amor dentro e fora da novela”.
Taís Araujo, que interpreta Vitória Amorim, falou sobre a experiência. A atriz, que também protagonizou Amor e sorte, que tratava sobre casais isolados na pandemia, afirmou que as experiências que teve nas duas novelas foram diferentes: “Amor e sorte foi gravada somente em casa e sem ninguém. Os figurinos foram deixados antes para que a gente conseguisse higienizar, a experiência de gravar tudo sozinha foi diferente. Em Amor de mãe, quando fomos ao set, estava perdida e sem saber o que podia ou não fazer. Eu dirigia sempre de máscara, achando que era normal. Então, em uma cena, tive que refazer, porque estava gravando no carro e fiquei de máscara, o que atrapalhou tudo”.
Para Malu Galli, que interpreta Lídia, o elenco precisou mostrar ao público as mesmas emoções, mesmo em situações limitadas: “A gente tinha a missão de trazer toda aquela emoção num ambiente limitado, mas protegido. Estávamos na esperança de voltar, (o processo de retorno se) tornou mais intenso, pois estávamos aprisionados, vivendo em isolamento. Mas quando começou (as gravações), a emoção foi grande”.
O que esperar do final
Adriana Esteves afirmou que o final da novela humanizará sua personagem, Thelma. “Esperava isso, mas me emocionou muito. Não sei se o público vai tratá-la com afeto, eu tratei. Acreditei no final e ele me sensibilizou muito. Desde o primeiro dia, tenho me preparado e preparado essa personagem para o final (da novela). Um momento importante, que eu achava que era a conclusão certa para a personagem e fico feliz por ter demorado para acontecer. Tive um ano para me preparar para esse final”, destacou.
Sem dar muito spoiler sobre o tão aguardado final da novela, Taís Araújo afirmou que imaginava que seria diferente, mas, apesar de ter sido inesperado, gostou bastante de como toda a história acabou. Murilo Benício, que interpreta Raul, afirmou que os espectadores devem estar abertos ao final: “É uma obra aberta, não necessariamente vai chegar o final como havia sido dito”.
O ator ressaltou a lição transmitida pelo seu personagem, ao afirmar que, nos dias atuais, ele poderia ser cancelado por ser machista, mas que está em busca da mudança. “Como seres humanos, a gente pode ir aprendendo. O personagem é um machista que quer se modernizar. Está vivendo os tempos de hoje, se sentindo aflorado e afim de aprender, sem estar com a cabeça fechada”.
“Muita surpresa, cada capítulo uma surpresa. Eu tinha uma ideia macro do que ia acontecer, mas esse caminho para percorrer e chegar ao final me surpreendeu. Manu (Manuela Dias) colocou emoções em todos os lugares. É claro que uma novela precisa estar de acordo com o que o público espera também, mas os caminhos que os personagens percorreram foram ótimos, surpreendentes”, destacou Chay Suede.