Crônica da Revista

Amar ou depender?

Milhões de pessoas no mundo são vítimas de relações amorosas inadequadas. O medo da perda, do abandono e de muitos outros aspectos fazem com que o amor inseguro nos machuque a todo momento

O poeta hindu Rabindranath Tagore escreveu o seguinte relato poético sobre o amor: “Libera-me dos laços de tua doçura, amada! Basta deste vinho de beijos. Esta pesada nuvem de incenso afoga meu coração. Abre as portas, deixa a luz do sol penetrar. Estou perdido em ti, abrigado nas pregas de teus agrados. Libera-me de teu feitiço e devolve-me a virilidade para que eu possa oferecer meu coração liberto” (O jardineiro).

Walter Riso, enveredou-se por esse assunto de forma contundente e suave ao mesmo tempo em seu livro Amar ou depender?

Riso decide mostrar a realidade e diz para não confundirmos o amor com a dependência afetiva, já que a última gera sofrimento e depressão. Milhões de pessoas no mundo são vítimas de relações amorosas inadequadas. O medo da perda, do abandono e de muitos outros aspectos fazem com que o amor inseguro nos machuque a todo momento.

O que os especialistas em mitologia denominam de “demoníaco”, nas grandes batalhas travadas na profundidade da existência humana, é o que esste livro pretende esclarecer. Seguindo tal propósito, na primeira parte, apresenta uma aproximação à dependência afetiva e seus mal-entendidos, assinalando os esquemas centrais de toda dependência afetiva: a pouca capacidade para o sofrimento, a baixa tolerância para a frustração e a ilusão de permanência. Associadas a essas dificuldades, também são apresentadas a vulnerabilidade ao sofrimento, o medo do abandono, a baixa autoestima e os problemas de autoconceito.

Na segunda parte, o livro mostra como promover a independência afetiva e fala da exploração, da autonomia e do sentido da vida. Finalmente, ensina a nos desligarmos dos amores doentios por meio do princípio do realismo afetivo, do autorrespeito e do autocontrole.

O decano da faculdade de psicologia da Universidade de San Buenaventura, Colombia; Enrique León Arbeláez Castaño, escreveu, no prefácio do livro, estas palavras que hoje compartilho com o leitor, num convite à reflexão sobre este tema tão importante em tempos de isolamento pandêmico.

Que as relações intimas possam ser reinventadas de modos mais saudáveis o mais breve possível.