Criada na Escócia, a estampa xadrez tinha a intenção de, por meio da diferenciação dos padrões, identificar os diversos clãs. Após a Segunda Guerra Mundial, foi popularizado na moda e surgiram variações. Geralmente associada ao inverno, neste verão, também tornou-se a bola da vez, especialmente em conjuntinhos.
Os conjuntos, não somente os de xadrez, mas de maneira geral, estão em alta devido à forte tendência do homewear que, com a pandemia, apareceu como uma opção fácil e confortável na hora de montar um look. “Sempre foi fortemente usado nos costumes e nos ternos masculinos e no universo feminino, porque vieram com a influência do tailleur Chanel”, afirma Marcela Moura (@personeimagem), influenciadora digital e consultora de imagem na Persone Imagem.
“O uso dos conjuntinhos tem sido uma febre porque são fáceis, práticos e versáteis”, constata Roze Prado (@rozepradoestiloemkt), designer e social media de moda. De acordo com ela, podem ser usados com outras peças, e principalmente, proporcionam um efeito de alongamento da silhueta.
Marcela acrescenta que o xadrez nunca sai de moda, porque é atemporal. “Nas estações mais frias, sempre ressurge, pois traz uma memória afetiva. Quando olhamos para um xadrez, ele remete a algo.” Para Roze, o vichy, aquele xadrez que lembra toalhas de piquenique e sempre aparece no verão, desde que Brigitte Bardot usou em seu casamento na década de 1950, é um dos mais cotados para permanecer em alta também no inverno 2021. “Deve se perpetuar para o inverno, porém, em tamanhos maiores e com mais contrastes de cores”, aposta.
Como combinar
Roze Prado ensina que é interessante combinar o xadrez com outra peça de cor neutra ou que esteja na mesma paleta de cores. “Use terceiras peças que possam disfarçar um pouco o efeito chamativo da estampa.” Ela acrescenta que mulheres mais ousadas podem usar e abusar da composição de cores, montando looks para as mais diversas ocasiões. “Tudo vai depender do seu estilo. Você pode usar conjuntos, com camisas, com shortinhos e com calças, inclusive, em situações mais formais.”
Para um visual menos chamativo, o tamanho do xadrez é importante. “Se ele for mais discreto, como o príncipe de Gales, que é mais fino, com linhas estreitas, vai bem com cores escuras, como marrom, bege, cinza e marinho”, sugere Marcela Moura.
Se você escolher cores mais neutras, pode usar o xadrez sempre. “Daí a diferença deste ano! O xadrez veio cheio de personalidade, supercolorido e com mistura de tons mais contrastantes”, constata Roze.
Serve para todos os estilos?
Cada estilo tem características que podem ser adaptadas aos tipos de xadrez. O que vai ajudar a inseri-lo dentro dele é a modelagem, são as cores e as combinações. Por exemplo, uma mulher do estilo romântico pode adotar uma saia mais rodada na padronagem vichy com tons pastel e rosados. Essas características juntas fazem com que essa saia seja superusável por esse tipo de mulher.
A estampa, de modo geral, transmite uma imagem mais séria, por ser composta por linhas retas e estar fortemente presente no universo masculino. Hoje, porém, podemos encontrar o xadrez em peças como vestidos e saias em coleções incríveis.
Fontes: Marcela Moura, influenciadora digital e consultora de imagem, e Roze Prado, designer de moda e social media de moda.
Sucesso nas telinhas!
Atualmente, duas séries da Netflix têm personagens que usam muito xadrez: O gambito da rainha, com a personagem Beth Harmon (Anya Taylo-Joy), e Emily em Paris com Emily Cooper (Lily Collins). Em 1995, os conjuntinhos se popularizaram no hoje clássico As patricinhas de Beverly Hills, estrelado por Alicia Silverstone, no papel principal, e Stacey Dash, sua melhor amiga.
Amor pelas retas e quadrados
A psicóloga e influenciadora Anne Brendha, 28 anos, acredita que o xadrez é democrático e também um clássico, que pode ser muito cool por conta da versatilidade. “Sem falar que é possível usar em qualquer estação, não importa se é inverno ou verão.” Para ela, uma peça xadrez pode fazer parte de um look básico e simples, mas pode transformá-la em algo mais sofisticado e poderoso. “Tenho colocado isso em prática.”
A jovem explica que tem duas camisas e um short com a estampa. “Pode parecer pouco, mas essa padronagem é tão eclética, que uma única peça pode ser usada de várias formas.” Para ela, os conjuntinhos xadrez são chiques e refinados. “Com certeza, é um clássico em sua versão atualizada. Amo essa trend.”
Estudante de arquitetura, Andressa Mendes Guedes de Azevedo, 23 anos, é fã da estampa. “Houve um protagonismo muito grande no rock e suas variações (grunge, emocore, gótico), no final dos anos 1990 e começo de 2000, e creio que isso trouxe o xadrez com muita força pra minha geração”, conta.
A jovem diz que foi muito influenciada pelas bandas e cantoras, como Avril Lavigne. “Hoje, o xadrez ultrapassa essas fronteiras e tem muitas variações. O que pode ser aplicado a todos os estilos. A estampa é superversátil e traz muita personalidade para um look”, relata ela. “Os conjuntos, sem dúvida, vieram para ficar.”
Os vários tipo
Há diversas nomenclaturas para denominar os tipos de xadrez. Entre as mais conhecidas está a Burberry — estampa ícone da grife Burberry, que ganhou esse nome pelo reconhecimento da marca. O outro é o príncipe de Gales, basicamente composto por linhas mais finas e discretas.
Segundo Marcela Moura, outro muito famoso é o argyle, formado por losangos e linhas sobrepostas. “Também tem o pied de poule (pé de galinha) e o pied de coq (pé de galo), que são grandes clássicos e foram popularizados por nada menos que Coco Chanel.”
Outro muito popular é o vichy — com tons de vermelho e branco e/ou preto e branco. “É associado a uma toalha de piquenique, que foi inspiração para o buffalo check — um tipo de xadrez no preto e vermelho com quadrados maiores.”
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte