Eles são animais lentos de quatro patas, têm cascos e pescoços grandes. Com essa descrição, logo pensaríamos em tartarugas, certo? Mas existem outros bichos bem parecidos e que vivem em ambientes diversos. Dóceis e amigáveis, os jabutis e cágados até podem ser criados em casa, desde que se obtenha autorização emitida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama).
“Cágados são semiaquáticos, ou seja, passam grande parte da vida dentro da água, mas podem ter um hábito terrestre também”, explica Ricardo Lacort, especializado em animais silvestres e pequenos animais. “Já o jabuti, vive na terra e consegue nadar em pequenas distâncias, mas pode se afogar quando se cansa. As tartarugas marinhas são aquáticas (doce ou salgada)”, acrescenta.
Em resumo, eles fazem parte dos quelônios, ou testudines. Ou seja, são répteis da ordem Chelonia, cujos representantes são as tartarugas marinhas e de água-doce; cágados, que vivem em água-doce e terra; e os jabutis, encontrados em terra firme.
Segundo o veterinário, os cuidados variam de acordo com o bichinho. Para criar um cágado, por exemplo, você precisa de um aquaterrário e ir aumentando à medida que ele cresce. Para o jabuti, é necessário um espaço mais específico ou até um jardim – sempre longe de calor ou frio em excesso. “É claro que é necessário entender que eles crescem e o tamanho do ambiente vai mudar.”
Lacort explica que uma fonte de luz, seja artificial, seja solar, é importante para esses bichinhos, pois eles dependem dela para sobreviver. “Eles não produzem fonte de calor, ou seja, são ectotérmicos. Isso significa que regulam a temperatura interna a partir da externa. Além disso, a luz estimula a síntese de vitaminas e nutrientes”, explica o veterinário.
O especialista observa que se tratam de animais amigáveis e dóceis, mas não têm o mesmo metabolismo de outras espécies, como cães e gatos. “Não é um bichinho que vai correr. Ele é mais lento, mas há demonstrações de afeto.”
Especialista em clínica médica e cirúrgica de animais silvestres e exóticos, Gabriella Terra, 40 anos, convive e cuida desses répteis há anos. “É necessário saber qual espécie está cuidando, como é a alimentação, ou seja, informar-se sobre os detalhes para evitar problemas para ele e para você,” explica a médica veterinária. Jabutis e cágados, segundo ela, são simpáticos, mas necessitam de afeto e responsabilidade.
Gabriella detalha os hábitos alimentares das espécies. “As tartarugas comem peixes minúsculos, plantas e pequenos plânctons.” Diferentemente da tartaruga, o jabuti é bem eclético. “Ele gosta de alimentos mais passados do tempo, ou seja, em decomposição. Mas, em cativeiro, damos rações, frutas e proteínas. Já os cágados podem ser alimentados por peixes de água doce ou rações específicas.”
Responsabilidade e consciência
Segundo a médica veterinária Bruna Palma, infelizmente, ainda existem algumas superstições que envolvem essas espécies. Por exemplo, a de que jabuti pode curar a asma. “Por isso, muitas pessoas adquirem esses animais e os mantêm presos, sem cuidados básicos e essenciais, na tentativa de curar algum ente querido. Ou ainda os adquirem apenas por exibicionismo”, diz a veterinária.
Para ela, é importante que essa cultura chegue ao fim. “As pessoas devem entender que ter um pet é ser responsável por uma vida, independentemente da espécie. É preciso conhecer tudo sobre a espécie antes de adquiri-la e entender que é preciso fornecer todos os itens necessários para o bem-estar dela.”
De olho na legislação
Se você gosta de companheiros diferentes, além de querer aprender como cuidar de uma tartaruga, jabuti ou cágado é preciso estar atento. As famosas tartarugas, por exemplo, são consideradas animais silvestres e, de acordo com o Ibama é crime manter uma tartaruga-marinha em casa.
Porém, isso não significa que você não pode desfrutar da companhia dos quelônios. A legislação brasileira permite a criação de duas espécies em casa, desde que com autorização do Ibama. São elas: jabuti de pés vermelhos ou jabuti-piranga, um simpático animalzinho originário do Brasil, e tartaruga tigre d’água. Pequenas e fofas, são bem conhecidas entre os tutores que preferem os répteis. Porém, não se deixe enganar pelo nome. A tartaruga tigre d’água é, na verdade, uma espécie de cágado.
Fonte: Mariana Pestelli, médica veterinária da Petz.
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Jabutis
São animais onívoros, mas a maior parte de sua alimentação deve se basear em verduras escuras. Em sua maioria, são superamigáveis. Acostumam-se com a rotina e reconhecem as pessoas de maior convívio, podem até mesmo responder a chamados ou seguir o dono pela casa.
Comem, também, legumes e frutas e devem ter uma pequena parte de proteína em sua dieta, como ovo cozido. Além disso, recomenda-se adicionar ração específica para a espécie, para que tenha uma maior variedade nutricional. Precisam de um bebedouro em que possam entrar com o corpo inteiro.
Além de beber a água, esses animais têm uma importante parte de sua hidratação corporal feita pela cloaca (orifício por onde sai suas excretas e órgãos genitais) e, muitas vezes, defecam e urinam no momento do banho.
É preciso certificar-se de que ele tem uma toca quente e que o proteja das alterações climáticas. Caso sejam criados em ambientes internos, é importante lembrar que o espaço onde eles vivem não deve ser de piso liso, para evitar problemas de locomoção.
Cágados
Os cágados possuem hábitos onívoros, com uma maior necessidade de proteína animal. Eles são um pouco mais temperamentais – podem dar pequenas mordidas.
Há rações específicas para a espécie, podendo também ser adicionados outros itens de forma balanceada, com orientação do médico veterinário especialista.
Podem viver tanto em ambientes externos como internos, mas, em ambos, precisam ter livre acesso à água e à área seca. Passam a maior parte do dia dentro da água, onde se alimentam, hidratam-se e também defecam.
Quando criados em áreas externas, muitas vezes, vivem em lagos artificiais, com exposição à luz solar direta, e onde possuem pedras, as quais facilitam sua entrada e saída da água.
Quando criados dentro de casa, vivem em aquaterrários, onde também tem acesso livre à área seca. Assim como os jabutis, possuem necessidades de iluminação específicas para a espécie, além de aquecimento em seu ambiente.
Dentro ou fora de casa, é sempre muito importante manter a água de seu ambiente limpa e de boa qualidade.
Para não deixar passar nenhum detalhe, o ideal é apresentar todo o ambiente do seu pet para o veterinário especializado, evitando, assim, erros de manejo que podem levar a sérios problemas de saúde.
Fonte: Bruna Palma, médica veterinária
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte